Dono do carro mais caro do Brasil já teve Chevette e só aparece disfarçado

No início do mês, fãs de carro celebraram a chegada do primeiro Pagani Utopia ao Brasil. O superesportivo italiano de 864 cv é aclamado por unir tecnologia extrema, produção artesanal e desenho elegante, com suas 99 unidades tendo sido vendidas antes mesmo do lançamento.

Entretanto, uma exceção foi feita a um brasileiro, que recebeu o exemplar raro até para os padrões do altíssimo luxo, avaliado em cerca de R$ 60 milhões. Muitos sabem quem é esse comprador sortudo, mas praticamente ninguém conhece sua identidade.

Magnata se apresenta como Júnior e só aparece publicamente usando um capacete, contribuindo para sua popularidade
Magnata se apresenta como Júnior e só aparece publicamente usando um capacete, contribuindo para sua popularidade Imagem: Instagram

O Pagani Utopia especial pertence a Júnior, o colecionador que é aclamado por trazer os veículos mais exclusivos do mundo ao Brasil. Nas redes sociais, ele exibe sua coleção e momentos de vida, mas não revela seu nome verdadeiro e sempre usa um capacete nas fotos.

Em entrevistas, Júnior deixa claro que, desde sempre, viveu e trabalhou para comprar carros exclusivos. Mas não por ostentação, e sim pelo amor às máquinas que faz os fãs "mundanos" se identificarem com o magnata.

Só dinheiro não basta

O Pagani Utopia é o lançamento mais recente da marca que, ao contrário de Lamborghini e Ferrari, faz questão de produzir poucas unidades de cada modelo. Quando o esportivo de motor V12 foi anunciado, em 2022, o comunicado já informava que os 99 exemplares da versão berlinetta estavam vendidos, e basicamente detalhava o que mais ninguém teria.

Modelo tem motor V12 6.0 de 864 cv e 112,2 kgfm, com transmissão manual de sete marchas
Modelo tem motor V12 6.0 de 864 cv e 112,2 kgfm, com transmissão manual de sete marchas Imagem: Divulgação
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Para chegar ao resultado final, foram seis anos de trabalho, dez mil rascunhos de projeto e oito protótipos, de uso interno do próprio engenheiro Horacio Pagani e seus funcionários. E é justamente um desses protótipos que desembarcou no Brasil, como a inscrição R&D (sigla de Pesquisa & Desenvolvimento em inglês) deixa claro.

Plaqueta R&D indica natureza de protótipo do carro, o que faz seu preço disparar
Plaqueta R&D indica natureza de protótipo do carro, o que faz seu preço disparar Imagem: Divulgação

Uma fonte ligada à Rolls-Royce explica que, em certas marcas, não basta ter dinheiro para adquirir o veículo. "Quem merece ter um carro assim convive num círculo social em que, naturalmente, terá acesso aos meios de obtê-lo", explica. É questão de networking.

Nesse caso, é fácil entender como Júnior conseguiu comprar um esportivo que não estava à venda. Afinal de contas, já são quase 20 anos adquirindo carros de luxo cada vez mais caros e fazendo questão de exibi-los de maneira impessoal, a fim de saciar a curiosidade dos entusiastas.

O primeiro desses foi um Porsche Boxster S 2008, que causou briga na família. "Meus pais ficaram sem falar comigo por um tempo", disse no podcast Motorgrid Brasil. Mas o progresso não foi linear e, por vezes, faltou dinheiro para sustentar a paixão nada barata.

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"Já tive que vender todos os meus carros para injetar dinheiro na empresa. Comprei Chevrolet Chevette e recomecei: depois comprei um Ford Ka, depois um Ford EcoSport e fui remando", afirmou.

A amizade com José Paulo Boldrin, dono da maior importadora de supercarros do país, ajudou a aprimorar a coleção, que ganhou nova ordem de grandeza quando Júnior completou a "Santíssima Trindade" dos carros: McLaren P1, Porsche 918 Spyder e Ferrari LaFerrari, avaliados em R$ 71 milhões e guardados na sua garagem de Itu (SP).

Em 2024, Júnior também chocou ao trazer o único Bugatti Chiron do território nacional, com preço estimado em R$ 50 milhões. Em outros tempos, também trouxe outras unidades de Ferrari, Lamborghini e, principalmente, Porsche. Alguns revendidos, outros mantidos em acervo.

Sua coleção total é desconhecida, mas estima-se que os automóveis valham cerca de meio bilhão de reais. Supõe-se que Júnior seja um empresário de Santo André, mas pode ser que, atualmente, não tenha investimento mais lucrativo que seus carros. Isso porque modelos tão raros tendem a encarecer com o passar dos anos.

"Não tem explicação. Nasci desse jeito", completa Júnior, indicando que a paixão por colecionar os automóveis mais avançados já produzidos seguirá enquanto houver condições.

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