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Câmbio manual: 5 erros fatais que você comete sem perceber

Muitos motoristas experientes nem percebem, mas estão destruindo o conjunto de câmbio e embreagem devido a erros fatais - Getty Images
Muitos motoristas experientes nem percebem, mas estão destruindo o conjunto de câmbio e embreagem devido a erros fatais Imagem: Getty Images

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

26/06/2021 04h00

Apesar do crescimento da preferência pelo câmbio automático, a transmissão manual ainda equipa a grande maioria dos carros do Brasil, principalmente quando se trata de usados.

Diferentemente dos Estados Unidos, onde há predomínio de veículos automáticos, aqui tradicionalmente as pessoas aprendem a dirigir em automóveis com pedal de embreagem.

Só que muitos motoristas já experientes, com anos de habilitação, comentem erros fatais que diminuem a vida útil de componentes do câmbio manual - principalmente a embreagem, item de desgaste natural que é o mais exigido.

O prazo médio para a troca do conjunto de embreagem é de 60 mil km, mas pode variar para baixo ou para cima, dependendo do modelo de automóvel e, principalmente, do estilo de condução do motorista.

"Muitas pessoas não sabem usar, até motoristas experientes", diz Everton Lopes, engenheiro da SAE Brasil.

De acordo com o especialista, a embreagem é formada basicamente por um conjunto de disco e platô. É por meio do disco que é possível transmitir o torque do motor para as rodas, utilizando atrito.

Quando essas peças pedem substituição, os sinais são evidentes, de acordo com Lopes: pedal muito baixo e/ou duro demais; vibrações ao soltar o pedal; e dificuldade no engate de marchas.

Veja cinco práticas que você deve evitar a qualquer custo em automóveis manuais.

1 - Dirigir com o pé apoiado no pedal

Pé no pedal de embreagem - Almeida Rocha/Folha Imagem - Almeida Rocha/Folha Imagem
Imagem: Almeida Rocha/Folha Imagem

Segundo Lopes, o pedal de embreagem deve ser acionado, até o fim do curso, apenas ao trocar de marcha. O costume de deixar o pé apoiado no pedal, por menos que seja, causa desgaste acentuado de todo o sistema - afirma o engenheiro.

"Mesmo ao pressionar levemente o pedal, não há atrito total entre o disco e o platô. Com isso, o disco 'escorrega', causando um efeito semelhante ao de uma lixa. Isso também força desnecessariamente as molas de pressão do sistema", explica.

2 - 'Segurar' o carro com a embreagem

Dosar os pedais da embreagem e do acelerador em um aclive de forma a manter o veículo parado é uma prática que requer habilidade. No entanto, se você faz isso com frequência, pode ir preparando o bolso.

"Nesse caso, há um escorregamento severo no contato do platô com o disco e isso provoca um desgaste bastante prematuro, reduzindo sensivelmente a vida útil desses componentes", alerta Everton Lopes.

O ideal, recomenda, é usar o freio de mão na subida antes de arrancar com o veículo. "Fazer assim não apenas poupa os componentes da embreagem como traz mais segurança".

3 - Rodar com marcha muito alta

Câmbio manual alavanca - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Tem motorista que faz de tudo para poupar combustível e, sempre que pode, coloca uma marcha mais alta, para reduzir a rotação do motor - acreditando que, assim, vai reduzir o consumo. A questão é que, se a marcha utilizada for incompatível com a velocidade, as rotações ficam baixas demais, forçando - e muito - o sistema de embreagem.

"Essa prática gera um carregamento muito grande no sistema de embreagem, submetido a um torque excessivo sem necessidade. Isso também força a transmissão e o próprio motor, que pode apresentar pré-ignição e sofrer danos. Isso também eleva o consumo, ao contrário do que alguns podem pensar", pontua o especialista.

O ideal, diz, é usar a marcha correta, mantendo os giros entre 2.000 rpm e 3.000 rpm.

4 - Deixar o carro engatado ao parar no semáforo

Carro parado no engarrafamento - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Outro costume danoso é manter o pé no pedal de embreagem, com o motor ligado e o câmbio engrenado, ao parar em um semáforo ou em um congestionamento. Segundo Lopes, se você pisar o pedal até o fundo, disco e platô não serão afetados; porém outros componentes acabam sofrendo com o hábito.

"Fazendo assim, força-se molas, rolamentos e outras peças sem necessidade".

O correto, orienta, é colocar o câmbio em ponto-morto e acionar o freio e só engrenar o veículo quando chegar a hora de se movimentar novamente.

Não por acaso, veículos equipados com câmbio manual e sistema start-stop desligam o motor ao pisar no pedal da embreagem - e o religam ao pressioná-lo novamente.

5 - Rodar com excesso de carga

Porta-malas cheio - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Essa dica vale principalmente para aqueles que dirigem veículos utilitários, como picapes, furgões, vans e caminhões, mas também pode ser aplicada para carros de passeio.

O engenheiro da SAE Brasil orienta a consultar o manual e nunca exceder o limite de carga nele indicado.

"Carga acima do recomendado pela montadora gera excesso de torque no sistema de embreagem, sobretudo ao tirar o veículo da inércia. Peso demais também compromete a suspensão e os pneus".

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