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Saldão de carros: por que preços de veículos usados têm tudo para despencar

O preço do carro usado está em queda, mas não retornará aos patamares pré-pandêmicos  - Foto: Shutterstock
O preço do carro usado está em queda, mas não retornará aos patamares pré-pandêmicos Imagem: Foto: Shutterstock

Colaboração para o UOL

08/11/2022 04h00

Se 2021 foi um ano de crescimento nas vendas e preços dos carros usados, o momento atual tem sido de acomodação. Prova disso é que de janeiro a outubro foram comercializados 10,8 milhões de veículos usados no país, 14,6% a menos do que no mesmo período do ano anterior. De acordo com especialistas, os preços acompanharão a curva das vendas: ficarão menores, mas não no patamar pré-pandemia.

A média diária de vendas de carros seminovos e usados durante o mês de outubro de 2022 também apresentou queda: as vendas caíram em 6,4. O primeiro resultado negativo depois de nove sequências positivas. Os dados são da Fenauto, federação dos revendedores.

Na visão do presidente da entidade, Enilson Sales, "os números de outubro refletem, em parte, o clima de indefinição das eleições presidenciais, fator que poderia influenciar o humor do mercado, como já havíamos previsto." Já analistas do mercado automotivo acreditam que é apenas o primeiro mês de uma sequência de queda nas vendas.

Para Ricardo Bacellar, da Bacellar Advisory Boards Automotive & Mobility, trata-se de uma acomodação após o boom de vendas no mercado de usados que aconteceu com a pandemia. Ele explica que, com a falta de insumos para produzir carros novos, os zero-quilômetro ficaram concorridos e mais caros. Por isso, muitas pessoas tiveram que recorrer aos usados, que logo subiram de preço também.

"Passado o ápice da crise, há carros novos disponíveis e o consumidor também não se sente mais tão pressionado a comprar um automóvel por risco sanitário no transporte coletivo. Com isso, há menos demanda pelos carros usados. É um retorno aos patamares pré-pandêmicos, uma acomodação. O preço vai cair como consequência da lei da oferta e da procura", explica.

O especialista sinaliza ainda que há um agravante: comparado com 2019, a renda média do brasileiro encolheu 11,5%. Ou seja, muitos não compram mais carro porque não cabe no orçamento. Segundo Bacellar, historicamente, um carro usado custa, minimamente, em torno de 30% a menos do que um correspondente zero-quilômetro. "Ainda há gordura no preço atual dos usados, a Fipe já está baixando, e não vai parar por aí", avalia.

Retorno dos carros de entrada pressiona preço para baixo

O consultor Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, explica que em 2021, quando os carros usados e seminovos viraram a sensação do momento, o estoque de carros zero nas montadoras e concessionárias era de, aproximadamente, 70 mil unidades. Hoje, está na faixa de 178 mil. Nesse período de limitação, as montadoras deram prioridade à produção de carros mais caros e equipados, com rentabilidade maior, para compensar a queda do volume de vendas.

De acordo com Pagliarini, o fato de as versões mais baratas de diversos modelos terem voltado às "prateleiras" pesa muito na balança de preços dos usados, pois são justamente esses modelos que, quando revendidos, terão maior queda de preço.

"Os preços vão baixar, mas não vão voltar ao patamar de 2020, porque o carro novo encareceu. Voltaremos a usar a regra geral de depreciação de 15% no primeiro ano e 10% nos demais. Os carros que terão maior impacto no preço são aqueles cujas versões de entradas voltaram a ser comercializadas. É pura lei da oferta e da procura: se tem novo mais barato, o preço do usado também cai."

Bacellar também aponta para uma queda de preços sob outro ponto de vista: os carros mais procurados tendem a manter os preços mais estáveis, enquanto os menos disputados na revenda ficarão mais baratos.

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