Seres desistiu do Brasil? Entenda a situação da montadora chinesa no país

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A Seres foi uma das várias montadoras chinesas que estreou no mercado brasileiro nos últimos anos. Suas vendas não foram boas, e a marca anunciou a suspensão temporária das operações após um ano. Entretanto, não é verdade que é o jogo acabou no Brasil.
É o que afirma João Marcos Lucas, um dos principais envolvidos na vinda da Seres para cá. Seu filho, o empresário Sergio Augusto Lucas, é o único sócio-administrador da Seres Brasil Ltda, mas a família participa das decisões estratégicas do negócio, assim como faz no grupo Belenus.
João Marcos assume o fracasso da Seres Brasil, que vendeu apenas oito carros em um ano de atividade. Entretanto, afirma que a marca retornará sob o comando de novos representantes, planejando maior capacidade de divulgar e consolidar os SUVs elétricos.

"Nós já temos certeza de que esse é um segmento que exige conhecimento e experiência", explicou o empresário, cujos negócios se concentram na área de energia e fabricação de ferramentas. "Mas não temos nenhum conhecimento, nenhuma experiência na área automotiva", completou na entrevista a UOL Carros.
João Marcos Lucas também negou a baixa do CNPJ da Seres, afirmando que estão "totalmente cientes das nossas responsabilidades". A reportagem de UOL Carros consultou portais oficiais, tanto do Ministério da Fazenda quanto da Secretaria da Fazenda de São Paulo e emitiu certidões em que o CNPJ da Seres Brasil consta ativo.
Próximos passos
No momento, o que acontece é a troca de comando do plano, que continua sendo vender os carros da Seres no mercado nacional, mas sob nova direção. "O nosso grupo não vai continuar no negócio", diz João. "Mas os chineses têm interesse no Brasil e irão voltar".
Segundo o empresário, a Seres busca um representante de grande porte, com experiência no mercado automotivo e redes de concessionárias espalhadas pelo Brasil. "Só a título de exemplo, eles procuram parceiros da dimensão de um grupo Caoa ou similar".

Para agilizar os trâmites, a matriz da China já solicitou alterações necessárias no registro da marca. A Seres também interrompeu ações de publicidade e marketing, já que parou as vendas e fechou suas lojas enquanto a passagem de bastão não ocorre.
Para diminuir o prejuízo, as unidades restantes dos Seres 3 irão a leilão ainda nessa semana, com lances a partir de R$ 99.900. Via de regra, não há garantia para veículos adquiridos dessa forma, mas os representantes nacionais da montadora se comprometem a auxiliar na obtenção de peças de reposição e desgaste.
"Antes de desistirmos da operação, importamos uma quantidade bem expressiva de peças. Para-lamas, faróis, peças de desgaste, entre outras", completou João Marcos Lucas, também respondendo quanto à pós-venda de quem adquiriu os carros de forma convencional.

O que é a Seres?
A indústria automotiva chinesa explodiu graças à presença firme do Estado nas companhias, com políticas públicas que incluem parcerias com marcas estrangeiras e ritmo acelerado na criação de subsidiárias de empresas nacionais.
É o caso da Seres, que nasceu da colaboração entre o grupo Sokon e o conglomerado Dongfeng, cujas diferentes marcas de carros totalizaram 2,8 milhões de emplacamentos em 2024.

A Seres contou com a colaboração da Huawei — gigante chinesa de telecomunicações — no desenvolvimento dos carros que foram importados ao Brasil. A parceria também deu origem à marca Aito, especializada em SUVs de alto luxo.
Segundo relatos da imprensa chinesa, a Seres teria adquirido a propriedade intelectual da Huawei relativa aos carros da Aito por cerca de R$ 1,9 bilhão. Procurada por UOL Carros, a matriz chinesa da Seres também indicou que retornará, mas não confirmou se o retorno será como Aito ou com o nome usado até agora.
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