Economia na oficina: por que carros elétricos gastam menos com manutenção

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Carros elétricos são complexos, certo? Errado. Saiba que os veículos movidos a bateria são, mecanicamente, mais simples que modelos a combustão. O número de componentes, por exemplo, pode ser até cinco vezes menor.
Veículos elétricos não trazem, em seus motores, superfícies de constante atrito e desgaste, como ocorre entre pistões, anéis e paredes de cilindros. Isso elimina a necessidade de trocas regulares de lubrificante, filtros e de vários componentes que promovem a combustão, como velas de ignição, ou que tratam emissões, como catalisadores e sistemas complexos de injeção.
"O veículo elétrico se aproxima dos cuidados típicos de um eletrodoméstico — como a limpeza e a conexão eventual à tomada para recarga. Não há muito a ser negligenciado, como outrora com as constantes trocas de lubrificantes, filtros, correias e velas", explica Clemente Gauer, membro do Conselho Diretor e Coordenador do Grupo de Trabalho de Segurança da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
E tem mais. O motor elétrico ainda oferece potência e torque suficientes para impulsionar o veículo sem precisar trocar de marcha, utilizando apenas uma caixa de redução fixa. Os carros elétricos, geralmente, têm apenas uma marcha e dispensam a tradicional transmissão de vários estágios e mais componentes.
E quanto aos custos? Gauer diz que os valores, claro, variam de acordo com cada fabricante, mas aponta uma economia bastante relevante.
"As estimativas de mercado indicam que, em comparação aos veículos a combustão, o custo de manutenção de um elétrico pode ser até 80% menor, justamente pela ausência de tantos componentes que exigem substituições frequentes", afirma.
O resultado desse movimento, explica Gauer, é que muitos modelos elétricos acabam reduzindo a manutenção praticamente aos cuidados básicos, como pneus — calibrar regularmente, fazer o rodízio e substituí-los quando atingirem o fim de sua vida útil — além de alguns itens pontuais, como o filtro de ar-condicionado, as palhetas do limpador de para-brisa e, eventualmente, o fluido de freio (que, mesmo sem uso frequente, pode se deteriorar com o tempo e comprometer a segurança).
Falando em freios, os carros elétricos têm um diferencial que é a capacidade do motor elétrico se transformar em uma espécie de gerador ao reduzir a aceleração ou pisar no pedal de freio. Parte da energia cinética perdida no processo retorna à bateria.
Além de aumentar a autonomia, essa função reduz consideravelmente o uso do sistema de freios tradicionais (pastilhas e discos), que passa a ser acionado principalmente em frenagens de emergência ou quando se necessita de uma redução de velocidade acima da capacidade regenerativa do motor elétrico.
Com isso, o desgaste é muito menor ou imperceptível de pastilhas e discos do que se observa em veículos a combustão, aumentando ou prevenindo o intervalo entre substituições e reduzindo, novamente e substancialmente, os custos de manutenção.
Pneu de carro elétrico desgasta mais?
Há uma crença de que os compostos de borracha de carros elétricos 'sofrem' mais por causa do torque entregue de forma instantânea. Isso é mito. De acordo com o coordenador da ABVE, no uso cotidiano, diversos proprietários reportam que os pneus podem facilmente ultrapassar 50 ou 60 mil km, chegando em alguns casos a 100 mil km antes de atingir o indicador de desgaste máximo, chamado TWI. O freio regenerativo também contribui para a conservação dos pneus, já que boa parte das frenagens são auxiliadas pelo motor elétrico.
Outro fator de economia de um carro elétrico é a manutenção periódica. As revisões costumam seguir o mesmo timing de modelos a combustão, com checagens anuais. Algumas montadoras, no entanto, estendem para 24 meses ou 20 mil km, dependendo da intensidade de uso e da quilometragem.
Gauer, membro do Conselho Diretor e Coordenador do Grupo de Trabalho de Segurança da ABVE, por sua vez, faz um alerta e diz que é "fundamental seguir o cronograma do manual do proprietário para assegurar a garantia do veículo e da bateria".
"No geral, a tendência é que as revisões em veículos elétricos sejam mais simples e baratas — tanto pelo menor número de itens a serem checados quanto pela considerável menor probabilidade de falhas em componentes tradicionais de propulsão", completa Gauer.
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