Golpe do Renavam: bandidos usam número para enganar proprietários de carros

Apesar de a internet facilitar as relações de consumo, também é um prato cheio para a ação de golpistas. Há quadrilhas especializadas em golpes durante o processo de compra e venda de um veículo online, e uma das armadilhas é aplicada justamente em quem, em tese, sente-se mais seguro na transação: o vendedor.

No golpe do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), número de identificação do veículo que o seguirá durante toda a sua vida útil, os criminosos se passam por pessoas interessadas em comprar um determinado veículo.

Os bandidos iniciam conversas com anunciantes individuais e pedem o número da placa - se já não estiver exposto na foto - e do Renavam, com o argumento de que vão consultar eventuais débitos ou pendências vinculadas àquele veículo.

A partir daí, conseguem mais informações sobre o proprietário, podendo aplicar inúmeros tipos de golpes e até clonar o carro.

Pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), antes de comprar um carro usado, realmente é importante fazer uma consulta sobre possíveis débitos, bloqueios, restrições e histórico de vistorias do veículo no site do órgão.

Para isso, é necessário inserir a placa e o número do Renavam. No entanto, é importante saber quem está recebendo esses dados, pois podem ser criminosos com segundas intenções.

É ainda mais perigoso compartilhar o número do chassi.

"Não é necessário informar a identificação do chassi, uma vez que, além de não ser uma informação essencial para conclusão da negociação, ainda pode ser utilizada em veículos clonados, normalmente frutos de roubo e/ou furto", explicou o Detran ao UOL, em 2023.

Renavam dá acesso a outras informações

O código Renavam é considerado o número de identidade do veículo. Ele o acompanha da fabricação até a baixa definitiva.

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Além de informações como placa de identificação, cor, marca, modelo, chassi, débitos e restrições, é possível saber todo histórico do veículo a partir desse número. Como todo documento, não é recomendável que pessoas estranhas tenham acesso a tais dados"

A posse das informações da placa de identificação veicular e do Renavam por criminosos pode acarretar sérios danos ao proprietário.

Existem quadrilhas especializadas em fraude documental. A placa e/ou o veículo são clonados a partir de informações e dados de um automóvel regular em circulação. Com isso, a vítima pode sofrer danos, como multas, suspensão do direito de dirigir e até cassação da CNH.

De posse do Renavam, os bandidos ganham espaço para aplicar variados tipos de golpes.

Nesse caso, a pessoa de má-fé que estava "interessada" no carro diz que desistiu por algum motivo, ou simplesmente some. Dias depois, o proprietário do carro recebe contatos de outros números, de alguém se passando por funcionário de bancos e outras instituições, pois terá uma boa base de dados sobre o carro e seu proprietário.

Fontes: Marco Vieira, advogado; Rodrigo Boutti, gerente de operações da Ituran.

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*Com reportagem de fevereiro de 2023, originalmente publicada na coluna de Paula Gama

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