Cemitério das calotas: o que são as peças amontoadas em rodovia em SP
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Quem aproveita o verão para visitar o litoral paulista pode encontrar uma cena insólita: centenas de calotas amontoadas às margens da pista. É isso o que acontece principalmente na SP-125, a rodovia Oswaldo Cruz, que liga a região de Taubaté (SP) a Ubatuba (SP).
De acordo com o Departamento de Estradas e Rodagem (DER-SP), todo mês são recolhidas aproximadamente 2.000 calotas, que se desprendem de carros descendo a serra. Além do risco gerado ao se acumularem no acostamento, as peças de plástico são tantas que o órgão reconhece a importância de coletá-las para não gerar danos à Mata Atlântica que envolve a estrada.
O trabalho é feito semanalmente por catadores que descem a estrada a pé, ao longo dos 8 km que começam na divisa de São Luiz do Paraitinga (SP) com Ubatuba e vão até a chegada ao litoral. O motivo disso é o trajeto: nesses percurso, os viajantes descem de 1.000 m de altitude para o nível do mar, em descida íngreme que até provoca o típico estalo nos ouvidos.
As outras estradas paulistas que rumam à praia, entretanto, não sofrem do fenômeno na mesma intensidade. A Oswaldo Cruz, por sua vez, é a que tem o traçado mais incomum, com curvas sinuosas feitas ainda no século XVIII, levando a um anda-e-para extra na entrada das curvas.

O uso intenso dos freios mecânicos gera bastante calor, que é transmitido às calotas. As peças, que são de plástico e se deformam com facilidade e a inclinação da SP-125 faz a gravidade ajudar a removê-las, explica o DER.
O problema, entretanto, é facilmente evitável. O engenheiro automotivo Carlos Teixeira explica que o ideal é descer com o carro engrenado, utilizando a marcha que mantenha o automóvel na velocidade adequada. Segundo Teixeira, a técnica ainda contribui para "aumentar a vida útil dos freios e reduzir o consumo de combustível".

É o chamado freio-motor, que utiliza a física para reduzir a velocidade através do próprio motor do carro. Veículos pesados como ônibus e caminhões até possuem sistemas parecidos, mas, dadas as curvas da serra e o risco de um pesado perder o freio, esses veículos são proibidos no trecho das calotas da Oswaldo Cruz.
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