Como calote em venda terminou em 'roubo' de picape pelo antigo dono

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A Polícia Rodoviária Federal foi avisada de que uma picape com denúncia de furto se aproximava do posto de fiscalização em Joaçaba (SC).
Durante a abordagem, entretanto, os agentes descobriram que a Ram Rampage tinha sido levada pelo dono original. O homem viajou 650 km e, usando a chave reserva, tomou o veículo de volta, alegando ter sofrido um calote do novo proprietário.

A caminhonete pertencia a um revendedor de carros de Panambi (RS), que alega ter vendido a Rampage no início do ano e não ter recebido o pagamento combinado. Diante da dívida e descrente dos meios legais, o comerciante foi até São José, no litoral catarinense, onde o automóvel estava, acompanhado de dois colaboradores no plano.
No dia 23 de maio, os homens, encapuzados usaram a chave reserva da Ram para levá-la embora tranquilamente. Segundo o site Oeste Mais, o comerciante recorreu aos colegas pois não tinha coragem de realizar a operação por conta própria.
Logo após levarem a Rampage, os parceiros entregaram-na ao lojista. Cerca de 400 km depois, os policiais rodoviários receberam a denúncia e pararam o carro.
Ao UOL Carros, a PRF explicou que se limitou a interceptar a Rampage, dado o registro de roubo/furto ligado à sua placa. Imediatamente, os agentes federais encaminharam a picape e o dono à Polícia Civil.
Na 11ª Delegacia Regional de Polícia, em Joaçaba, o homem apresentou sua versão. Diante do exposto, "o veículo foi entregue para a suposta vítima, em razão de uma decisão da Delegada responsável pelo caso", explicou uma escrivã da 11ª DRP à reportagem.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o vendedor da Rampage precisou assinar um termo de depositário fiel para levar o veículo embora. Dessa forma, ele se compromete a manter e cuidar do automóvel enquanto a disputa se resolve.

Justiça com as próprias mãos
Segundo a PRF, tudo indica que o lojista mantinha rastreadores na caminhonete. Esses podem ser tanto localizadores oferecidos de fábrica quanto equipamentos instalados à parte.
O porta-voz da corporação explicou que a experiência do homem no meio automotivo pode ter facilitado o rastreio, mas tais detalhes serão esclarecidos em fases posteriores do caso.
"Essa informação não é relevante para nós, mas é, obviamente, para o inquérito da Polícia Civil".
O vendedor que sofreu calote pode responder por "exercício arbitrário das próprias razões", que é o nome dado pelo Código Penal ao crime de fazer justiça pelas próprias mãos.
Ainda que a queixa seja legítima, o artigo 345 do Código deixa claro que o cidadão só pode agir por conta própria até onde a Lei permite.
Caso contrário, pode ser condenado a um mês de detenção e multa, além da pena relativa à "violência cometida" (furto qualificado, por exemplo).
Como o furto da picape aconteceu em outra cidade, as investigações estão sob responsabilidade da 3ª Delegacia de Polícia de São José. UOL Carros entrou em contato com a delegacia mas não obteve retorno.
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