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Adeus, Sandero? Renault vai priorizar SUVs e modelos mais caros no Brasil

Renault Sandero (foto) e Logan não deverão ter sucessores no mercado brasileiro, sinaliza CEO global da marca francesa - Divulgação
Renault Sandero (foto) e Logan não deverão ter sucessores no mercado brasileiro, sinaliza CEO global da marca francesa Imagem: Divulgação

Vitor Matsubara

Colaboração para o UOL, em São José dos Pinhais (PR)*

11/11/2021 15h43Atualizada em 11/11/2021 16h11

A Renault pretende mudar no Brasil o foco dos produtos populares para modelos mais refinados - e rentáveis.

A informação foi anunciada hoje (11) por Luca de Meo, CEO global da Renault, durante evento realizado na fábrica da marca francesa em São José dos Pinhais (PR).

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Ele também confirmou que novos investimentos serão realizados no País após 2022 e antecipou que a nacionalização de peças é uma opção para "fugir da volatilidade do cambio".

"Hoje somos uma marca de compactos, mas a ideia é que a Renault claramente se posicione nos segmentos mais altos. Vamos tentar posicionar a Renault em outro nível de mercado. Não queremos transformá-la em uma marca de nicho, até porque estamos falando de uma marca popular por definição. Mas pretendemos oferecer produtos de alto nível no futuro".

Embora não tenha confirmado com todas as letras, as declarações de Luca indicam que a era de projetos de baixo custo, derivados da romena Dacia, está por terminar.

Com isso, modelos como Logan e Sandero não devem ter sucessores. Apenas o Kwid, cuja reestilização está prestes a estrear, deve ser mantido em linha.

"São produtos que tiverem sucesso, mas que estão prestes a chegar ao fim de seus ciclos de vida nos próximos anos. O que posso garantir é que a Renault sempre terá uma forte presença no segmento de compactos", disse o executivo.

Segundo ele, a ideia é oferecer "a mesma qualidade e o mesmo nível de tecnologia em todos os países do mundo".

"Não vamos ter divisões de mercado. A ideia é que sejam produtos globais. Vamos ter uma nova onda de produtos a partir de 2022. São produtos como o (Renault) Kwid elétrico, que mostram como queremos ser referência em eletrificação".

De Meo afirmou ser "possível" que o Kwid, uma exceção nessa nova estratégia de priorizar modelos mais caros, seja o carro a baterias mais acessível do mercado brasileiro.

Mudança de rota

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Luca já havia dado indícios de que promoveria uma mudança em sua estratégia comercial no país.

Recentemente, o executivo afirmou que a Renault partiria para uma estratégia que entregasse maior rentabilidade em seus produtos. Sincero, ele afirmou que a postura de buscar volume (tão defendida na gestão de Carlos Ghosn) "não foi uma boa ideia".

"São tempos difíceis, mas temos que melhorar a qualidade dos negócios. Buscamos mercado no Brasil (com modelos mais acessíveis e de alto volume) e isso não foi uma boa ideia, agora temos que elevar o patamar. Temos uma visão cada vez mais clara do que pretendemos fazer em toda a região, em toda América Latina".

Na época, Luca admitiu que o Brasil possui uma linha defasada em relação a alguns países da Europa.

"Não queremos tratar o Brasil diferente do que tratamos do mercado europeu. Os clientes do Brasil não merecem menos do que fazemos para os europeus".

Bigster é exemplo para o futuro

Dacia Bigster Concept - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O Dacia Bigster (foto acima), projeto desenvolvido pela marca romena que é subsidiária da Renault, é tido como referência de modelo a ser seguido.

"Para mim, o Bigster é exatamente o carro que podemos colocar na Renault nos mercados internacionais, onde estamos apostando somente nos carros dos segmentos A e B. Agora eu posso ter um SUV B+ e um SUV C compacto que terão uma margem unitária melhor, com uma imagem potencialmente melhor e a habilidade de conquistar novos clientes", analisou Luca.

"Se uma plataforma permite fazer um carro de 3,8 m ou um de 4,5 m, vou escolher o modelo que seja maior e traga maior rentabilidade para nós. Mas é claro que não vamos deixar de participar do segmento de compactos".

'Pior já passou'

De Meo assumiu o comando da empresa em 2020, em meio "ao momento mais intenso de sua história", segundo o próprio executivo.

"Precisei tomar decisões que nenhum líder gostaria de tomar, mas foram necessárias. Agora começo a enxergar uma luz no fim do túnel e possivelmente o pior já passou para nós", declarou.

De acordo com ele, a estimativa é deixar de produzir de 400 a 500 mil veículos no mundo inteiro por conta da crise de semicondutores, o que é "um volume muito grande".

"Apesar de tudo, estou otimista quanto ao resultado no futuro".

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*Viagem a convite da Renault