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Novo Duster será último Renault de origem Dacia; e o Brasil, como fica?

Novo Duster com grade e insígnia da Renault: este será o último modelo Dacia a passar por "plástica" para virar carro francês - Torsten Klinkow/Divulgação
Novo Duster com grade e insígnia da Renault: este será o último modelo Dacia a passar por "plástica" para virar carro francês
Imagem: Torsten Klinkow/Divulgação

Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

29/06/2018 04h00Atualizada em 29/06/2018 15h47

Executivo declarou a jornal francês que marca deixará de aproveitar integralmente projetos da subsidiária romena

Quem nunca ouviu algum entendido da carro reclamar que os modelos da Renault vendidos no Brasil na verdade não são da Renault? "Isso aí é só um Dacia disfarçado", reclamam. Logan, Sandero e Duster são, de fato, veículos originários da marca romena e apenas rebatizados como "Renault", estratégia que rendeu ótimos frutos por aqui e também em outros mercados emergentes.

Mas ela está com os dias contados. Foi o que afirmou Sylvain Coursimault, diretor de marketing da marca francesa para a chamada "linha de acesso global" -- ou seja, o grupo de carros de baixo custo da marca --, em reportagem publicada nesta semana pelo jornal francês "Le Figaro".

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"O [novo] Duster é o último veículo que será comercializado sob as marcas Dacia e Renault em todo o mundo", declarou o executivo, referindo-se à remodelação profunda do SUV, que será lançada no Brasil no segundo semestre de 2019.

É claro que o Brasil será afetado pela decisão. Se o próximo Duster só chega no ano que vem, bem como o facelift de meia-vida de Sandero e Logan -- que terá soluções visuais específicas para nosso mercado, distanciando-se dos homônimos europeus, conforme antecipado pelos parceiros do "Motor 1" --, os produtos lançados a partir de 2020 terão muito menos a ver com a Dacia.

Um exemplo é o projeto LJC, que dará vida a um "SUV-cupê" aos moldes do BMW X4 a partir de 2020. A picape Alaskan também está fora desse grupo, já que faz parte de um projeto triplo que envolve Nissan Frontier e Mercedes-Benz Classe X.

Kwid e Captur são exemplos

Em tempos de internet e ampla propagação do conhecimento, fica mais fácil para qualquer consumidor obter informações sobre origem, qualidades e defeitos do veículo pretendido.

Assim, a decisão foi tomada justamente porque a Renault pretende melhorar a percepção de qualidade de seus produtos em países como o Brasil, comprometida pela associação direta que se faz entre eles e a simpática subsidiária romena. 

Isso não significa que os futuros carros da Renault voltados a mercados como o nosso percam a essência de serem "carros criados para países emergentes". Veja o caso do Kwid: nada tem a ver com a Dacia, mas representa um projeto agressivo da Renault indiana, aproveita elementos da Datsun (marca subsidiária da Nissan voltada também... ao baixo custo).

Outro caminho foi mostrado pelo nosso Captur: possui carroceria inspirada no homônimo europeu e poderia ser classificado como um "Renault" legítimo, só que é construído sobre a plataforma B0 do Duster. O próprio SUV-cupê que chegará ao Brasil em 2020, especula-se, pode ser construído sobre uma evolução da base do Duster.

Ou seja: o aproveitamento de soluções criadas por outras marcas envolvidas na aliança Renault-Nissan e destinadas a mercados menos maduros e exigentes, caso da Datsun e da própria Dacia, continuará existindo. Só não será mais tão escancarado assim.

O que diz a Renault do Brasil

A UOL Carros a assessoria da Renault no Brasil emitiu o seguinte comunicado a respeito da decisão:

A Renault do Brasil afirma que não irá deixar de comercializar os modelos Sandero, Logan e Duster. A declaração do executivo da Renault França afirma que o design das marcas serão ainda mais diferenciados no futuro.