Carros sinistrados: veja quando são bom negócio ou uma verdadeira roubada

Grande oportunidade ou um tiro no escuro? Os carros sinistrados - ou batidos - tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil e movimentam milhões de reais todos os anos. Seja para compradores em busca de peças, leilões de seguradoras, oficinas ou até projetos de restauração, estes tipos de veículos podem chegar a custar até 50% do valor de mercado do seu equivalente zero km, por exemplo. Em contrapartida, uma escolha equivocada pode virar uma enorme dor de cabeça ao novo proprietário.

Conforme Resolução 810/2020 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), os veículos sinistrados são classificados como pequena, média ou grande monta. Os primeiros são aqueles que sofreram danos estéticos e determinadas peças mecânicas, mas que tem fácil conserto.

Os segundos passaram por avarias mais profundas que afetam a parte estrutural do carro, bem como o visual e também, claro, a mecânica. Estes precisam ter anotado em seu cadastro no Detran a informação de "média monta". Depois de realizados os devidos reparos, será preciso fazer uma inspeção de segurança veicular junto ao órgão e obter o Certificado de Segurança Veicular (CSV) para voltar a rodar.

Os de grande monta, por sua vez, são os famosos 'perda total', em que o estrago supera 75% ou até mesmo é maior que o próprio valor de mercado do automóvel. Estes são retirados de circulação e vendidos para empresas credenciadas nos Detrans para desmontagem e venda de peças.

Quem determina o tipo de classificação de sinistro é o agente de trânsito, no momento da concretização do Boletim de Ocorrência do acidente e seguindo critérios e classificação de danos também do Contran.

A compra de um carro sinistrado de média monta, por exemplo, é um tiro no escuro. Como regra, não é permitido testar o veículo. "O maior risco é a dificuldade em se definir a extensão dos danos causados. Restando então somente a avaliação visual das avarias", aponta Givaldo Vieira, presidente da Associação Nacional dos Detrans (AND).

Antes da aquisição, um conselho é unânime. "É importante que o comprador faça uma vistoria presencial do veículo e, se possível, leve um mecânico de sua confiança para que seja feita uma estimativa em torno dos reparos. A soma do valor pago e do custo dos reparos deve ser menor que o valor médio dos veículos usados vendidos no mercado", pontua Jaime Soares, presidente da comissão de seguro auto da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

O presidente da AND ainda vai além. "Contratar um vistoriador experiente ou os conhecidos laudos cautelares de vistorias, pois os profissionais que trabalham com isso conseguem identificar imperfeições, alterações ou restrições no veículo, que um comprador comum não conseguiria", aponta.

Sinistro fica para sempre no documento?

A resposta para esta pergunta é 'depende'. Para veículos de pequena monta, não há restrições ou registros na documentação do veículo. Os de média monta, por sua vez, trazem o registro no Certificado de Registro do Veículo (CRV) de forma definitiva até por questões de identificação e segurança. "Não existe forma legal de retirar tal informação e deve acompanhar o documento do veículo até sua baixa", afirma Givaldo Vieira, presidente da Associação Nacional dos Detrans (AND).

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Outro ponto em questão é o seguro do carro sinistrado após todos os reparos. O executivo da FenSeg diz que cada seguradora tem critérios próprios para aceitar ou não carros sinistrados. "É comum as seguradoras exigirem a realização de uma vistoria detalhada antes da aprovação da apólice e que o valor da cobertura fique abaixo do preço especificado na tabela Fipe", finaliza

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