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Montadoras levantam hospitais e fabricam máscaras na guerra contra covid-19

Divulgação
Imagem: Divulgação

Rodrigo Mora

Colaboração para o UOL

31/03/2020 15h36

A Fiat Chrysler Automóveis entrou para a guerra contra a propagação da Covid-19 no Brasil. A empresa ítalo-americana reforça um time já formado por GM, Renault, PSA e Volkswagen, que, com linhas de produção e parte dos recursos humanos ociosos, tentará minimizar as consequências da crise global do novo coronavírus.

Em Goiana (PE), onde fabrica os Jeeps Renegade e Compass e a picape Fiat Toro, a empresa montará um hospital de campanha.

"O prédio, construído pela FCA para a instalação de uma Unidade Pernambucana de Atenção Especializada (UPAE), está em fase de adequação para abrigar 100 leitos, dos quais três em sala vermelha (para abrigar casos mais graves, que demandem estabilização até o deslocamento para uma UTI) e outros 97 em enfermaria. Além dos leitos, também estão em preparação dez consultórios e uma sala de triagem para o atendimento da população", explicou em comunicado anunciado nesta terça-feira (31).

Previsão de entrega da estrutura é na segunda quinzena de abril. A partir de então, o Governo do Estado de Pernambuco assumirá a operação e manutenção do hospital, que "após a superação da crise da Covid-19 continuará a serviço da população, sob operação do Governo, funcionando como uma UPAE", garante a FCA.

Outro hospital de campanha será erguido no Fiat Clube, em Betim (MG), originalmente um espaço de 1.500 m² dedicado aos colaboradores da empresa. Parte do espaço passa a abrigar 200 leitos instalados pela Prefeitura de Betim, e assim "responderá por mais de um terço das vagas criadas no município para atender aos quadros resultantes da pandemia", calcula a empresa.

A operação desse hospital - que fará diagnóstico, triagem e internação - deve começar já nesta semana.

Respiradores mecânicos

Assim como a General Motors, a FCA também dedicará esforços aos ventiladores pulmonares, utilizados para compensar a insuficiência respiratória dos pacientes em estado grave.

Enquanto a primeira prometeu localizar, levar até uma de suas fábricas, consertar e por fim devolver à ativa respiradores mecânicos inativos (além de emprestar engenheiros e inteligência logística na missão), a segunda anunciou que vai pôr as áreas de Compras, Logística e Engenharia para localizar no mercado global fornecedores de peças e componentes com capacidade de entrega no curto prazo, identificar parceiro estratégico internacional produtor de equipamentos para associação com empresa nacional, tendo como objetivos a transferência de tecnologia e a ampliação da capacidade instalada de produção no Brasil; e identificar fontes de financiamento para investimento de fabricante nacional, a fim de ampliar sua capacidade de produção.

"O Brasil conta com 65.235 ventiladores, sendo 17.837 na rede privada e 47.398 no Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com dados da LifesHub Analytics e da Associação Catarinense de Medicina (ACM). O Governo Federal planeja adquirir mais 15 mil respiradores no curto prazo, mas a capacidade instalada para produção desses equipamentos no País, estimada em cerca de mil unidades por mês, não consegue atender à demanda emergencial em tempo hábil", explica a FCA.

Os respiradores artificiais ainda são alvo de uma força-tarefa encabeçada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, que pretende recuperar 3,6 mil aparelhos inoperantes. Segundo a montadora, quinze técnicos da FCA e outros três da Comau (empresa de automação e serviços do grupo) foram habilitados pelo Senai para reparar cerca de 275 aparelhos quebrados em Pernambuco e Paraíba e outros cerca de 335 em Minas Gerais.

A força-tarefa para recuperar os respiradores também conta, por ora, com Renault e Toyota.

Impressoras a mil

Na última semana, a PSA anunciou que colocaria suas impressoras 3D instaladas na planta de Porto Real (RJ) para confeccionar protetores faciais. E também a Renault, cujas impressoras, segundo a empresa, trabalham 24 horas por dia para abastecer a Secretaria de Saúde de São José dos Pinhais (PR), onde fica sua planta.

Agora, a manufatura deste EPI (equipamento de proteção individual, outro item fundamental aos profissionais da saúde) terá o incremento de 2 mil peças produzidas no Polo Automotivo Fiat, que serão doadas a órgãos de Minas Gerais e Pernambuco.

Outro EPIs, como 615 macacões de segurança, 2,5 mil pares de luvas nitrílicas, 10 protetores faciais, uma autoclave com capacidade de 54 litros para esterilização de materiais e 30 mil máscaras cirúrgicas descartáveis foram doados ao SAMU e à secretaria de saúde pernambucanos. Em Minas Gerais, foram doados 500 macacões e 2,5 mil pares de luvas.

A Volkswagen também fez doações, que totalizaram 2 mil máscaras faciais.

Empréstimos de carros

Na última sexta-feira (27), a Renault entregou dez veículos à Coordenadoria Estadual da Defesa Civil do estado do Paraná em formato de comodato. "Os veículos, dos modelos Captur, Duster, Oroch e Master, serão utilizados em ações de combate ao vírus, por meio do transporte de donativos e insumos, do atendimento às famílias mais necessitadas e do apoio às ações de saúde, educação e segurança", detalhou a empresa.

Já a Volkswagen disponibilizou 100 veículos para as quatro cidades onde mantém suas operações fabris, enquanto a FCA disponibilizou 125 veículos aos poderes públicos de Minas e Pernambuco.

Para o Governo do Estado de São Paulo, a Toyota doou quatro Hilux adaptadas a ambulâncias, além de 30 mil frascos de álcool gel.