Omoda E5: testamos o SUV elétrico chinês que roda 350 km e quer encarar BYD

"Esse eu nunca vi", diz meu vizinho acostumado com vai e vem de carros na garagem. Pudera. O Omoda E5 ainda nem foi lançado oficialmente no Brasil, algo que deve acontecer em breve. "Gostei. Queria ter um carro elétrico", emenda. O elevador chega e a conversa é interrompida antes que eu pudesse explicar que o SUV é de uma marca chinesa inédita e que tem cerca de 350 km de autonomia.

Bom, a Omoda (assim como a Jaecoo, que também será lançada simultaneamente) faz parte de um grupo chinês conhecido dos brasileiro: a Chery. Aqui, no entanto, a operação é independente e não tem participação da Caoa, parceira da montadora asiática em solo nacional. As duas submarcas têm posicionamento, digamos, premium e só são vendidas fora da China. São novíssimas, sendo fundadas em 2022.

O E5 será o primeiro produto, um crossover elétrico com porte de Jeep Compass, afinal são 4,42 metros de comprimento e 2,63 m de distância entre-eixos. O espaço para quem vai atrás é bom (não excepcional) e o túnel central plano ajuda o passageiro do meio a acomodar melhor as pernas. O porta-malas leva 378 litros, uma capacidade inferior aos principais rivais que levam bem mais de 400 l.

O design chama atenção, principalmente na dianteira com o conjunto óptico dividido em dois andares: em cima, o DRL de LED em um formato afilado e integrado a moldura preta da grade e, embaixo, os faróis de posição localizados na extremidade do para-choque. Atrás, um visual mais 'comum', com lanternas recortadas e integradas, mas sem iluminação.

A concorrência, no entanto, será outra. A mira é em Volvo e companhia, porém o E5 deve concorrer na vida real contra BYD Yuan Plus e também o Neta X. Preço? Na casa dos R$ 200 mil. Vale isso tudo?

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Imagem: Raphael Panaro/UOL

Experimentamos por alguns dias o E5, que usa a mesma plataforma do Chery Tiggo 5x, por exemplo. O crossover elétrico tem bons predicados, mas, claro, coisas a melhorar.

A ficha técnica não impressiona em um primeiro momento. São 204 cv de potência e 34,7 kgfm de torque. Só que se trata de um carro elétrico. Ou seja, o torque entregue instantaneamente faz o SUV ganhar velocidade de forma relativamente rápida. Mesmo assim o zero a 100 km/h leva suaves 7,8 segundos.

Claro que não como modelos mais esportivos que te grudam no banco, mas uma força suficiente para deixar carros comuns a ver navios quando o semáforo abre ou em retomadas. Dá para fazer ultrapassagens sem nenhuma dificuldade. Colocar no modo Sport e afundar o pé no acelerador resulta, inicialmente, em cantar pneu e o E5 disparar.

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Imagem: Raphael Panaro/UOL

O que poderia vir acompanhado disso era uma maior precisão da direção. É muito anestesiada, sem o peso correto e deixa quem dirige meio sem entender onde estão as rodas. Já o acerto da suspensão é bem voltado ao conforto e com um curso de amortecedor interessante para filtrar imperfeições e evitar pancadas secas da buraqueira. A posição de dirigir é bem elevada para deixar bem claro que você está em um SUV e pode incomodar motoristas com estatura mais alta.

O alcance de 350 km, de acordo com o Inmetro, é maior que os 294 km do BYD ou os 317 km do Neta. A autonomia permite planejar viagens mais longas e a bateria de 61 kWh aceita recargas rápidas de até 110 kW. A Omoda diz que neste tipo de estação, o E5 vai de 0 a 80% em apenas 30 minutos.

Dentro, o Omoda E5 mistura conceitos de diversas marcas: da própria Chery, da Mercedes e até da Porsche. Do lado chinês vem as duas telas que somam mais de 20 polegadas: uma do quadro de instrumentos digital e outra do multimídia. A primeira tem boa resolução, traz informações importantes bem à vista e ainda pode ser sutilmente personalizada.

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Imagem: Raphael Panaro/UOL

Já a central reúne os principais comandos do carro, como os do ar-condicionado. A interface não é das mais bonitas e faz questão de dizer que você está em um carro oriundo do Oriente. Por fim, há apenas seis botões no console central para controlar os modos de condução, desligar o visor, desembaçadores e ligar/desligar o sistema de refrigeração.

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Na parte alemã aparece em três itens. Do lado da Mercedes vem a alavanca de câmbio na coluna de direção e o desenho redondo estilizado dos alto-falantes nas portas. Lembra os Burmester, mas aqui eles são da Sony. Já a referência ao Taycan vem com botões touch do lado esquerdo do painel de instrumentos, onde é possível aumentar e diminuir o som do multimídia, bem como ajustar o dimmer de iluminação das telas.

O acabamento é outro ponto positivo. A cabine mistura materiais de boa qualidade como couro, superfícies macias ao toque, aço escovado, peças em preto brilhante, imitação de madeira, costuras e iluminação de LED. A silhueta de um carro na parte inferior do painel é um detalhe que não precisava?

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Imagem: Raphael Panaro/UOL

Em termos de itens de série, o E5 vem com pacote de assistências ao motorista, como controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência, alertas de colisão frontal e traseira, e monitoramento de ponto cego. O SUV elétrico vem ainda com câmeras 360° e carregador por indução. Apple Carplay e Android Auto funcionam sem necessidade de fio.

A estreia seria ao lado do C5, o mesmo modelo, porém com motorização híbrida leve. Seria. A Omoda mudou os planos e até o fim do ano chega uma versão híbrida plena, nos mesmos moldes do Toyota Corolla Cross. Falando em planos, eles são ousados, mas não como os da BYD: iniciar a operação entre este mês e abril com 50 concessionárias inauguradas e espalhadas por 40 cidades em 17 estados.

E não para por aí. O objetivo é terminar o ano de 2025 com 70 lojas. Se tudo correr como o planejado, serão 150 pontos de vendas até 2028. O investimento inicial é de R$ 200 milhões. O aporte, por sua vez, deve aumentar nos próximos meses porque a chinesa já tem conversas para produzir carros no país em regime CKD.

O Omoda E5 tem qualidades, como autonomia, design e acabamento, para enfrentar seus conterrâneos. Diz-se que a grama do vizinho é sempre mais verde. No caso do meu, talvez a semente tenha sido plantada.

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