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PCD: Conheça o Toyota Corolla 2018 de R$ 70 mil, que até você pode comprar

Alessandro Reis

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

09/06/2017 04h00

Carro só é vendido por encomenda, leva até 8 meses para chegar, mas custa R$ 22 mil a menos que o "Corolla padrão"

Ele tem rodas de aço de 16 polegadas com calotas no lugar das vistosas rodas de liga leve; o para-choques é simples, sem qualquer iluminação para neblina ou LED; traz bancos revestidos de tecido, não de couro; e tem uma tampa plástica no lugar onde deveria estar o sistema de som. Nem parece, mas estamos falando de um Corolla 2018. E, acredite, esta versão é uma das responsáveis por fazer do sedã da Toyota o carro médio mais vendido do Brasil, disparado. Quer mais? Embora seja voltado à venda direta (frotistas e PCD), qualquer consumidor pode comprá-lo (mas vai ter de esperar bastante para receber).

Estamos falando do Corolla GLi Atutomático Tecido, como é conhecido na linguagem dos concessionários. Ele tem o visual do carro novo, tem câmbio automático CVT e custa iniciais R$ 69.990, mas dificilmente você verá um no destaque das lojas. Mesmo no site oficial da marca é difícil encontrá-lo: é preciso clicar na opção de "vendas diretas" e rolar a tela para baixo (mas a gente dá um atalho aqui).

Quer mais? Como é programado para venda direta, seja a frotistas (empresas, taxistas...), seja a consumidores com deficiência (PCD), pode ficar ainda mais barato na hora de pagar. Pois é, mais barato, não mais caro: se forem incluídos benefícios fiscais concedidos a grupos específicos, pode custar até R$ 54.645 (isenção de ICMS e IPI, por exemplo). Há ainda possibilidades de descontos de IOF e IPVA.

Só para comparar, um Etios Sedan X (o mais barato e básico) com câmbio automático de quatro marchas não sai por menos de R$ 55.690 ao comprador comum. E o Corolla GLi Upper, o primeiro do catálogo "padrão", sai por R$ 91.990. É uma diferença de R$ 22 mil.

+ Isenção não vale só para pessoas com deficiência; assista

Para todos... com paciência

Como é feito apenas venda direta, é preciso encomendar o carro. Com isso, a fila de espera vai de 60 a 90 dias. De acordo com a Toyota, clientes sem deficiência também podem comprar o carro, mas não são a prioridade: nesse caso, o tempo para receber o sedã sobe para até oito meses.

Baseado na versão GLi, esse Corolla traz os mesmos sete airbags, controles de tração e estabilidade. Mas além das calotas e da ausência do som, dispensa ainda rebatimento do banco traseiro, o apoio para braço com porta-copos integrado, bem como o couro no volante e na manopla do câmbio.

No Corolla GLi, o motor é sempre o 1.8 flex Dual VVT-i, de 144 cv de potência e 18,6 kgfm de torque. Nada de 2.0.

Toyota Corolla GLi tecido - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Olha aí o interior mais despojado do Corolla de R$ 69.990: não tem sequer rádio, mas tem ar-condicionado e o volante tem ajustes de altura e profundidade
Imagem: Murilo Góes/UOL

Trunfo na manga

De olho não só no mercado de sedãs médios, mas também no nicho de automóveis para PCD, a Toyota projeta quase 16 mil unidades de Corolla para esse público até o final do ano, de um total de 20 mil veículos dentro do programa como um todo (praticamente todos os carros da marca têm alguma oferta para venda direta).

Para Ricardo Bastos, diretor de relações públicas e governamentais da Toyota, a alta nas vendas para deficientes tem duas explicações, uma delas muito lógica para momentos de baixa na economia:

Com a crise, as pessoas começam a prestar mais atenção no custo-benefício. As pessoas que têm o direito aos benefícios passam a buscar informação."

Nem tudo é automático e fácil, porém. Um dos leitores de UOL Carros avisa que a Justiça de alguns Estados já começa a exigir que a Toyota aumente a exposição dessa versão de R$ 69.990 e de outros modelos com venda direta. Narra "Marola011":

Em Minas Gerais a Receita Estadual não está aceitando essa pagina da Toyota, está exigindo que a montadora coloque na primeira pagina do site que o carro parte de R$ 69.990. Enquanto a montadora não fizer isso, não vai liberar isenção para ninguém."

O segundo, segundo Bastos, é a legislação de concessão das isenções, que tem ficado mais abrangente. "Com base nos pleitos das associações de pessoas com deficiência, pessoas que antes não tinham acesso ao benefício, como deficientes visuais, agora têm", avalia Bastos.

De novo para comparar, de janeiro a maio a marca entregou um total de 23 mil Corolla. E a rival Honda entregou 12.500 Civic. Este ano, só de PCD, a Toyota espera entregar quase o dobro do número de sedãs médios que a Honda em todo o começo do ano.

Entendeu porque essa versão ajuda o Corolla a bombar?