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Por que o 5G não é a única opção para viabilizar os carros autônomos

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Imagem: Divulgação

Julio Cabral

Do UOL, em São Paulo

03/08/2022 08h00

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O 5G começou a ser oferecido em algumas cidades brasileiras recentemente, mas já é algo corrente em mercados desenvolvidos. A conectividade de ultra alta velocidade promete revoluções em vários setores, inclusive, no campo automotivo. Não são poucos os que afirmam que essa forma de conectividade será essencial para viabilizar os carros autônomos. UOL Carros procurou um especialista para ver se essa nova conectividade será indispensável nos veículos autônomos.

"Não existe um 5G ou o 5G. Existe não só diferentes modos, aquele mais puro ou que convive com o 4G. Isso vai ter um impacto no desempenho", ressalta Christian Rothenberg, professor da Unicamp. O uso automotivo é um dos mais desafiadores. "Você pode ter carros autônomos funcionais e com segurança que não usem o 5G. O 5G em sua versão mais avançada, se fosse adicionada a um carro autônomo, iria trazer benefícios, mas não é um requisito", afirma.

Alguns sistemas de segurança do próprio veículo vão trabalhar em conjunto com a nova conectividade, exemplos dos radares, câmeras e sensores ultrassônicos. Nenhum destes equipamentos dependerá da conexão, afinal, seria mais do que indesejável perder a assistência de segurança em trechos em que o 5G ou outra forma de comunicação não esteja ativa.

Nada ficará à espera de um sinal para acessar a nuvem de informações. Caso fosse possível, os novos assistentes poderiam dispensar os antigos, uma forma de baratear os projetos automotivos.

A substituição do sistema LTE (Long Term Evolution, ou evolução de longo termo), sobre o qual funciona o 4G e outros formatos de conectividade, não é uma necessidade tão urgente.

Vamos pegar os exemplos de duas novas tecnologias que estão chamando mais atenção no mercado. Mais popular nos Estados Unidos, Japão e Europa, o DSRC (Dedicated Short-Range Communication ou comunicação dedicada de alcance curto) se baseia na conexão carro a carro com o uso de ondas curtas.

Já disponível comercialmente desde 2015, a solução dispensa redes de operadoras de celular e GPS, uma vez que é baseada no wi-fi, além de ter pouca interferência das condições climáticas - algo que afeta intensamente o hemisfério Norte. Modelos de massa já contam com o sistema, caso do Volkswagen Golf de oitava geração.

Por sua vez, o mais recente C-V2X (Cellular Vehicle-Everything) promete conectar veículos a outros veículos, infraestrutura, pedestres e nuvem, sendo mais completo. A plataforma é criação da gigante Qualcomm e está sendo a preferida pela China e também pela Europa, que ainda está se decidindo por qual sistema deve escolher.

Curiosamente, a solução ainda funciona com LTE, embora a evolução com o 5G deva ser muito relevante. No estágio atual de desenvolvimento,

"O tempo menor da comunicação, certamente, é uma característica do 5G que permitiria trazer aprimoramentos para a operação desses carros autônomos, algo que com o 4G não seria viável. Se você precisa de dezenas de milissegundos para enviar a notificação e outras dezenas de milissegundos para voltar, até que gere a notificação, o carro já bateu", explica Christian.

Tudo depende da infraestrutura de conexão. Pontos de conexão com a via, com a nuvem e outros pontos vão variar de lugar para lugar.

"Não sei se o 5G vai conseguir realmente cobrir todas as ruas e estradas. Isso em uma visão a muito longo prazo. Qualquer carro autônomo deveria funcionar mesmo que o 5G caísse", completa. Lembrando que ainda não se tratam de carros inteiramente autônomos, pois os sistemas não dispensaram o motorista

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