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ANÁLISE

Carro para poucos? Como a Porsche cresceu 30% no Brasil em plena pandemia

José Antonio Leme

Do UOL, em São Paulo (SP)

10/03/2021 04h00

Carros para poucos? Sim, ainda é, mas em um universo que o modelo mais barato beira os R$ 400 mil, a Porsche conseguiu mais uma vez superar as expectativas. A marca de Stuttgart garantiu um crescimento de 32% em 2020 em relação a 2019. Isso representa mais de 2 mil unidades emplacadas em um ano no qual as concessionárias ficaram fechadas por cerca de três meses.

Entre as marcas de luxo é o maior crescimento. A empresa ficou atrás da Rolls-Royce apenas, que cresceu 50% no ano, mas não é uma justa comparação. A diferença é que os 50% de crescimento da marca de luxo inglesa é ter vendido três carros em 2020 contra duas unidades em 2019.

Já no caso da Porsche, ela conseguiu colocar nas ruas 600 unidades a mais. E, enquanto a maioria das marcas se apoia no crescimento dos SUVs dentro da gama para conseguir resultados melhores, na Porsche nem Macan, nem Cayenne foram os responsáveis, mas sim o esportivo 911.

O modelo clássico da marca e que é o mais desejado, somando as versões 911 e 911 Turbo, emplacou 755 unidades em 2020 contra 247 em 2019. Atualmente, o valor de entrada do cupê de dois lugares é de R$ 689 mil. Em um ano de pandemia, crise econômica e indicadores de bolsa de valores em baixa, isso é um feito e tanto.

Vale lembrar que o fator novidade já não estava presente. A atual geração do 911 chegou ao Brasil em março de 2019, ou seja, teve quase um ano completo para conseguir bons números. Inicialmente, o novo 911 era vendido apenas nas versões Carrera S e Carrera 4S.

Pandemia e investimentos em baixa aguçam lado emocional da compra

Um consultor de mercado automotivo reforça outras questões que fogem da análise dos números frios de emplacamentos e são puramente emocionais. "Em tempos normais, de economia mais pujante, o cliente da Porsche que tem esse dinheiro teria investido se não toda, boa parte desse valor".

"Quando a bolsa está em queda, a taxa de juros não propicia bons retornos e o mercado não tem opções com bons retornos, esse cliente acaba colocando o dinheiro no carro que é seu desejo emocional, no caso um Porsche", adiciona. "É como se ele pensasse: já que meu dinheiro não vai render, ao menos vou me divertir", completa.

"A outra questão é que com a pandemia, tudo fechado e o isolamento forçado ao qual as pessoas foram forçadas, esse cliente acaba buscando um "presente" para si mesmo como forma de recompensa e satisfação pessoal", reforça.

Porsche 911 vai de R$ 689 mil a R$ 1.509.000

Hoje a gama do Porsche 911, o carro mais vendido da companhia, é composta de 9 versões. A mais barata, a Carrera, custa R$ 689 mil e tem motor seis cilindros boxer, 3 litros, biturbo, de 385 cv. Depois vem a Carrera S e Carrera S Cabriolet que extraem 450 cv do mesmo propulsor. Os preços são de R$ R$ 839.000 e R$ R$ 889.000, respectivamente.

No próximo nível estão as versões cupê e conversível Carrera 4S, que tem a mesma motorização de 450 cv, mas contam com tração integral, por isso o 4 no nome. O cupê é anunciado por R$ 879.000, já o Cabriolet parte de R$ 929.000.

Na parte de cima da tabela estão as versões com a nomenclatura Turbo, apesar de atualmente todos os motores serem turbo. Aqui o motor passa ser o seis cilindros boxer de 3,8 litros, biturbo. Ele rende 580 cv nas versões Turbo e Turbo Cabrio, cujos preços são de R$ 1.199.000 e R$ 1.249.000, respectivamente.

As versões Turbo S, cupê e cabriolet, lançados em 2020 no Brasil, tem o título de Porsche 911 mais potente já produzido pela companhia na história. O motor é o mesmo do Turbo, mas calibrado para 650 cv. Os preços são de R$ 1.459.000 e R$ 1.509.000, respectivamente.