R$ 2 milhões e 585 cavalos: como é o Mercedes apreendido com chefão do PCC

A 'Operação Dalila', deflagrada ontem pela Polícia Civil de São José dos Campos (SP) para cumprir mandados de busca e apreensão relacionados a um esquema de lavagem de dinheiro, resultou no bloqueio de imóveis avaliados em R$ 40 milhões e na apreensão de joias, artigos de luxo e uma frota de carros estimada em R$ 12 milhões pertencentes a um dos chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Os modelos chamam a atenção pelo valor e pela imponência dos veículos, que vão desde uma motocicleta a um Mercedes de 585 cavalos — que, sozinho, ultrapassa os R$ 2 milhões.

Os bens apreendidos, somados, já passam dos R$ 50 milhões, e teriam sido adquiridos como parte de um esquema liderado por um dos chefes da facção criminosa PCC no Vale do Paraíba, o traficante João Aparecido Ferraz Neto, mais conhecido como "João Cabeludo". Dentre os carros apreendidos em uma das casas revistadas está o Mercedes-AMG GT-R verde, com valor de mercado superior aos R$ 2 milhões.

"Monstro do inferno verde"

Apelidado de "monstro do inferno verde" -- uma referência ao circuito de Nürburgring, na Alemanha --, a primeira versão do super-carro foi lançada oficialmente em 2017 na Europa, sendo composto por 585 cavalos (430 KW de potência nominal). No Brasil, o veículo é vendido sob encomenda em concessionárias autorizadas da Mercedes-Benz.

No site da marca, o Mercedes-AMG GT-R é apresentado como um ícone sem igual do automobilismo, por seu design único e capacidade de operação: um carro deste modelo alcança velocidade máxima de 318 km/h e possibilita aceleração que vai de 0 a 100 km/h em apenas 3,6 segundos. O motor é um potente V8 biturbo AMG de 4 litros.

O veículo também possui 700 Nm de torque no eixo traseiro e consumo de combustível combinado de 11,4 litros para cada 100 quilômetros, com transmissão esportiva de 7 marchas. Além disso, vem com ampla tecnologia empregada, incluindo controle automático de distância, que reduz o risco de colisão traseira.

Dentre outros recursos disponíveis para quem está apto a desembolsar caro pelo super-carro estão um assistente de frenagem ativo, "assistente de atenção" que alerta o motorista para sinais de cansaço ao volante e assistentes de manutenção de trajetória e de ponto cego, ou seja, capaz de identificar riscos no trânsito.

Além do Mercedes-AMG GT-R, na garagem de luxo do chefe do PCC ainda havia modelos das marcas Porsche e Toyota, como dois Porsches modelo Macan preto e branco, com preços iniciais sugeridos a partir de R$ 400 mil. A "garagem da ostentação" também tinha opções mais simples, como uma Honda Biz azul e um carro da marca Volkswagen.

Entenda o caso

A ação foi liderada por agentes do Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro de São José dos Campos (SECCOLD/Deinter 1), e tinha como alvo a organização criminosa que seria comandada por "João Cabeludo". Ele está foragido da Justiça (provavelmente escondido na Bolívia, conforme a polícia) e possui mais de 500 anos de condenação somados por diferentes crimes e passagens policiais.

Ao todo, foram realizadas 210 representações judiciais em endereços ligados ao traficante, familiares do suspeito e pessoas apontadas como laranjas num esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas fantasmas. De acordo com a Polícia Civil de São José dos Campos, durante oito meses, a estrutura da organização foi investigada e descobriu-se que o capital social dos negócios ilegais operados pelo grupo criminoso ultrapassa os R$ 12 milhões.

Ainda segundo a Polícia Civil, as diligências se estenderam por 11 cidades de São Paulo. A investigação segue em curso e o valor integral dos bens levantados ainda será contabilizado, quando houver a conclusão dos bloqueios de CPFs e CNPJs das pessoas ligadas à quadrilha.