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Carro elétrico pode matar os automóveis baratos convencionais

Caoa Chery iCar é o elétrico mais barato do Brasil - Divulgação
Caoa Chery iCar é o elétrico mais barato do Brasil Imagem: Divulgação

Julio Cabral

Do UOL, em São Paulo

06/07/2022 12h00

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Carros elétricos não são acessíveis lá fora ou no Brasil. Por aqui, é necessário pagar bem acima do preço normal de um hatch compacto para termos um modelo do tipo. O Caoa Chery iCar custa R$ 139.990, o Renault Kwid sai por R$ 146.990 e o JAC-ES1 sai por 159.900. São os elétricos mais "acessíveis" do mercado.

Vamos pegar o Kwid E-Tech como exemplo, uma vez que ele é o único do trio que tem uma versão a combustão. O Kwid convencional tem preços entre R$ 64.690 e R$ 70.490. Se aplicarmos a conta ao mais barato, ele custa menos que a metade da variante elétrica.

A conclusão é que sai caro fazer um elétrico. Isso pode determinar uma subida de custos em relação ao panorama atual, que já enfrenta um encarecimento geral de preços. São vários fatores, entre eles, as altas tarifas de impostos, a disparidade entre o dólar e o real, insumos cada vez mais caros e o pequeno percentual de nacionalização de alguns veículos.

Foi-se há muito tempo a fase dos compactos populares, uma vez que o encarecimento geral afetou todas as classes de carros. Com exceção do Kwid e do Fiat Mobi, não há mais aqueles subcompactos por um preço menor do que seus respectivos concorrentes compactos.

A dependência de componentes importados encareceria mais ainda o produto, que já é caro o suficiente. Sem falar das matérias-primas necessárias para a produção de baterias, o ponto mais caro de qualquer elétrico. Caso sigam as ondas do dólar, nada disso será barato.

O que nos leva ao segundo ponto. Mesmo que algumas marcas estejam descartando motores a combustão, as decisões sobre a mudança de matriz energética talvez sejam mais pensadas para os mercados estrangeiros, onde a renda é maior e há incentivos mais polpudos para elétricos.

A despeito disso, muitos fabricantes alertam que os elétricos talvez causem dois problemas: a manutenção de empregos, dado que eles usam menos componentes, e a impossibilidade de fazer carros menores. Afinal, a fatia de lucro deles é ainda menor.

Também há um outro porém. Mesmo que aceitem a cartilha dos elétricos, alguns donos de modelos maiores teriam que descer um degrau, pois a variante tem grandes chances de um carro menor.

Vide o panorama atual dos elétricos mais baratos: todos são automóveis subcompactos e estão longe de oferecerem o mesmo nível de espaço para pessoas e bagagem presente em um compacto tradicional ou SUV pequeno. O contrário também se aplica: para quem tem um automóvel a combustão mais barato, subir um degrau seria igualmente complicado.

Dados os maiores custos de produção, os elétricos acabarão sendo modelos para elite. Talvez a sobrevida dos automóveis a combustão seja justamente no mercado de seminovos. Será que eles vão valorizar ainda mais?

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