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Ford usa campo de provas para testar carros que você não terá

Ford Mustang Mach-E e E-Transit - Divulgação
Ford Mustang Mach-E e E-Transit Imagem: Divulgação

Julio Cabral

Do UOL, em São Paulo

11/08/2022 12h00Atualizada em 16/08/2022 22h24

A Ford aproveitou uma visita ao Centro de Desenvolvimento e Tecnologia de Tatuí, interior de São Paulo, para apresentar como tem utilizado a mega estrutura do local antes conhecido apenas como centro de testes de seus modelos nacionais e importados voltados ao mercado brasileiro. Agora, o local passou fazer parte dos trabalhos de desenvolvimento da montadora para modelos vendidos em outros centros, além de ser alugado para clientes, incluindo aí marcas automotivas e fornecedores.

A área de desenvolvimento de produto da Ford passou a contar com um time de 1.500 profissionais e tem expectativa de gerar uma receita de R$ 500 milhões em 2022 com a exportação de serviços de engenharia. O empréstimo do campo de provas paulista para outros clientes incrementa a receita.

O centro é voltado ao desenvolvimento de tecnologias globais, mas o fato é que muitos desses modelos testados não estão previstos para o mercado nacional. É o caso da marca de luxo Lincoln, que responde pelos carros mais refinados do grupo Ford. Uma fonte afirma que os planos de importação da Lincoln estão longe do Brasil.

Além disso, a montadora afirma que o centro de testes de Tatuí também oferece serviço a outros fabricantes. É uma nova oportunidade de negócios de prestação para outras empresas, nem sempre apenas para a área automotiva.

UOL Carros já flagrou carros da Hyundai em provas de desenvolvimento no ano passado. Curiosamente, o modelo era o Kona, outro que também não está previsto para o mercado nacional. Mas também foram vistos carros da Fiat, entre eles, o então inédito Fiat Pulse.

Ford Bronco Sport em testes no campo de Tatuí - Divulgação  - Divulgação
Ford Bronco Sport em testes no campo de Tatuí
Imagem: Divulgação

Instalado em uma área total de 4,66 milhões de metros quadrados, o centro tem 40 km de pistas de terra e 20 km de vias pavimentadas. A variação de condições inclui áreas de alta e baixa velocidade, além de terrenos com areia, cascalho, pedras e lama. A marca afirma que já foram rodados na pista nada menos que 250 milhões de quilômetros.

Há laboratórios de emissões, desmontagem e análise de peças, dinamômetro, vibrações e acústicas e também simuladores para a avaliação de suspensão. Somado a isso, a equipe também trabalha em tecnologias semi autônomas e eletrificação.

Porém, o campo já foi bem diferente no passado. Além de ser responsável pelo desenvolvimento de projetos e de testes, Tatuí tinha uma estrutura de pessoal bem maior.

Ford Mustang Mach-1 em testes em Tatuí - Divulgação - Divulgação
Ford Mustang Mach-1 em testes em Tatuí
Imagem: Divulgação

"São 115 funcionários sindicalizados hoje em dia, mas, na época da Autolatina, eles eram cerca de 600, porque eles faziam teste e desenvolvimento de engenharia também para a Volkswagen. Quando a Ford fechou a fábrica de São Paulo e da Bahia, o número diminuiu consideravelmente. Inclusive, falaram em fechar o campo de provas, mas não fecharam porque é o único campo que funciona o ano inteiro nas Américas. O clima atrapalha nos Estados Unidos", afirma Ronaldo José da Mota, do sindicato dos metalúrgicos de Tatuí, que acrescenta que a situação também mudou pelo uso de uma equipe terceirizada. UOL Carros procurou a Ford para comentar sobre o assunto e a matéria será atualizada com a resposta oficial da marca.

O centro de desenvolvimento e tecnologia é um dos sete da Ford no mundo. São três nos Estados Unidos, Europa, Austrália e China.

Mach-E e E-Transit

A Ford também aproveitou o encontro para exibir o Mustang Mach-E e a Transit elétrica pela primeira vez no país. Os modelos ainda não têm data certa para importação, segundo a marca, então foi mais uma apresentação do que prévia de lançamento. São dois carros que você também não terá a opção de comprar tão cedo.

A marca já anunciou investimentos em eletrificação no montante de 50 bilhões de dólares em 2026, sendo que o fabricante pretende produzir mais de 2 milhões de elétricos anualmente até o mesmo ano. De acordo com o fabricante, o objetivo é que os elétricos respondam por 50% das suas vendas até 2030.

Os dois modelos que representam bem a tendência foram apresentados no local. Foi uma surpresa que teve um gosto agridoce, pois nenhum dos dois foi confirmado para o mercado local.

Exibido em sua versão top GT, o Mustang Mach-E GT conta com 486 cv, 82,9 kgfm de torque e tem arrancada de zero a 60 milhas por hora (96 km/h) em ligeiros 3,5 segundos. A autonomia máxima é de 434 km, número que é superado por alguns rivais, mas é de respeito.

A segunda novidade é a E-Transit, versão elétrica da van líder de mercado mundo afora. O modelo comercial tem opções de carroceria chassi e furgão - este último apresentado no evento. São 269 cv e 43,8 kgfm de força, enquanto o alcance fica entre 267 e 315 km. O pack de baterias fica localizado logo abaixo da plataforma de carga, o que tolhe um pouco a capacidade do compartimento, mas que é compensado em parte pelo teto alto.