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Redução do IPI: por que nem todas as montadoras repassaram o desconto

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Imagem: Divulgação

José Antonio Leme

Do UOL, em São Paulo (SP)

09/03/2022 04h00Atualizada em 10/03/2022 15h09

Um dos assuntos que mais tem chamado a atenção na última semana no mercado automotivo é a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que o governo federal anunciou por meio de um decreto do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Depois que o decreto entrou em vigor e ficou estabelecida as regras que reduziram o IPI em 18,5% para carros (e até 25% para linha branca), surgiu o questionamento sobre como está ocorrendo repasse do desconto por parte das montadoras.

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O decreto não tem validade, ou seja, enquanto não for revogado mantém a redução, assim como não estipula ou obriga as montadoras a fazer o repasse integral da redução de IPI ao preço final para o consumidor.

Presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, disse em entrevista ao UOL Carros que a associação não tem a prerrogativa de fazer com que os associados repassem integralmente o desconto do governo.

"O espírito do corte do IPI é reduzir o preço final do carro e ajudar o mercado a se movimentar, mas por causa da inflação, algumas marcas estão equalizando esse repasse", diz o executivo.

Em termos práticos, isso significa que algumas evitaram novos aumentos de preço com a chegada da redução do IPI, mas não conseguiram baixar os valores - ou fizeram descontos menores.

Vale lembrar que carros com maior valor de tabela acabam apresentando, na equivalência, uma maior redução de preço, já que seus valores também são mais altos.

Consultadas pela reportagem, a maioria das marcas instaladas no Brasil, sejam como montadoras ou importadoras, respondeu sobre qual o caminho tomado em relação à redução do IPI.

Fiat, Ford, Honda, Hyundai, Kia, Mercedes-Benz, Nissan, Renault, Toyota, Volkswagen e Volvo confirmaram que estão fazendo o repasse integral da redução de IPI ao preço final dos seus carros, conforme as tabelas por motorização, que têm diferentes alíquotas.

Nissan e Volvo pontuaram ainda que mesmo os carros que já estavam faturados, ou seja, que estão no pátio das concessionárias, terão a base de IPI revisto. De acordo com a Anfavea, isso é fácil de se fazer, não gera problemas e está totalmente dentro da lei.

As demais marcas do grupo Stellantis (Citroën, Dodge, Jeep, Peugeot, Ram), em uníssono, deram uma resposta que vem ao encontro do que falou Moraes sobre evitar aumentos com a redução.

"Os preços de matérias-primas, insumos e componentes estão subindo em todo o mundo, em um processo inflacionário que afeta inúmeros setores industriais. O fenômeno ocorre de modo claro e visível no Brasil, acarretando sucessivos aumentos dos custos de produção e, consequentemente, dos preços de produtos industrializados.

Sensível a esta realidade global, o governo acertadamente reduziu a alíquota de IPI sobre vários produtos industrializados. Esta medida vai permitir à indústria compensar parcial e temporariamente a alta dos custos de produção sem necessidade de elevar de imediato os preços dos produtos."

A GM optou por enviar apenas exemplos de três modelos da marca e a redução de preços que eles tiveram. O Onix 1.0, versão de entrada, teve seu valor reduzido em R$ 800 de R$ 74.620 para R$ 73.820 (1,07%).

O Cruze RS, versão única do hatch médio, teve redução de R$ 2.220 de R$ 154.500 para R$ 152.280 (redução de 1,43%) e a S10 Z71, versão aventureira da picape, foi de R$ 276.190 para R$ 271.910, uma redução de R$ 4.280 ou 1,54%.

Na HPE, grupo responsável pelas marcas Mitsubishi Motors e Suzuki Veículos, também houve reduções, mas não tão fortes em porcentagem. A versão mais completa da picape L200 Triton Sport, a HPE-S, saiu de R$ 301.990 para R$ 298.990, R$ 3 mil ou R$ 0,99% de redução, por exemplo.

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