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Volkswagen T-Cross PCD tem venda suspensa por excesso de demanda

Thiago Lasco

Do UOL, em São Paulo

20/02/2020 15h36

Já vimos esse filme antes: um SUV de sucesso no mercado ganha uma versão destinada ao público PCD e, tempos depois, ela tem as vendas suspensas pela montadora, em razão do excesso de demanda. A bola da vez é o Volkswagen T-Cross.

A versão Sense foi apresentada em novembro de 2019 e entrou em produção pouco antes do final do ano. Ontem, a VW informou os concessionários de que o lote inicial destinado a ela já se esgotou e a produção foi interrompida. Somente os pedidos que foram feitos até o dia 18 de fevereiro serão atendidos por enquanto. Não há previsão para a retomada das vendas dessa versão.

"O T-Cross Sense tem tido excelente aceitação do público PCD e seu lote inicial de produção se esgotou. Dessa forma, a empresa não está aceitando temporariamente novos pedidos de clientes, até que a produção seja ajustada para atender à alta demanda pelo modelo no mercado brasileiro", disse a Volkswagen em comunicado enviado ao UOL Carros.

A história repete o que já aconteceu com as versões PCD de rivais como Renault Captur, Nissan Kicks e Hyundai Creta. Todos eles já tiveram as vendas suspensas em algum momento diante da demanda elevada.

Na linha de montagem de um determinado modelo, cada montadora distribui sua capacidade de produção entre as diferentes versões por meio de cotas ou lotes; com isso, ela procura organizar a produção da forma mais vantajosa e rentável. Versões mais completas, de maior valor agregado, acabam sendo mais rentáveis para as montadoras que as destinadas ao público PCD, que por isso recebem lotes menores.

O T-Cross Sense chega ao consumidor final por R$ 57.629. Em seu primeiro mês em vendas, fechou janeiro com 380 unidades emplacadas - de acordo com dados fornecidos com exclusividade pela consultoria Jato Brasil.

Enquanto isso, no mesmo período, os emplacamentos das outras versões foram bem maiores: 1.136 unidades para a Highline, 1.060 para a Comfortline (1.060) e 700 para a 200 TSI com câmbio automático (708). Apenas a versão com câmbio manual, que está ali para cumprir tabela, vendeu menos: 55 carros.

A título de comparação, o Nissan Kicks S Direct teve 1.271 carros emplacados, Hyundai Creta Attitude cravou 1.655 e Jeep Renegade 1.8 Auto fechou o mês com 2.089 - para ficar nas versões PCD dos principais concorrentes.

O T-Cross Sense vendeu menos que rivais justamente por conta da produção - além da demora natural pela burocracia para a compra de carro PCD. De acordo com a Volkswagen, a fabricação do modelo começou em dezembro e se estendeu por poucos dias até o recesso de fim de ano. Depois, só foi retomada em 13 de janeiro.

Com isso, os pedidos que vêm sendo enviados pela rede autorizada desde novembro acabaram ficando represados. Vale lembrar que as unidades PCD são faturadas diretamente da fábrica - os carros expostos nos show rooms das concessionárias não são vendidos em pronta entrega.

Em contatos feitos pelo UOL Carros na semana passada, concessionárias informaram que os compradores da versão PCD estavam recebendo um prazo de até três meses até a efetiva entrega do carro.

Versão PCD é bem equipada, mas perdeu alguns mimos

A Volkswagen fez um esforço para que a tabela cheia (antes das isenções) do T-Cross Sense se ajustasse ao teto de R$ 70 mil, que permite o abatimento do IPI e do ICMS para PCD (acima desse valor, apenas o IPI pode ser descontado). E chegou a R$ 69.990, um valor R$ 24,5 mil menor que o da versão 200 TSI automática, na qual a Sense se baseia. Esses R$ 69.990 se transformam em R$ 57.629 após a aplicação das isenções.

O conteúdo do T-Cross Sense inclui seis airbags, controles de estabilidade e de tração, bloqueio eletrônico do diferencial (EDS) e assistente de partida em rampas.

Há ainda computador de bordo, retrovisores elétricos com função tilt-down (direciona a lente do passageiro para baixo quando a ré é engatada), banco do motorista com regulagem de altura, rodas de liga leve de 16 polegadas, faróis de neblina, luzes diurnas de LED, banco do passageiro rebatível, direção elétrica, ar-condicionado, vidros elétricos nas quatro portas, faróis de parábola dupla, chave do tipo canivete, travas elétricas e central multimídia Composition Touch, com tela sensível ao toque de 6,5 polegadas.

Por outro lado, a redução de custos obrigou a VW a cortar alguns itens. Foram retirados o controle de velocidade de cruzeiro, também conhecido como "piloto automático"; suporte para celular com porta USB; sensores de estacionamento traseiros; descansa-braço central com porta-objetos mais saídas do ar-condicionado e duas tomadas USB para o banco traseiro; e cobertura interna do porta-malas.

Todos esses equipamentos vêm de série na configuração 200 TSI automática. A variante para PCD traz o mesmo motor 1.0 turbo flex de 128 cv e 20,4 kgfm, gerenciado pela transmissão automática de seis velocidades.