Como é a Ferrari 'à prova de polícia' apreendida em investigação do INSS

No início do mês, a Polícia Federal apreendeu supercarros e outros itens de luxo pertencentes a Nelson Willians, investigado por suspeita de participação nas fraudes do INSS.

A garagem de Willians impressionou pela ostentação: havia um Rolls-Royce e uma Ferrari SF90 Stradale, entre outros carros. O esportivo italiano, entretanto, não pôde ser levado do local, tamanho o desafio de manter o veículo em perfeitas condições.

Segundo a revista piauí, a solução foi deixar o veículo com seu dono, em uma mansão de São Paulo (SP).

Relação complexa entre três motores elétricos e um V8 torna delicado qualquer procedimento na SF90
Relação complexa entre três motores elétricos e um V8 torna delicado qualquer procedimento na SF90 Imagem: Divulgação

Por que é 'irrebocável'?

Uma unidade da Ferrari SF90 Stradale custa cerca de R$ 6 milhões. Em diferentes aspectos, o modelo equivale a um carro de Fórmula 1 adaptado para as ruas.

Seu motor V8 4.0 funciona junto a três motores elétricos, totalizando 1.000 cv. O superesportivo vai de zero a 100 km/h em 2,5 segundos, com velocidade máxima de 340 km/h.

Ao contrário de veículos comuns, a SF90 não tem motor de arranque: a partida no V8 é dada pelo motor elétrico central, que fica conectado à transmissão.

Esse motor elétrico é alimentado pelo sistema de alta tensão, justamente o que se recarrega via conexão à tomada. Se houver menos que 5% de carga, o veículo não dá a partida.

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Caso não haja tomada por perto, é necessário transportar o veículo ao ponto de recarga mais próximo. Isso, segundo a revista piauí, motivou a Polícia Federal a não correr o risco de deixar o veículo descarregar sua bateria no pátio de apreensão.

Manual do carro reforça dificuldade dos procedimentos e importância de profissional qualificado
Manual do carro reforça dificuldade dos procedimentos e importância de profissional qualificado Imagem: Reprodução

A Ferrari recomenda que a tomada de carregamento esteja sempre ligada ao carro quando esse não estiver em uso. (...) A não-observância disso pode fazer com que as baterias parem de funcionar corretamente e sofram danos permanentes Manual da Ferrari SF90 Stradale

Também há uma série de regras para que uma Ferrari SF90 Stradale seja transportada sem danos, devido ao arranjo mecânico incomum. O manual do proprietário diz que o veículo só deve ser puxado via cabo em situações excepcionais, como para colocá-lo rapidamente em um caminhão. Caso contrário, ele deve ser levantado com uso de cintas e colocado em uma plataforma.

Como o assoalho do carro tem função aerodinâmica, a fixação das cintas deve ser feita com precisão e "não é facil", diz o manual, que recomenda execução do serviço por oficinas autorizadas.

Além disso, se o reboque ocorrer por falta de energia, deve haver desativação manual do freio de estacionamento. Para isso, é necessário utilizar uma chave Allen especial, conectada via extensor em um pequeno compartimento sob o capô. A chave deve ser girada no sentido anti-horário, em cerca de 90º. Mais uma vez, a Ferrari pede que o serviço seja executado por especialistas.

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340 km/h e de zero a 100 km/h em 2,5 s: modelo tem números de Fórmula 1
340 km/h e de zero a 100 km/h em 2,5 s: modelo tem números de Fórmula 1 Imagem: Divulgação

Que carro é esse?

Lançada em 2019, a Ferrari SF90 Stradale tem carroceria feita em fibra de carbono e alumínio. Além disso, há aerofólios dinâmicos que maximizam a aderência do veículo em altas velocidades.

Como nos Fórmula 1, a Ferrari SF90 utiliza os motores elétricos para prover picos breves de potência — em uma saída de curva ou em retas compridas, por exemplo.

O motor individual em cada roda dianteira também serve para vetorizar, precisamente, o torque conforme as ordens do piloto. Para não comprometer o peso do carro, as baterias são pequenas: a SF90 roda apenas 25 km sem queimar gasolina.

Diante da tarefa complexa, a Polícia Federal determinou Nelson Willians como depositário fiel do carro. Isso significa que o investigado mantém a posse do bem, mas não pode vendê-lo ou transferi-lo enquanto a investigação prossegue.

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