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ANÁLISE

Xodó dos endinheirados: por que o BMW Série 3 virou o HB20 dos ricos

Nova BMW Série 3 2019 Imagem: Divulgação

Julio Cabral

Do UOL, em São Paulo

06/08/2022 04h00

O Hyundai HB20 é o carro de passeio mais emplacado no acumulado de 2022, algo que fez dele o xodó dos compradores de automóveis acessíveis e compactos. Mas há modelos de segmento superior que vivem o mesmo fenômeno, como é o caso do BMW Série 3. O sedã é o líder do seu segmento e ultrapassa até mesmo as vendas do X1 no país. Há várias explicações para sabermos por que ele vende mais do que os rivais reunidos.

Vamos antes aos números. Foram 2.250 unidades do 320i, a versão mais importante, enquanto o 330e marcou 245 carros no acumulado do ano. Isso dá bons 2.495 automóveis até julho, segundo dados da Fenabrave.

Para você ter uma ideia, a Mercedes-Benz emplacou 634 unidades do Classe C. Está certo que a marca da estrela ainda tem o CLA comendo pelas beiradas, no entanto o modelo é menor e mais voltado a concorrer com o BMW Série 2 Gran Coupé. A diferença fica ainda maior em relação ao Audi A4, sedã que teve apenas 79 vendas em 2022.

O primeiro ponto é o preço. A versão mais vendida do Série 3 é a 320i, modelo que parte de R$ 289.950 e chega a R$ 338.950. Está longe de ser uma pechincha, mas a sua configuração mais cara ainda fica abaixo dos R$ 348.900 do Mercedes-Benz C200 21/22. Quer um 22/22? Prepare-se para gastar R$ 378.900, quase o preço pedido pelo 330e, híbrido plug-in que custa R$ 377.950.

A sensação é que o Série 3 repetiu o fenômeno visto entre os sedãs médios, segmento no qual o Toyota Corolla dominou ao ponto da Honda desistir do Civic nacional. Ainda resta o Cruze, que seria o Classe C do jogo dos sedãs premium.

Historicamente, o BMW Série 3 é focado no prazer ao dirigir desde a sua primeira geração, de 1975. Foram sete gerações até o momento, mas esse caráter de diversão foi um pouco replicado pela Audi e, principalmente, Mercedes-Benz, que seguiu a receita de sedã compacto (para os padrões antigos) com o 190, de 1982, modelo que evoluiu até dar lugar ao Classe C.

Porém, é a racionalidade que impera na hora da produção. O 320i é o único da classe que é produzido no Brasil. A fábrica de Araquari, em Santa Catarina, consegue atender melhor a demanda das concessionárias e dos consumidores com mais celeridade do que um dos rivais, dado que eles recorrem aos lotes de importação.

A atualização do Série 3 será lançada em setembro, por exemplo, e nem será dado um respiro na comercialização do atual. "Não vai haver um gap, a ideia é cadenciar a produção da versão atual com o modelo que chegará em breve", explica Michele Menchini, Diretora Comercial da BMW Brasil.

É uma estratégia que era seguida pela Mercedes-Benz na fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, unidade que foi fechada em 2020 e, posteriormente, vendida para a chinesa Great Wall. Eram produzidos localmente o Classe C e o GLA, SUV que concorre com o X1 - essa estratégia da BMW também vale para dar volume ao utilitário.

Ter um bom volume de automóveis em mão e prontos para serem distribuídos é mais do que uma carta na manga, é quase um baralho inteiro. E também é possível obter melhores preços com o conteúdo nacionalizado - algo que a Audi não consegue aplicar no Q3 e Q3 Sportback montados em São José dos Pinhais, Paraná.

Novo BMW Série 3 será lançado em breve Imagem: BMW/Divulgação

"Termos uma fábrica no Brasil é um diferencial estratégico que também ajuda a explicar o sucesso do 320i, porque temos muita flexibilidade e nos adaptamos de acordo com a necessidade dos nossos clientes. Conseguimos reagir com bastante rapidez para conseguirmos fazer as adaptações necessárias e customizar os carros de acordo com a necessidade. E isso também traz segurança ao cliente pelo fato do carro ser produzido localmente", ressalta Michele.

Talvez os exclusivistas de antigamente torcessem o nariz para um carro de luxo produzido no Brasil, afinal, o grande barato era afirmarem que possuem um importado. Foi-se o tempo.

Saíndo do puramente racional, há pontos que a marca não abre mão: tração traseira (há os de tração integral, mas a força é enviada com mais força para o eixo posterior), equilíbrio de peso entre os eixos e, claro, motores fortes.

O 320i conta com um 2.0 turbo de 184 cv e 30,6 kgfm, enquanto o híbrido plug-in 330e esbanja 292 cv e 42,8 kgfm, além de rodar até 66 km apenas com energia elétrica. Vale esclarecer que apenas o 320i é feito no Brasil. Quem sabe o híbrido seja fabricado aqui no futuro?

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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