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Câmbio automático: o que acontece ao selecionar P ou R com o carro andando

Câmbio automático tem proteções eletrônicas, mas não está imune a barbeiragens que podem destruí-lo ou reduzir vida útil - Divulgação
Câmbio automático tem proteções eletrônicas, mas não está imune a barbeiragens que podem destruí-lo ou reduzir vida útil Imagem: Divulgação

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

01/12/2021 04h00Atualizada em 01/12/2021 13h35

O câmbio automático tem gradualmente se tornado mais acessível e hoje equipa um elevado percentual dos carros zero-quilômetro vendidos no País. Já faz algum tempo que a maioria dos modelos compactos traz versões que dispensam o pedal de embreagem e têm considerável demanda.

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Muitos estão apenas começando a usar esse tipo de transmissão e é natural surgirem dúvidas e acontecer, eventualmente, alguma "barbeiragem". Dentre as dúvidas, uma das mais comuns envolve o uso das funções P, que deve ser acionada ao estacionar o veículo; e R, para manobrá-lo de ré. O que acontece, por exemplo, quando você seleciona essas posições com o carro em movimento?

Para esclarecer essa e outras questões, UOL Carros conversou com o engenheiro Cláudio Castro, integrante do Comitê Técnico de Transmissões da SAE Brasil. Ele destaca que o câmbio automático tem evoluído bastante, inclusive no que se refere a recursos para protegê-lo de danos decorrentes da operação incorreta.

Contudo, pontua, hoje existem no mercado veículos novos mais ou menos avançados em relação às salvaguardas tecnológicas. Portanto, dependendo do carro, o risco de uma bobeada "dar ruim" varia.

Especificamente quanto à posição P, Castro explica que a função de estacionamento utiliza chaveta que se conecta a um conjunto de engrenagens do câmbio ligadas, por sua vez, às rodas motrizes, que ficam travadas. Se esse travamento acontecer enquanto o automóvel está se movimentado, não é difícil de imaginar o resultado.

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"Câmbios modernos trazem um sensor de rotação para impedir o acionamento involuntário das funções P e R com o veículo rodando. Mesmo assim, sei de casos em que a posição P foi selecionada em velocidade razoável, quebrando todos os dentes de uma engrenagem e inutilizando a transmissão, que teve perda total".

Quanto ao eventual engate da ré com o veículo em movimento, inclusive em rodovias, o especialista informa que você pode até conseguir posicionar o seletor em R, mas geralmente o câmbio é colocado em neutro, de forma a impedir não apenas danos gravíssimos, como também elevado risco de acidente.

"Muitos seletores são acionados mecanicamente, mas a ativação das diferentes funções se dá, em muitos casos, por meio de atuadores gerenciados eletronicamente. Contudo, não convém arriscar".

As situações descritas acima são extremas e, de fato, dificilmente vão acontecer no uso cotidiano. Contudo, é bastante comum, ao manobrar o veículo, selecionar P ou R com ele ainda se movimentando.

Evite 'manobras abusivas'

Sabe os trancos que o carro automático dá ao ser manobrado? Eles sinalizam operação errada e apressada - Divulgação - Divulgação
Sabe os trancos que o carro automático dá ao ser manobrado? Eles sinalizam operação errada e apressada
Imagem: Divulgação

Cláudio Castro destaca que, em velocidades mais baixas, o sensor de rotação mencionado acima não detecta o movimento do veículo e acaba aceitando "manobras abusivas".

Ainda que as tais manobras erradas aconteçam a 3 km/h ou abaixo disso, pontua, a repetição ao longo do tempo pode efetivamente danificar o câmbio - cujo reparo não costuma ser barato.

"Na pressa, é comum você colocar o seletor em P ou N enquanto as rodas ainda giram e perceber um tranco. Isso sinaliza que componentes internos estão sendo forçados e sofrendo desgaste prematuro e sem necessidade".

O membro da SAE Brasil dá uma recomendação simples, mas que faz toda a diferença: pisar no freio e parar o carro totalmente antes de continuar manobrando.

Castro acrescenta que o mau uso do câmbio, nas condições já mencionadas, vai desgastando peças metálicas, formando uma limalha dentro da transmissão. Existem ímãs para separar essa limalha e impedir que ela contamine o óleo, mas sua eficiência fica limitada quando a quantidade do material chega a determinado ponto.

"Os pedaços de metal comprometem a lubrificação, danificando não só as engrenagens, como também embreagens multidiscos, bomba de óleo e conversor de torque", alerta.

Os sintomas mais comuns são perda de torque nas acelerações, nas quais o motor gira e não transmite toda a força para as rodas, e até o travamento de engrenagens, limitando, por exemplo, o funcionamento da transmissão a determinado número de marchas.

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