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'Brinquedo' de R$ 4 milhões: como são os bonecos usados em testes de carros

Crash-test da Volkswagen - Divulgação
Crash-test da Volkswagen Imagem: Divulgação

José Antonio Leme

do UOL, em São Paulo (SP)

09/12/2021 04h00

Consegue imaginar o motivo de um "boneco" custar entre R$ 1,5 e R$ 4 milhões? Bem, em termos práticos é para proteger a sua vida, caro leitor.

Os bonecos que falamos e que com certeza não seriam brinquedos para seus filhos ou netos são chamados de dummies. Esses bonecos simulam bebês, crianças, adolescentes e adultos, com diferenças nos corpos de homens e mulheres, em testes de colisão.

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UOL Carros teve a oportunidade de conferir um teste de perto durante a celebração dos 50 anos do laboratório de segurança veicular da Volkswagen, no qual eles realizaram um teste com o Taos, nos mesmos padrões usados pelo Latin NCAP e que superam o exigido pela legislação brasileira atualmente, e ver como esses bonecos são preparados e "sofrem".

Além de serem caros, os bonecos são produzidos por apenas uma empresa em todo o mundo que fornece não apenas para montadoras de carros, mas também para outros testes que exigem entender o que acontece com o corpo humano durante impactos, como aviões, por exemplo.

Para garantir que os testes sejam precisos, há dummies de diferentes tamanhos e pesos, para simular, é claro, os diferentes biótipos humanos existentes e ver como uma pessoa de 50 kg e 1,60 m ou uma de 90 kg e 1,90 m vão reagir em caso de colisão.

Esses bonecos têm a carcaça externa que vemos, que dá a aparência de um ser humano, e por dentro são cheios de sensores. Os dummies que simulam adultos tem entre 60 e 70 sensores espalhados por todas as áreas.

Os dummies infantis simulam bebês a partir de 1,5 ano. "Essa idade é escolhida porque, o corpo já tem certa firmeza, mas a região da cabeça e do pescoço ainda não", conta Paulo Morassi, Gerente da Área de Segurança Veicular na VW.

Eles estão, dependo do teste, em diferentes dispositivos de retenção: bebê-conforto ou a cadeirinha. Nos infantis, o número de sensores espalhados cai para cerca de 30.

Crash-test da Volkswagen - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Maquiagem para a batida

Além de todos os sensores, os testes ainda trazem um aspecto "raiz". Logo antes de iniciar o teste de colisão, um especialista da engenharia faz uma "maquiagem" no rosto dos dummies, pintando cada um deles à mão.

Essa pintura, claro, não tem a intenção de deixá-los bonitos para o impacto. No teste que acompanhamos foram usadas três cores: vermelho na testa, verde no nariz e amarelo no queixo.

A proposta é usar as cores para medir o impacto dos airbags no contato com os dummies na hora da abertura. Os airbags também são testados e calibrados na sua abertura para cada carro criado e desenvolvido por causa de distância, altura e peso diferentes.

Crash-test da Volkswagen - José Antonio Leme/UOL - José Antonio Leme/UOL
Imagem: José Antonio Leme/UOL

Carros têm revisão, dummies também

De acordo com a Volkswagen, a cada 5 vezes que são usados em testes, esses bonecos precisam ter seus sensores recalibrados e aferidos para garantir a qualidade dos próximos testes, além dos sensores, outras peças externas também são avaliadas para, em caso de danificação, sejam substituídas, tal qual os sensores.

A tolerância de desvio permitido nessas avaliações é reduzido, afinal, além de tratar da segurança dos ocupantes, também custa caro a realização desses testes.

Por isso, o tempo total de produção de um teste de colisão é de cerca de três semanas. Na primeira semana a engenharia monta os sensores dos dummies e nos carros a serem testados. Na segunda semana realiza o teste na pista de pouco mais de 100 metros, no caso da pista da VW, e na terceira são avaliados os dados do teste.

Os carros batidos para homologação de novos produtos ficam guardados por cerca de seis meses, caso seja necessário apresentar os resultados físicos dos testes ou, em caso de auditoria por parte do governo dos resultados, o que pode acontecer.

crash-test do VW Taos - José Antonio Leme/UOL - José Antonio Leme/UOL
Imagem: José Antonio Leme/UOL

Um carro batido, mas até dois testes

O teste realizado pela companhia e que pudemos assistir é o mesmo cobrado pelo Latin NCAP para oferecer as notas de segurança do veículo: colisão frontal a 64 km/h em uma barreira deformável com 40% de impacto da dianteira (off-set).

Nesse caso, o carro pode ser utilizado mais uma vez. Após uma avaliação, ele pode ser utilizado também para o teste de colisão traseira, já que essa área do carro não sofreu impactos.

De acordo com a VW, no caso de impactos laterais, como o teste de colisão contra poste ou um carro, dificilmente o carro pode ou consegue ser utilizado novamente.

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