Topo

Carros ficaram mais frágeis? Por que isso pode salvar sua vida em acidentes

José Antonio Leme

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/02/2022 04h00

No vídeo que ilustra essa matéria, dois carros novos, dos anos 2000, colidem em um engavetamento que também tem um Dodge Dart, carro da década de 1970 e que, pelas imagens, fica praticamente intacto.

Compartilhado nas redes sociais com frases como "carro de hoje em dia é de brinquedo" ou "bons eram os carros de antigamente que não quebravam com qualquer batidinha", esse vídeo esconde uma realidade que muitos não percebem: o fato desses carros "se destruírem" com maior facilidade é o que salva vidas em acidentes de trânsito.

  • O UOL Carros agora está no TikTok! Acompanhe vídeos divertidos, lançamentos e curiosidades sobre o universo automotivo.

Alguém já deve ter ouvido um parente mais velho dizer que "os carros de antigamente eram melhores porque aguentavam pancadas" também sem estragar.

A explicação mais simples é que os carros se desmancham em caso de colisão para absorver todo o impacto que iria direto para os corpos dos ocupantes, o que acontece com veículos mais velhos que não se desfazem.

Por trás disso há muito estudo e trabalho de governo e marcas para chegar a estes resultados, que inevitavelmente tornam os carros também mais caros com novas tecnologias, tanto embarcadas quanto no seu desenvolvimento.

Os carros amassam mais hoje em dia, ou se 'desmancham' como alguns gostam de dizer, porque têm as chamadas zonas de deformação programável.

Essas áreas são responsáveis por, ao se destruir, dissipar a energia de uma colisão e reduzir ou impedir que essa força chegue aos ocupantes.

Durante os testes e simulações em computadores, mesmo antes de criarem protótipos reais, as marcas fazem simulações de colisões e sabem onde colocar diferentes tipos de aço na estrutura, de forma que a deformação seja controlada.

VW Polo monobloco MQB - José Antonio Leme - José Antonio Leme
Monobloco do VW Polo, em 2017, durante o lançamento
Imagem: José Antonio Leme

Para ficar melhor exemplificado, a foto acima mostra o monobloco do Polo que é vendido atualmente no Brasil, durante o lançamento em 2017. Cada uma das cores representa um diferente tipo de aço, entre as áreas que podem colapsar mais ou menos.

As longarinas pintadas de vermelho, por exemplo, são peças que devem resistir mais. O mesmo tipo de aço foi aplicado na parte inferior do monobloco, em caso de colisão lateral.

Os aços mais macios, que devem se deformar, ficam nas extremidades - dianteira e traseira - onde ocorrem com mais facilidade os pontos de colisão.

Além de toda essa estrutura programada para se desmanchar e proteger os ocupantes, os carros estão mais seguros porque contam ainda com mais dispositivos de segurança.

Tanto é que testes como o do Latin NCAP levam em conta itens como número de airbags e se o carro tem dispositivos eletrônicos de segurança ativa ou passiva, como frenagem autônoma de segurança e de frenagem pós-colisão, por exemplo.

Mais novo é mais seguro sim

Um estudo do NHTSA, um órgão governamental norte-americano de segurança viária, mostrou que conforme os carros foram ficando mais novos, ficaram mais seguros.

Um dado comparou veículos de 1997 com modelos de 2007. A cada 100 mil carros registrados, havia uma taxa de 17.81 de mortes de ocupantes em acidentes em 1997, em 2017, os dados caíram para 10.05 a cada 100 mil veículos.

Na pesquisa, eles também mostravam que o carro médio nas ruas e estradas em 2012 tinha uma porcentagem 56% menor de risco de morte para os ocupantes do que um que circulava pelos EUA no fim dos anos 1950, além de trazer o dado de vidas salvas em 2012 se comparado a 1960: 27.621 vidas contra 115 em acidentes.

Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.