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Câmbio automático: 5 segredos que não te contam na autoescola

Os carros com câmbio automático são mais simples de dirigir em relação aos manuais, mas não deixam exigir alguma experiência - Shutterstock
Os carros com câmbio automático são mais simples de dirigir em relação aos manuais, mas não deixam exigir alguma experiência Imagem: Shutterstock

Paula Gama

Colaboração para o UOL

15/03/2022 14h08Atualizada em 19/03/2022 17h08

Os câmbios automáticos já representam mais da metade dos carros novos vendidos no Brasil. Isso significa que boa parte dos motoristas recém formados nas autoescolas não usam o pedal de embreagem no dia a dia.

Os carros equipados com câmbio automático são, obviamente, mais simples de dirigir em relação aos manuais, já que não exigem tantos comandos do motorista; contudo, não deixam de exigir alguma dose de experiência e conhecimento para que sejam operados do jeito certo.

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Por isso, separamos cinco dicas sobre o equipamento que você provavelmente não aprendeu na autoescola e farão toda a diferença no uso cotidiano. São alertas de que algo não vai bem no câmbio automático, e vale a pena visitar um mecânico de confiança o quanto antes.

1 - Use o Neutro apenas para reboque

O Neutro não deve ser acionado ao parar no sinal ou na para economizar combustível, a prática tem efeito inverso - Divulgação - Divulgação
O Neutro não deve ser acionado ao parar no sinal nem para economizar combustível; a prática tem efeito inverso
Imagem: Divulgação


Em carros equipados com câmbio manual, o indicado é colocá-lo em ponto-morto ao parar em um semáforo, por exemplo, para evitar o desgaste prematuro da embreagem, que deve ser acionada somente em arrancadas e na troca de marchas.

No entanto, com os carros automáticos o procedimento deve ser diferente. De acordo com Camilo Adas, presidente da SAE Brasil, a função "N", correspondente ao ponto-morto, foi criada para situações de manutenção, quando é preciso rebocar o veículo ou movimentá-lo com o motor desligado, liberando as rodas que tracionam o veículo.

"Não coloque o câmbio automático em neutro enquanto você aguarda o sinal abrir. Mantenha na posição 'D' com o pé no freio, pois isso mantém o sistema hidráulico pressurizado e permite arrancar com mais rapidez", ensina o especialista.

Vale destacar que alguns carros trazem tecnologia que desacopla automaticamente o câmbio, inclusive com o veículo em movimento, para poupar combustível.

2- Nunca mexa na alavanca com o carro em movimento

Ao manobrar, na pressa, é comum o condutor selecionar a opção "R" (ré) com o veículo ainda se movimentando para a frente. Ou acionar "P" (estacionamento), que trava as rodas motrizes, antes de o carro parar completamente.

Mesmo que a "barbeiragem" aconteça em baixa velocidade, destaca o engenheiro da SAE Brasil, com o tempo vai danificando componentes da transmissão automática, como engrenagens.

"O risco é maior em câmbios mais antigos, cujas posições são acionadas mecanicamente. Modelos mais recentes são equipados com um controle eletrônico que impede acionar a ré ou a posição de estacionamento com o veículo ainda se movimentando", pontua.

3- Não tente fazer o motor pegar no "tranco"

Se a bateriar arriou, é melhor fazer uma "chupeta" - Foto: Shutterstock - Foto: Shutterstock
Se a bateriar arriou, é melhor fazer uma "chupeta"
Imagem: Foto: Shutterstock

A bateria arriou? Em veículos equipados com câmbio manual, a saída é fazer o motor pegar "no tranco", ou seja: virar a chave de ignição, engatar a segunda marcha, "embalar" o carro e soltar suavemente o pedal de embreagem.

A tática não está livre de riscos, especialmente se a correia dentada se romper: nesse caso, a possibilidade de danificar uma ou mais válvulas é grande.
Existem carros automáticos que, em tese, também podem "pegar no tranco" - segundo Erwin Franieck, mentor em engenharia avançada da SAE Brasil. No entanto, a prática deve ser evitada.

Ele orienta a posicionar o seletor em "N" e colocar em "D" ou "2" quando o veículo atingir uma velocidade de aproximadamente 20 km/h. Com isso, o motor deve ligar.

Ao mesmo tempo, o "tranco" força componentes e, se for realizado de forma recorrente, as chances de dor de cabeça aumentam - e muito.
"Se a bateria ficar descarregada, o recomendado é fazer a 'chupeta' ou recarregá-la usando aparelho específico para este fim. Se a bateria já não retiver a carga, aí será necessário trocá-la por uma nova", recomenda Edson Orikassa, diretor da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).

4- Não é preciso pisar no freio em descidas

Ladeira - Eduardo Anizelli/Folhapress - Eduardo Anizelli/Folhapress
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Automóveis automáticos são capazes de permanecer parados na ladeira sem a necessidade de o condutor acionar os freios: dependendo da inclinação da via, a marcha lenta já é suficiente para "segurar" o carro. Em outros casos, basta colocar uma leve pressão no pedal do acelerador para isso acontecer.

Ainda que veículos automáticos convencionais utilizem conversor de torque, que não sofre desgaste mecânico como a embreagem, mantê-los parados da forma descrita acima é uma "barbeiragem".

"Usar a marcha lenta ou a aceleração para 'segurar' o carro esquenta o óleo da transmissão e aumenta o consumo de combustível sem necessidade", alerta Cláudio Castro,conselheiro da SAE Brasil.

O especialista recomenda manter o pé no freio sempre que o carro estiver parado, como em semáforos, independentemente da inclinação da via.
"Dessa forma, o conversor de torque é desacoplado e o motor fica livre, sem gastar combustível".

5- "Trancos" nas trocas de marchas significa problema

Muitos acreditam que o câmbio automático não requer manutenção preventiva e essa crença pode gerar prejuízos pesados lá adiante. Transmissão automática tem engrenagens e outras peças que precisam estar bem lubrificadas, da mesma forma como acontece em veículos manuais. Um dos maiores sinais de alerta são os trancos nas trocas de marchas.

As especificações e os prazos para a troca do fluido são indicados no manual do veículo e devem ser respeitados. O serviço, inclusive, pode ser antecipado, dependendo das condições de uso do automóvel.

Vale destacar que alguns modelos não trazem a recomendação de troca de óleo, que supostamente dura por toda a vida útil do veículo. No entanto, isso não significa que a transmissão automática está livre de problemas de lubrificação.

"Pode acontecer algum vazamento, o que reduz o nível do lubrificante, elevando o atrito entre partes internas e elevando a temperatura, que é uma grande vilã quando se trata de carros automáticos", alerta Edson Orikassa.

O especialista da AEA destaca que, além da redução no nível, o óleo pode receber algum tipo de contaminação por agentes externos, o que reduz a sua eficiência. "Vale verificar o óleo durante as revisões. Se apresentar uma aparência escurecida, isso pode sinalizar que já não apresenta as características necessárias de lubrificação.

Problemas com o óleo apresentam sintomas comuns, como trancos na troca de marchas. A transmissão também pode "patinar", ou seja, ao acelerar o carro demora alguns instantes para tracionar as rodas.

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