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Adeus, câmbio manual! Por que pedal de embreagem vai sumir em poucos anos

Câmbio manual de veículos está próximo do fim; entenda os motivos desse fenômeno mercadológico - Getty Images
Câmbio manual de veículos está próximo do fim; entenda os motivos desse fenômeno mercadológico Imagem: Getty Images

José Antonio Leme

Do UOL, em São Paulo (SP)

12/09/2021 04h00

Não importam as reclamações dos puristas: seus amados câmbios manuais irão morrer em poucos anos. Além da conveniência e do fato de a transmissão automática ou automatizada conseguir, inclusive, ser mais rápida em carros alta performance, a adoção da eletrificação também vai sacramentar o fim do pedal de embreagem.

Hoje, o câmbio manual representa cerca de 48% do mercado de veículos novos no Brasil, de acordo com Cássio Pagliarini, da Bright Consulting.

"Essa porcentagem está distribuída majoritariamente entre os carros com motor 1.0 aspirado e os dedicados ao trabalho, como pequenas vans", diz.

Os exemplos da morte da transmissão manual estão aí para quem quiser ver: a Volkswagen, por exemplo, acabou de anunciar que deixará de vender veículos manuais, ao menos na Europa, até 2030.

Com algumas variações para mais cedo ou mais tarde, a data para a "morte" do câmbio manual revelada pela VW coincide com o prazo estabelecido por outras marcas, como a Volvo, para oferecer uma gama totalmente elétrica.

Com motores elétricos não há mais motivo nem necessidade de câmbio manual, já que até o gerenciamento da respectiva energia pode até dispensar uma transmissão convencional, inclusive automática, por conta do torque praticamente instantâneo.

Contudo, Pagliarini alerta para o fato de que a eletrificação acelerada não vai chegar a todos os mercados ao mesmo tempo. Ele estima que em 2030 o Brasil terá entre 10% e 15% da frota elétrica.

"O Brasil ainda não tem nem legislação focada nesse sentido da substituição da frota a combustão por modelos 100% elétricos ou um prazo final para a conversão, então aqui, como em outros mercados, ainda devem existir opções manuais por mais tempo", afirma.

Enquanto o Brasil vem fazendo uma transição para o câmbio automático, com o barateamento da tecnologia e o desejo do consumidor pela comodidade que esse tipo de componente oferece, há mercados que ainda têm, por suas particularidades, maioria manual.

Particularidades ainda fazem o câmbio manual reinar

Paulo Roberto Garbossa, da consultoria ADK Automotive, cita como exemplo o mercado do Peru. "Por lá, os consumidores ainda preferem o câmbio manual pela topografia do país e de algumas estradas em que eles precisam transitar. Eles preferem ter o controle sobre as trocas", diz.

Vale reforçar que a cada dia os câmbios automáticos estão melhores e mais bem calibrados para fazerem as trocas de marcha no tempo adequado, levando em conta parâmetros do carro como velocidade, inclinação, peso, dentre outros.

Estados Unidos é reino do câmbio automático

Uma pesquisa da consultoria Edmunds nos Estados Unidos mostra que, em 2020, apenas um em cada oito novos carros vendidos na terra do Tio Sam tinha câmbio manual.

De 327 novos modelos ofertados naquele mercado no ano passado, apenas 41 tinham o câmbio manual como uma opção. Em porcentagem, segundo a pesquisa, isso representou apenas 12,5%. Como comparação, em 2011, esse número era de 37% dos novos modelos.