Jaecoo 7: novo SUV híbrido chinês roda 1.200 km com um tanque? Testamos!

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A missão era uma só: fazer o Jaecoo 7 rodar mais de 1.200 km com um tanque — e bateria, diga-se — cheios. A maratona contemplava sair de São Paulo e chegar até a cidade de Foz do Iguaçu (PR) com o SUV híbrido plug-in de 339 cv que estreia agora no Brasil em duas versões de acabamento: Luxury (R$ 229.990) e Prestige (R$ 249.990). Só que talvez a missão mais árdua seja competir no segmento que tem BYD Song Plus e GWM Haval H6. Mas o utilitário — também chinês — tem bons argumentos para isso.
O primeiro é um aspecto pessoal, o design. A montadora chinesa colocou no liquidificador um Land Rover Defender, um Range Rover Evoque, uma pitada de molho shoyu e o resultado é um SUV com formas geométricas, grade robusta e conjunto óptico em dois andares, com DRLs afilados em cima e luzes de posição logo abaixo.
Atrás, as lanternas no formato queridinho das montadoras: uma faixa contínua de LED de ponta a ponta que cobre toda a largura do veículo. É uma estética refinada, sem dúvida.
Falando em dimensões, o 7 tem 4,50 metros de comprimento e 2,67 m de distância entre-eixos, medidas maiores que um Jeep Compass, por exemplo.
Além de ultrapassar os 1.200 km, a maratona tinha outra premissa: fazer o SUV rodar o máximo possível. O ponto de partida é em Alphaville, região nobre de SP. O painel digital com tela de LCD de 10,25 polegadas mostra 1.080 km de autonomia de combustível (gasolina) e mais 89 km no modo elétrico com bateria 100%.
De acordo com o pé do motorista e as condições do trânsito, este segundo número pode crescer ou diminuir. Segundo a medição do Inmetro, o Jaecoo 7 pode percorrer oficialmente 79 km apenas com eletricidade. Ou seja, seria preciso dosar as acelerações e também usar o sistema de regeneração de energia.
Quem é a Omoda Jaecoo?
A Jaecoo (assim como a Omoda) faz parte do Grupo Chery. Entretanto, não tem nenhuma ligação com a Caoa, que representa a marca chinesa por aqui — Omoda Jaecoo chegam aqui com suporte da matriz. São marcas novatas, criadas em 2022 de olho no mercado internacional e visando fortalecer as exportações do grupo oriental — a chamada O&J não vende carros na China.
As fabricantes nascem juntas e serão vendidas juntas nas concessionárias (serão 100 lojas até o final deste ano). As propostas, por sua vez, são diferentes (e complementares). Se por um lado a Omoda aposta, inicialmente, em um modelo elétrico (o E5), por outro a Jaecoo vai atacar uma categoria que também tem crescimento exponencial no Brasil: a de SUVs híbridos.
O '7' (sim, todos os produtos têm 'nomes', digamos, numéricos) é baseado no Tiggo 7 PHEV, mas com um sistema híbrido mais moderno. Este, inclusive, é outro concorrente do Jaecoo e custa R$ 239.990.
Com três pessoas e bagagens no bom porta-malas de 500 litros, a tática foi extrema para economizar. Ar-condicionado? Desligado para não forçar o motor a combustão, bem como andar em velocidades entre 70 km/h e 80 km/h e também não usar nenhum tipo de carregamento de celular, seja por indução ou cabo.
Vale ressaltar que, neste mesmo teste em Cingapura, os jornalistas locais conseguiram a proeza de rodar 1.427,5 km. A meta foi traçada. O primeiro trecho, na teoria, é o mais fácil: percorrer uma distância de pouco mais de 500 km em direção a Londrina (PR).
Saímos no modo elétrico. A bateria de 18,3 kWh dá uma autonomia, de acordo com o Inmetro, de 79 km. E uma grata surpresa: com regenerações em frenagens e também nos trechos de descida, conseguimos rodar mais de 120 km sem mexer no ponteiro de combustível, que continuava marcando 1.080 km (o tanque tem capacidade de 60 litros).
Mais de 1.450 km?

Os próximos 300 km até a primeira parada, na cidade paranaense de Londrina, foi a chance de ver as qualidades do SUV. A primeira que chama atenção é a dinâmica. A suspensão é bem acertada ao ponto de proporcionar um rodar bem sólido e firme. Mas, ao mesmo tempo, dá conforto para quem vai dentro.
Atrás, o conjunto multilink também garante estabilidade e comodidade. A direção, talvez, merecia um pouco mais de peso e feedback em altas velocidades para dar mais controle a quem dirige. Não é preciso, contudo, ficar toda hora corrigindo o volante.
Ao contrário do concorrente BYD Song Plus, o Jaecoo 7 tem um motor turbo na parte a combustão, com quatro cilindros, 1.5 litro e injeção direta. Só nele são 135 cv e mais de 20 kgfm de torque. Então, porventura, se a bateria acabar, só a motorização turbinada ainda garante um desempenho bem interessante e suficiente para não passar apuros em ultrapassagens e retomadas de velocidade. Já o motor elétrico entrega outros 204 cv e 31,6 kgfm. Lembrando que o utilitário pesa 1.795 kg.
Ao término do primeiro dia de viagem, o SUV híbrido cumpriu metade da missão com sobras. Foram exatos 504,1 km percorridos e a autonomia (combinada) no painel mostrava ainda que ainda tínhamos mais 800 km de autonomia combinada: 778 km com a gasolina e 25 km na eletricidade (o equivalente a 31%).
Ou seja, estávamos além dos 1.300 km totais. A média de velocidade registrada foi de 64 km/h. Sim, fomos ultrapassados por diversos caminhões, mas o objetivo era ganhar cruzar a linha de chegada em primeiro e, de quebra, com uns quilos a menos porque vertemos bastante suor sem o sistema de ar-condicionado.
O segundo dia começou cedo e com trânsito pesado em Londrina rumo a Foz do Iguaçu (PR). A bateria foi usada até chegar a 5 km e aí, automaticamente, o modo híbrido é acionado. Mais 500 km nos separavam do destino final e um trajeto cheio de subidas e descidas.
Aproveitamos alguns trechos para colocar a regeneração do no mínimo a fim de deixar carro 'rolar' e nos surpreendemos com o chamado coasting, onde o SUV percorre uma distância muito grande com o motor desligado e o câmbio desacoplado. O intuito, claro, é economizar bastante combustível. Nossos competidores estavam fazendo de tudo, inclusive, ficando atrás de caminhões para diminuir a resistência do ar e o SUV ter mais autonomia.
Já em outro pedaços, com a regeneração no modo mais forte, aproveitamos para recuperar a bateria que, rapidamente, recarregava acima dos 20% e nos dava 20 km extras de autonomia para não gastar gasolina. Nos últimos 50 km, por exemplo, o SUV registrou uma média de consumo de 29,4 km/l.
Com 1.006 km rodados chegamos até o ponto final: a hidrelétrica de Itaipu. Um destino simbólico para demonstrar toda a eficiência do Jaecoo 7 que, surpreendentemente, ainda marcava 300 km cravados de autonomia do motor a combustão e, de lambuja, mais 9 km de energia. Ao todo, o SUV conseguiria percorrer 1.325 km ou até mais com a recarga da bateria. Os competidores foram melhores e chegaram a marca de 1.454 km com uma carga cheia e um tanque.
O Jaecoo 7 comprovou, na prática, que percorre mais de 1.200 km, é bom de dirigir, tem espaço, tecnologias e design com apelo. Agora resta saber se vai ter fôlego para competir com as rivais e compatriotas BYD e GWM. Restou a nós apenas o terceiro lugar e muito história para contar.
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