Topo

Ferrari vai usar motores menores para ficar mais verde até 2021

Do UOL, em São Paulo (SP)

24/06/2014 13h06

Os puristas podem torcer o nariz à vontade, mas a Ferrari parece ter tomado a decisão necessária -- e não a mais agradável aos fãs -- para atender às normas anti-poluição de Estados Unidos e Europa e reduzir a emissão de CO2 (dióxido de carbono) de seus esportivos em 20% até 2021. A saída será construir seus próximos supercarros usando apenas motores V8 e V12, mas de menor capacidade volumétrica, contando com turbocompressores e sistemas híbridos para complementar a carga de força.

"Nossa média atual de emissões de CO2 é de 270 gramas por quilômetro e queremos usar toda tecnologia disponível para reduzi-la em 3% ao ano, o que significa uma queda de quase 20% até 2021", afirmou Vittorio Dini, diretor da divisão de motores da fabricante italiana, à agência "Automotive News" europeia.

La Ferrari é apresentada à imprensa durante Salão de Xangai 2013 - Divulgação - Divulgação
Jornalistas observam motor híbrido do La Ferrari em Xangai; futuro está traçado
Imagem: Divulgação

Parte da solução já foi adotada nos últimos lançamentos -- o roadster Ferrari California T (de Turbo) e o supercarro híbrido em edição limitada La Ferrari --, que acabam servindo como laboratório sobre rodas para a marca. De acordo com Dini, todos os futuros motores V8 usarão o turbo como solução, mas o desafio é reduzir ainda mais a cilindrada.

No caso do California, destratado por fãs mais fundamentalistas da marca desde a estreia, o V8 a gasolina de 3,9 litros usa dois turbos para gerar 560 cv de potência e 77 kgfm de torque, com emissão de 250g/km. O roadster anterior usava um V8 aspirado de 4,3 litros, quase 490 cv de potência e 299g/km de CO2 emitido.

Já o super-híbrido La Ferrari se vale de um motor V12 aspirado de 800 cv e outro elétrico, de 163 cv, para conseguir um total de 963 cv e emitir 330g/km. O custo da tecnologia é altíssimo e cada uma das 999 unidades não é avaliada em menos de 1 milhão de euros (pouco mais de R$ 3 milhões). Mas é uma avanço significativo na imagem da marca, já que o predecessor Enzo gerava 670 cv e jogava 545g/km de CO2 no ar.

É sempre bom lembrar: a divisão de pista da marca, que atua na Formula 1 (por exemplo) e sempre serve como parâmetro máximo, se vira com propulsores V6 de 1,6 litro nesta temporada (com adição de turbo e um duplo sistema de recuperação de energias térmica e cinética convertidas em energia elétrica).

Parece um caminho consolidado: o recuou atual já é de 40% desde 2007, quando emitia em média 435 g/km. Ainda assim, os supercarros da marca ainda emitirão mais CO2 daqui a sete anos (200 g/km) do que a média exigida atualmente de modelos de passeio convencionais na Europa, por exemplo. Mas esta é uma vantagem da produção em baixa escala e praticamente artesanal da Ferrari, que entrega cerca de 7 mil carros por ano e conseguiu negociar metas menos drásticas de emissões com as agências ambientais de Europa e EUA.