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Mercedes-AMG A 45: testamos o motor 2.0 mais potente do mundo

Ricardo Ribeiro

Colaboração para UOL Carros, em Madri

30/07/2019 19h01

Os Mercedes-AMG A 45 e CLA 45 também chegaram na linha 2020. As versões esportivas do hatch Classe A e do cupê CLA desembarcam no Brasil só em março no ano que vem, mas o UOL Carros já testou as novidades. Os modelos ganharam uma preparação ainda mais refinada da divisão de carros de alta performance da marca, na mítica fábrica de Affalterbach, na Alemanha.

O principal destaque é o novo motor, o 2.0 quatro cilindros de fabricação em série mais potente do mundo. A AMG conseguiu tirar 421 cv e 51 kgfm de torque do bloco, que tem turbo e injeção direta de combustível. São 40 cv e 2,5 kgfm a mais do que no motor do modelo anterior.

Já na primeira acelerada com o A 45 no circuito Jarama, em Madri, o novo motor impressiona com uma resposta imediata. É perceptível que a curva de torque foi cuidadosamente balanceada pelos engenheiros. Tenha em mente que o hatch tem 1.550 kg e o cupê 1.600 kg.

Completam a sinfonia dessa orquestra afinada uma transmissão de dupla embreagem, que oferece trocar muito ágeis entre as oito velocidades disponíveis, e uma tração integral com "torque control", que distribui o torque de maneira inteligente entre os eixos dianteiro e traseiro.

Isso é possível graças a um novo diferencial do eixo traseiro, com duas embreagens multidisco, uma para cada roda traseira. O sistema trabalha conforme a situação e necessidade do motorista, aumentando aderência e força em pisos irregulares ou situações dinâmicas, além de facilitar o modo drift - escorregar a traseira por pura diversão, mas com mais segurança.

Na prática, além de colar corpos nos bancos em arrancadas, o A 45 e o CLA 45 devoram curvas com dinamismo e precisão. Os modelos têm o mesmo conjunto mecânico, que colabora com motoristas iniciantes, mas também é capaz de atender as demandas dos mais experientes.

Durante o teste, ambos também demonstraram alta estabilidade direcional, com baixo deslocamento da carroceria. Ao volante do cupê, quase não se nota o espaço adicional na traseira, mas o hatch tem um "fun to drive" extra, próprio de modelos menores. O A 45 leva 370 litros no porta-malas, e o CLA 45, 460 litros.

A boa dirigibilidade também é mérito da nova suspensão AMG, McPherson wishbone na dianteira e 4-link na traseira, que conta com elementos de molas específicos e novos amortecedores de frequência seletiva.

Além do teste em pista, rodamos por cerca de 200 km em estradas expressas, vicinais e trechos urbanos nos arredores da capital espanhola. Tanto o A 45 quanto o CLA 45 mantiveram o bom desempenho, sem comprometer o conforto dos passageiros.

Há modos de condução que podem privilegiar economia de combustível, conforto e três níveis de esportividade: Sport e Sport+, para as versões S, o Race. O sistema altera o comportamento de motor, câmbio, direção e suspensão. Um botão no painel também permite regular apenas os amortecedores, para afinar ainda mais a escolha entre conforto ou esportividade.

"Os modelos AMG são carros de rua desenvolvidos para rodar também na pista de corrida", afirmou a UOL Carros Bernd Schneider, piloto cinco vezes campeão de DTM (competição de turismo baseada na Alemanha) e embaixador da AMG.

Versões esportivas do hatch Mercedes-AMG Classe A e do cupê CLA 45 desembarcam no Brasil só em março no ano que vem - Mercedes-Benz/Divulgação - Mercedes-Benz/Divulgação
Imagem: Mercedes-Benz/Divulgação
O que tem o 2.0 mais potente do mundo?

O novo motor, comparado com antecessores e similares da AMG, teve uma rotação de 180 graus em seu desenho. O turbo e o coletor de escape estão na parte traseira e o sistema de admissão fica para a frente. O desenho melhora a aerodinâmica e há um melhor fluxo de gases, com distâncias mais curtas e menos diversões - na admissão e no escape.

O turbo twinscroll (rolo duplo) oferece boa resposta em baixas rotações e alta potência nas faixas superiores de rpm. Há duas passagens de fluxo no sistema da turbina e no coletor de escape, permitindo alimentar o fluxo de exaustão para a turbina separadamente. Com isso, um cilindro não interfere no desempenho do outro, o fluxo de gases é otimizado e há mais torque em baixas rotações.

O eixos do compressor e da turbina ganharam rolamentos dos motores V8 da AMG, que reduzem a fricção mecânica, e a carga de pressão é controlada eletronicamente, para mais precisão e flexibilidade. A injeção de combustível é de dois estágios, o que também eleva a eficiência e reduz tanto o consumo quanto a emissão de gases poluentes.

Mercedes AMG A 45 - Mercedes-Benz/Divulgação - Mercedes-Benz/Divulgação
Imagem: Mercedes-Benz/Divulgação
Revestimento espelhado da F1

Para reduzir o atrito entre os pistões e os cilindros, há um revestimento de Nanoslide, uma tecnologia desenvolvida pela AMG e utilizada na equipe Mercedes de F1. O Nanoslide é uma superfície semelhante a um espelho que tem uma fricção mínima e é duas vezes mais dura do que os revestimentos de ferro fundido cinzento convencionais.

O motor conta ainda com partes em alumínio, que também ajuda no desempenho, e a chamada construção em deque fechado, um desenho que vem das competições e oferece mais rigidez com menor peso. Há válvulas de exaustão maiores, para ciclos de gases mais rápidos, e sistemas mais eficientes de arrefecimento e trocas de ar.

Segundo a Mercedes, o A 45 faz de 0 a 100 km/h em 3,9 segundo, e o CLA 45, em 4s. A velocidade máxima é limitada eletronicamente a 270 km/h. Os freios também são de alta performance: pinças de 6 pontos fixos em disco de 360x36 mm na dianteira e pinças de um ponto flutuante em disco de 330x22 mm na traseira.

Cabine potencializada ronco

Apesar do bom desempenho e das quatro saídas de escape na traseira, não há um ronco encorpado, o que é natural em motores 4 cilindros. No entanto, é algo que se percebe apenas do lado de fora. A fabricante contornou essa característica menos empolgante com um sistema acústico que cria uma sinfonia quase de V6 dentro da cabine.

Por fora, há peças aerodinâmicas e detalhes visuais típicos dos modelos AMG, como a grade Panamericana. O interior também segue a linha esportiva no desenho e no acabamento, além do multimídia com assistente de voz inteligente. Contudo, os equipamentos e acabamentos disponíveis para o Brasil ainda não estão definidos.

A Mercedes confirmou apenas que o mercado brasileiro receberá o A 45 e o CLA 45 unicamente na versão S. A configuração básica, onde o 2.0 entrega 387 cv e há menos equipamentos, não será importada para não concorrer com o A 35. Opção esportiva mais simples, que não é preparada diretamente pela AMG, o A 35 começa a ser vendido no país em outubro.

Os preços serão definidos apenas mais perto do lançamento. Versões AMG giram entorno do dobro do valor das configurações normais e o Classe A atual custa R$ 201,9 mil.

FICHA TÉCNICA

Mercedes-AMG A 45 S
Motor: 2.0, 4 cilindros, turbo, a gasolina
Potência: 421 cv
Torque: 51 kgfm
Câmbio: automático, dupla embreagem, 8 velocidades
Dimensões: 4,44 m (comprimento), 2,72 m (entre-eixos), 1,85 m (largura), 1,41 m (altura)
Porta-malas: 370 litros
Preço: não definido