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Novo Nissan Leaf vai cobrar R$ 50 para "encher o tanque" e rodar 240 km

Nissan Leaf finalmente será vendido nas lojas brasileiras. Quando? No final de julho - Divulgação
Nissan Leaf finalmente será vendido nas lojas brasileiras. Quando? No final de julho
Imagem: Divulgação

Jorge Moraes

Colaboração para o UOL, em Madrid (Espanha)

05/06/2019 07h00

Resumo da notícia

  • 240 quilômetros é autonomia média mais próxima para uso no Brasil
  • Custo é alto na comparação com o de países com programas de incentivo
  • Ainda assim, é competitivo quando temos gasolina custando quase R$ 5
  • Elétrico começa a ser vendido de fato no final de julho
  • Preço é de R$ 178.400

UOL Carros teve, nas ruas de Madri e nas estradas da Espanha, o sentimento de dirigir um carro diferente. Sem ruído, de pegada instantânea -- pisou, ele arrasta. Falamos do Nissan Leaf, 100% elétrico mais vendido no mundo, que promete cobrar R$ 50 para recarregar totalmente suas baterias (do "zero" até o topo da autonomia) no Brasil.

Segundo cálculos da Nissan, esse seria um custo real máximo por "abastecimento" total para a segunda geração do médio elétrico que começa a ser vendido de fato em nosso país agora no final de julho.

Custando R$ 178.400, o novo Nissan Leaf já está em pré-venda desde o Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro último. Segundo a fabricante, pouco mais de 20 unidades foram encomendadas nesse período.

Nissan Leaf teste Espanha traseira - Divulgação  - Divulgação
Visual do novo Leaf ficou muito mais interessante: menos nave espacial, mais hatch médio
Imagem: Divulgação

Em tempos de gasolina a R$ 5...

Esse consumidor que topou o desafio de encarar o novo vai precisar de R$ 50 para carregar o Leaf e rodar por cerca de 240 quilômetros. Ou seja, sai de cena o "abastecimento raiz", tipo parar no posto e colocar combustível em 5 minutos, para entrar o liga na tomada na garagem e, seis horas depois, tá tudo certo.

Esse é o valor médio do custo de abastecimento total do Leaf -- considerando custos reais da eletricidade no Brasil -- apontado pela Nissan. Um modelo mais caro e avançado, como o Jaguar I-Pace, lançado em maio, cobra algo na casa dos R$ 85 para carga máxima.

Chegue no escritório, espete o carro na tomada e ele estará pronto no final do expediente. Carregue em casa ao chegar e, ao acordar na manhã seguinte, tudo estará preparado.

"O Leaf vai mudar a maneira de como as pessoas poderão enxergar um automóvel para o seu cotidiano", declarou Guy Rodríguez, chairman da montadora para a América Latina.

De fato, pensar em tempos de pelo menos 6 horas para uma recarga completa (não falo aqui só ciclo rápido, que pode durar meia-hora, mas não preenche toda a bateria). Mas é preciso uma mudança de hábito. E você vai se acostumar pela liberdade da dependência do posto.

Em tempos de gasolina a R$ 5, talvez até mais a depender da praça e do momento, você gastará o dobro em combustível para rodar os mesmos 240 km... isso se você estiver com um carro eficiente, desses que fazem 12 km/l ou melhor.

Só que poucos, quase nenhum, desses carros tão econômicos entrega o luxo e a tecnologia do Leaf. Falo de Renault Kwid, também de Volkswagen Up ou de um Peugeot 208 1.2... no máximo, um Toyota Prius.

Nissan Leaf teste Espanha posto - Divulgação  - Divulgação
O que vai ter de gente parando no posto de gasolina só para fazer foto...
Imagem: Divulgação

Por quê 240 km?

Grande dúvida ainda é a autonomia real de um elétrico em condições tropicais. Oficialmente, o Nissan Leaf oferece autonomia de 389 km em ciclo urbano, de acordo com os padrões WLTP (europeu). No combinado, seriam 270 km.

No ciclo americano (EPA), a média de autonomia cai a 240 km, prevendo trajetos mais longos e maiores variações. Este e o valor mais adequado para seguirmos em nosso país, aponta a fabricante.

Como é o Leaf 2

Esqueça a primeira geração por inteiro. O novo carro é bonito, jovem e deverá servir qualquer motorista em seu perfil de consumo. Tem estilo desde a frente de faróis em LED ao conjunto de lanternas traseiras. O teto preto dá o tom para o visual mais juvenil assim como a arquitetura atualizada do hatch que é o passaporte, em matéria de estilo, capaz de credenciar o modelo para conquistar o Brasil dos elétricos.

O condutor da energia é a bateria de 40 kW localizado embaixo do assoalho. Para carregá-la o modo plug-in ativado pelos conectores mais rápido e mais lento no bico do capô. Nada estranho e muito fácil, mesmo diferente. O carro terá garantia de três anos, sendo oito anos para as baterias.

Por causa das baterias os bancos dianteiros são mais altos. A regulagem é restrita. Falta o ajuste de profundidade do volante multifuncional, que é achatado na parte inferior. Mas nada de esportividade.

O seletor das marchas se torna fácil de operar depois das primeiras tentativas porque no pomo está o P (para estacionamento) e depois é só movimentar a curta alavanca para engatar o drive ou a marcha ré.

A suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira é outro ponto de destaque na rodada do carro que calça 215/50 no aro 17. Afinada nas nas curvas e o carro não sacode. Vai firme, mesmo que você precise fazer uma parada de emergência.

Com a tecnologia e-Powertrain, o novo Leaf entrega 110 kW (149 cavalos) de potência e 32,6 kgfm de torque, melhorando a aceleração na moral dos 3.300 rpm. A velocidade máxima da ficha técnica indica 144 Km de final e consegui apertar o pé no acelerador e chegar aos 140 fácil.

O grande lance do hatch de 1.557 Kg é a tecnologia e-Pedal, que transforma a maneira como as pessoas dirigem. O sistema permite que o motorista dê a partida, acelere, desacelere e pare, bastando apenas aumentar ou diminuir a força exercida sobre o pedal do acelerador. Soltou o pé ele para e funciona mesmo até com alerta de stop nas lanternas e tudo mais.

Quando nenhuma pressão é exercida sobre o pedal do acelerador, freios regenerativos ou de fricção são acionados automaticamente, permitindo parar totalmente o veículo e mantê-lo imóvel mesmo em ladeiras, até que o pedal do acelerador seja pressionado novamente. O e-Pedal garante um novo e descoberto prazer de dirigir o elétrico, sempre silencioso.

Mas não para por aí porque outro investimento é o Pro-Pilot que pode ser ativado a velocidades de até 100 km/ h. A eletrônica entra em ação sem que você tire as mãos do volante ajustando o controle do piloto automático. Além de manter a distância do carro da frente ele lê as faixas e ainda freia o veículo quando necessário. A assistência de condução semi-autônoma não tem graça porque nesse momento, mesmo sendo uma ligação direta com o futuro, o carro retira um pouco o prazer de dirigir. Prefiro o "fun drive" com o carro na minha mão.

A cabine exibe um painel frontal bem objetivo e destaca a central multimídia com seus comandos. A configuração do novo display colorido de 7 polegadas com tela de película fina (TFT) dá destaque às principais funções. Sobre o som, a grife é Bose, sinal de fidelidade.

Outro dado técnico é o bom porta-malas de 435 litros. Cabe tudo e a proposta da carroceria ainda ajuda.

* Jorge Moraes é jornalista, influenciador digital, jurado do Prêmio UOL Carros e fala sobre tecnologia em automóveis.

Ficha técnica

Nissan Leaf -- Configuração Brasil
Motor: elétrico síncrono, corrente alternada
Bateria: 40 kW
Potência: 149 cv
Torque: 32,6 kgfm
Dimensões: 4,48 m (comprimento), 2,70 m (entre-eixos)
Porta-malas: 435 litros
Preço: R$ 178.400
Garantia: 3 anos para carro, 8 anos para bateria