Toledo (EUA) antecipa como será fábrica do Jeep Renegade no Brasil
UOL Carros visitou recentemente a unidade do grupo Fiat-Chrysler em Toledo, no Estado americano de Ohio (cruzando a divisa estadual, o local fica a menos de duas horas do QG do grupo em Detroit, Michigan), complexo que concentra fábricas de utilitários Jeep. Importante para a história da Chrysler nos Estados Unidos, Toledo também começa a criar laços fortes com o Brasil: daqui sai, além do Jeep Wrangler, a nova geração do SUV médio Cherokee, que chegará com seu jeito diferentão ao Brasil em setembro. Além disso, Toledo pode ser considerada "fábrica-irmã" da unidade que a Jeep monta (em conjunto com a Fiat) em Goiana, Pernambuco, e que abrirá sua linha de produção no começo de 2015.
No Brasil, serão produzidos o inédito e fundamental Jeep Renegade, SUV compacto que terá a missão de alavancar a marca em diferentes mercados, além do substituto do Compass (um modelo urbano, portanto) e de uma picape média da Fiat, "convidada" dentro da estrutura.
Conforme UOL Carros antecipou, a fábrica no Brasil terá capacidade de produção estimada em 250 mil carros/ano quando a produção estiver plena. Será ainda a primeira unidade da marca Jeep fora do território norte-americano e por um bom tempo -- o complexo que está sendo erguido na China só fica pronto em 2016.
Goiana será, portanto, fundamental para os planos da Fiat-Chrysler e, mais propriamente, da Jeep. Mas será, sobretudo, uma fábrica com tecnologia fabril de ponta, muito similar à estrutura encontrada em Toledo. É isso o que a visita à unidade americana e também informações recebidas de pessoas ligadas ao grupo nos permitem afirmar: "A fábrica de Pernambuco já nasce como uma das mais modernas do grupo e terá muito do que é visto em Toledo, sobretudo na organização, uso de robôs, laboratórios e tecnologias", relatou uma fonte.
A unidade de Goiana (PE) nasce em janeiro de 2015 com cerca de R$ 5 bilhões investidos. Serão 12 edifícios em 270 mil metros quadrados, com 17 linhas de componentes, segundo a agência italiana Ansa. Além da Jeep/Fiat, estão no projeto Magneti Marelli, a Faurecia, Lear, Adler, Pirelli, Saint-Gobain, Powercoat, Denso, PMC, Tiberina e Brose, que fabricam bancos, ar-condicionado, suspensão e tanques. Números de Goiana (PE)
Como será a fábrica brasileira
O complexo da Chrysler é praticamente uma mini-cidade dentro da cidade de Toledo. Galpões, pátios e outras estruturas se espalham pelo horizonte a perder de vista -- tudo grandioso. São quase 4 milhões de metros quadrados apenas para a área principal, que abriga um total de 4.100 trabalhadores.
Na entrada principal, o estacionamento de funcionários é do tamanho de grandes shopping-centers brasileiros e quem tem carro da Chrysler para mais perto (colados ao portão, porém, apenas os carros para deficientes físicos, independente da marca). Daí para dentro, é possível ver uma escultura gigante com o logo da Jeep, um memorial para os veteranos da 2ª Guerra (numa ligação intrínseca com a Jeep e com esta unidade da qual falaremos abaixo) e, claro, um mastro com a bandeira americana hasteada.
Toledo fabricava bicicletas no nascer do século 20, depois equipamentos industriais, quando, em 1941, o exército americano fez a licitação para a fabricação de um veículo de transporte de tropas robusto. Nascia ali o modelo de uso geral (general purpose, GP, ou, na corruptela da língua, "jeep") da Willys-Overland -- daí o memorial de guerra na porta da fábrica. Na década de 1960, o lugar começou a produzir o utilitário Jeep Grand Wagoner. Mas só seria uma unidade Chrysler de fato em 1987, quando o grupo comprou a fábrica da AMC (American Motors Corporation). O tempo passou, o local passou a produzir Wrangler (agora, com mais de 1 milhão de unidades entregues) e Liberty (o nome americano da antiga geração do Cherokee), a aliança com os alemães da Daimler veio e se desfez, a crise chegou, a marca faliu e quase sumiu em 2008-09. Só não desapareceu por conta do governo e do dinheiro da Fiat.
TUDO LIMPO
Com aporte de meio bilhão de dólares (os US$ 500 milhões começaram a ser investidos na modernização de 2011), a unidade se transformou para fabricar a nova geração do Cherokee e, principalmente, para servir de exemplo: todos na unidade gostam de dizer que a fábrica opera no regime WCM (a certificação da World Class Manufacturing), com redução máxima de desperdícios, reuso de água, reciclagem de detritos e trabalhadores felizes.
Dentro da fábrica, saletas e corredores típicos de repartição pública fazem duvidar da modernidade divulgada. Mas basta pisar no chão de fábrica para passar a crer: na parede, murais e quadros coloridos lembram épocas de glória da marca; o chão liso e brilhante em nada lembra o ambiente repleto de de aço, óleo e aparas que muitos ainda associam a carros. "O chão polido foi a primeira providência tomada em 2011, pois quando todos enxergam o que cai, você evita o desperdício", afirma nosso guia pela linha de produção do Cherokee.
No Brasil, mesmo com mecanização e robotização também em alta, ainda é comum ver operários manuseando macacos hidráulicos para erguer partes mais pesadas ou, por exemplo, transportar e fixar para-brisas. Aqui, nada disso é feito por pessoas. Peças mais delicadas são levadas por máquinas que correm por trilhos magnéticos na área comum de pessoas, como se fossem autoramas. E foi possível ver trabalhadores da área de montagem de painéis sentados em bancos móveis, que são deslocados para dentro das carrocerias -- nada de se torcer para entrar no carro. Não à toa, o total de acidentes foi reduzido a praticamente zero e a meta é entregar 500 mil unidades/ano.
PESQUISA E LEGADO
Mas o grande orgulho da fábrica de Toledo está em outro galpão com chão ainda mais brilhante e paredes brancas. Trata-se do laboratório de metrologia, que usa lasers, sensores, scanners, gruas e braços robóticos de diferentes tamanhos e espessuras para medir visualmente, sonoramente e sensorialmente os projetos.
Antes de ir para a linha de montagem, um protótipo do novo Cherokee saiu de pranchetas e computadores diretamente para esta sala. Aqui, foi medido e testado ao limite para definir se frestas, conexões, encaixes e apoios davam ao carro a rigidez torcional correta. Com o trabalho, a Chrysler afirma que o novo Cherokee é "o Jeep mais moderno, mais seguro e mais bem construído já feito". E garante que o Renegade também será assim.
"O Brasil será o segundo local a contar com este tipo de laboratório", afirma nossa fonte, afirmando que este será outro legado de Toledo para Goiana, além do clima de limpeza e bem-estar dos trabalhadores.
É possível que as fábricas ainda compartilhem componentes: ainda não está prevista a exportação de carros ou componentes do Brasil para a América do Norte, mas o contrário pode ocorrer, já que Toledo produz ainda componentes da coluna de direção e conversores de torque (parte da conexão entre a caixa de câmbio automático e o sistema de tração) para diversas partes do mundo.
Viagem a convite da Chrysler
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