Citroën Basalt manual vale a pena? Testamos o SUV mais barato do Brasil

Confesso: julguei o Citroën Basalt Feel MT. Achei que a versão de entrada do SUV cupê não era digna com o modesto 1.0 Firefly aspirado — o mesmo do Fiat Mobi, diga-se. Os R$ 91.990, no entanto, o fazem ser o utilitário mais barato do Brasil.

O custo-benefício vem atrelado a outros atributos. Um que precisa ser venerado é o espaço. Apesar do porte compacto pelos 4,34 m de comprimento, os 2,64 metros de entre-eixos fazem os adeptos traseiros compartilharem um latifúndio para as pernas e ombros.

E, mesmo com o caimento do teto inerente aos cupês, os mais altos também dispõe de boa área para a cabeça. Para quem vai no meio, o túnel central alto pode prejudicar - mas aí é só colocar a perna no abundante espaço dos nobre colegas. Já no porta-malas oferece 490 litros, muito acima da média do segmento. Sem falar no grande ângulo de abertura.

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Imagem: Raphael Panaro/UOL

O SUV está (bem) longe de ter um espírito esportivo com seus máximos 75 cv de potência. O torque de 10,7 kgfm só aparece a 3.250 rpm. Depois, no entanto, o modelo revive e não sente o peso.

O convívio no trânsito do dia a dia é fácil com força para sair de enrosco do trânsito. A suspensão tem ajuste voltado ao conforto e consegue filtrar razoavelmente a buraqueira sem pancadas secas ou muito sacolejo na cabine. Na estrada, no entanto, talvez seja o ponto negativo do Basalt. Certifique-se que há bastante espaço antes de dar a seta para a esquerda e realizar uma ultrapassagem.

A transmissão manual de cinco marchas tem bom escalonamento, com a primeira curta para dar mais agilidade. Claro que, em subidas mesmo, é preciso recorrer ao câmbio e fazer algumas reduções, mas é o drama dos modelos 1.0 aspirados.

Talvez um aspecto que precisa melhorar é a manopla da alavanca, que não é ergonômica e prejudica um pouco o uso do câmbio mecânico. O zero a 100 km/h é de 15,2 segundos (etanol) e 16,4 s (gasolina).

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Imagem: Raphael Panaro/UOL
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A média de consumo, com gasolina, é de 13,2 km/l e 14,3 km/l na cidade e na estrada, respectivamente. Com etanol no tanque, os números caem para 9,2 km/l (urbano) e 10,1 km/l (rodoviário).

Entretanto, o SUV comete alguns pecados. O assento é curto para as pernas e falta mais apoio lateral para o corpo. Quem dirige ou vai de carona se sente meio 'solto' no banco. Ao menos o padrão, mesclando, preto com cinza, é interessante. O interior é dominado por plásticos, mas não se pode dizer que é demérito.

A pegada 'popular' demanda este tipo de acabamento bem com os feios botões giratórios do sistema de ar-condicionado e o comando dos vidros elétricos traseiros centralizados - e não nas portas. Na dianteira, só entrada USB, digamos, normal. Se você quiser carregar seu aparelho com USB-C, vai ter que usar as tomadas na parte de trás.

A central com tela de 10,2 polegadas, em um formato mais, digamos, wide, é de série e fácil de manusear. Tem Apple Carplay e Android Auto sem fio, mas, de vez em quando, o multimídia cisma em não fazer o espelhamento - mesmo conectado. É preciso então parear novamente o celular no multimídia e rezar para a tecnologia funcionar e você poder se orientar pelo Waze.

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Imagem: Raphael Panaro/UOL

E, mesmo sendo a configuração mais barata, a lista de itens é fraterna. Traz painel de instrumentos de 7', rodas de liga leve aro 16, quatro airbags e câmera de ré. A lista vem ainda com ar-condicionado, luz diurna de LED e todos os vidros elétricos.

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Em termos de concorrência, o Basalt Feel rivaliza consigo mesmo. Isso porque os carros mais próximos de outras marcas, em questão de preço, são o Renault Kardian Evolution MT, de R$ 106.990, e o Fiat Pulse Drive 1.3 MT, de R$ 107.990. O grande rival é a configuração acima, a mesma Feel, mas com motor 1.0 turbo e transmissão automática - custa apenas R$ 8 mil a mais.

Tenho outra confissão: a vida do Basalt Feel MT vai ficar mais concorrida nos próximos meses. Isso porque o inédito Volkswagen Tera também virá com uma versão 1.0 aspirada de olho no mesmo público do Citroën. Este, por sua vez, vai desde quem está procurando o primeiro carro (ou SUV), famílias grandes e até locadoras ou motoristas de aplicativo.

Mas não há milagres. Esta versão de entrada vai responder por uma fatia considerável, porém pequena do SUV cupê: de 10% a 12%.

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