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Por que está mais difícil comprar uma moto mesmo com produção em alta

Apenas 30% dos pedidos de financiamento de motos são aprovados - Divulgação
Apenas 30% dos pedidos de financiamento de motos são aprovados Imagem: Divulgação

Paula Gama

Colaboração para o UOL

14/06/2022 04h00

A produção de motocicletas está a todo vapor. Apenas nos cinco primeiros meses do ano, 569.598 unidades foram produzidas, o volume é 22,9% maior que o registrado no mesmo período de 2021 (463.413 unidades). Esse é o melhor resultado para o período desde 2015, mas não significa que ficou mais fácil ter uma moto na garagem. Pelo contrário, dados do setor revelam que financiar é um privilégio de poucos.

Os números da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) mostram um cenário otimista, com a expectativa de 1,29 milhão de motos produzidas em 2022.

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Por outro lado, dados da Fenabrave - entidade que reúne os revendedores de veículos novos - informam que existe uma restrição de crédito para o setor: apenas 30% dos pedidos de financiamento são aprovados.

Até novembro do ano passado, a aprovação era de 48%. A redução é importante, já que 40% das vendas de motos são feitas por meio de financiamento.

"E, de longe, o segmento que aponta o melhor resultado até maio, e tem tudo para ter um excelente ano de 2022 apesar da restrição de crédito, que ainda está se mantendo em 30% de aprovação dos cadastros para financiamentos", diz José Andreta Jr, presidente da Fenabrave. Para ele, o consórcio segue sendo uma boa alternativa de crédito para os consumidores.

Alto nível de inadimplência assusta bancos

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), a parcela de inadimplentes, quem tem contas ou dívidas em atraso, chegou a 28,7% das famílias brasileiras em maio. É a oitava alta consecutiva do indicador, que vem crescendo desde outubro de 2021. Para a Abraciclo, esse dado tem relação direta com a restrição de crédito para a compra de motos.

"A alta da inflação e dos juros elevaram o nível de inadimplência e os agentes financeiros estão mais atentos para não ocorrerem novamente os problemas do passado. Além disso, o desemprego e a comprovação de renda completam as dificuldades de aprovação de créditos", afirma a entidade.

Já a Federação Brasileira de Bancos (Febrabran) explica que mesmo reduzindo o número de aprovação, o saldo total de empréstimos cresceu - o que pode ser justificado com o aumento do valor dos veículos.

A instituição também explicou que o empréstimo para a compra de motos tem um custo operacional maior, já que é mais difícil recuperar o bem em caso de inadimplência, com uma demora superior a um ano e meio.

"De acordo como a última publicação sobre as carteiras de crédito do Banco Central, em fevereiro de 2022, o saldo do crédito dos bancos para financiamento de veículos, incluindo automóveis e motocicletas, apresentou um crescimento de 8,96% em relação ao mesmo período de 2021, atingindo R$ 244,05 bilhões. Esse crescimento ocorre mesmo diante das características desse tipo de financiamento, que apresenta dificuldades para localização e recuperação de garantias, representando maiores custos operacionais e um prazo médio superior a 18 meses para recuperação das garantias", afirmou a Febraban, por meio de nota.

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