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Pedreira Opaleira: mulher constrói a própria casa e restaura seus Opalas

O xodó de Geny é o Barão Vermelho, um Especial 1973 de 6 cilindros e 140 cv; há 12 anos, ela trabalha como pedreira no PR Imagem: Arquivo pessoal

Paula Gama

Colaboração para o UOL

24/09/2021 04h00Atualizada em 25/09/2021 13h32

Dois Opalas na garagem e 12 anos de trabalho como pedreira são alguns dos motivos que fazem Geny Opaleira ter mais de 220 mil seguidores nas respectivas redes sociais.

Moradora de Santa Tereza, no Oeste do Paraná, Geny do Carmo utiliza suas contas no Instagram e no Facebook para incentivar outras mulheres a cultivar o amor por carros clássicos e deixar claro que elas podem trabalhar com excelência na construção civil - profissão tradicionalmente dominada por homens.

Nos últimos meses, ela precisou abandonar os eventos de carros antigos por um bom motivo: os finais de semana agora são dedicados a construir a sua casa com as próprias mãos.

Geny tem paixões consideradas pouco comuns entre mulheres. Em entrevista a UOL Carros, ela diz que desde o início conta com o incentivo de dois homens: seu pai e seu marido.

Enjoada da profissão de costureira, Geny se encontrou como pedreira Imagem: Arquivo Pessoal

"A paixão por carros clássicos vem da infância. Meu pai tinha uma picape Ford F-75 1966 e incentivava que eu e meus irmãos participássemos dos cuidados mecânicos. Aquilo despertou uma paixão em mim por carros antigos", conta a Opaleira.

O primeiro sonho foi realizado aos 21 anos, quando comprou o seu primeiro Chevrolet Opala: um Diplomata 1988 preto, apelidado de Tenebroso e equipado com motor 4.1 de seis cilindros, 118 cv de potência e 28 kgfm de torque.

Ela guarda até hoje o carro com carinho na garagem. Depois de alguns anos de trabalho duro, chegou a hora de dar um passo maior:

"Consegui comprar um Especial 1973 4100 [que tem seis cilindros, 140 cv e 29 kgfm de torque], que é o meu xodó e chamo de Barão Vermelho. Meu hobby é dar voltinhas com os Opalas nos fins de semana."

O talento manual de Geny não se restringe à construção civil: ela também restaurou seus carros antigos.

Paixão pela construção civil

A paixão por carros clássicos surgiu na infância, por incentivo do seu pai Imagem: Arquivo pessoal

Enjoada de trabalhar como costureira, há mais de uma década Geny foi trabalhar como servente na construção civil - o marido Daniel, na época, já era pedreiro.

"A empresa estava sem mão de obra, então decidiu contratar mulheres. Meu marido não tinha muita paciência para ensinar o trabalho de pedreiro, mas eu sempre fui muito observadora, perguntava, tirava dúvidas com os colegas. Tinha muito interesse em aprender. Até que, durante o meu horário de almoço, comecei a assentar tijolos. Daniel começou a elogiar o meu trabalho", relembra.

Em um desses dias, Geny conta que foi notada entre 60 trabalhadores pelo mestre de obras, que decidiu contratá-la como aprendiz de pedreira.

"Desde então, passei a fazer todos os tipos de trabalho na obra, da fundação ao acabamento. Há quatro anos, eu e meu marido começamos a trabalhar por conta própria na nossa empresa. Já executamos muitas obras, em vários Estados diferentes", comemora.

O trabalho de pedreira tem sido tão próspero que ela parou temporariamente de ir a eventos de carros clássicos, de que tanto gosta. Por estar com a agenda muito cheia, Geny e Daniel utilizam os fins de semana para construir a casa própria.

"Não vou mais aos eventos, mas divulgo e incentivo muito, faço minha parte como Opaleira".

Maquiagem na obra

Em suas redes, a pedreira dá dicas de como realizar todas as etapas da construção sem usar a força física Imagem: Divulgação

No meio disso tudo, a Opaleira encontra tempo para incentivar outras mulheres. Sempre com uma maquiagem básica e, muitas vezes, com a unha feita, usa as redes sociais para mostrar seus Opalas e o dia a dia na construção, além de dar dicas de como trabalhar de pedreira sem carregar tanto peso, por exemplo.

"Quero mostrar às mulheres que elas fazem o que quiserem! Hoje carrego sacos de cimento sem sofrer com isso, uso a cabeça e a experiência para criar técnicas que não prejudiquem meu corpo. O que um homem faz em dez minutos, eu faço em 13, mas não sinto dores".

O "Tenebroso" é o primogênito, um Diplomata 1988 de 118 cv Imagem: Arquivo Pessoal

Segundo Geny, a exposição na internet tem dado frutos: o número de mulheres na construção de imóveis no bairro onde ela trabalha já aumentou. "Acredito que os homens me vejam trabalhando e incentivem as esposas a participar também. Com isso, cada vez mais mulheres vão se animando. Fico muito feliz em ver isso", finaliza a Pedreira Opaleira.

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