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Recalls em série não prejudicam vendas da GM nos EUA

Do UOL, em São Paulo (SP)

04/06/2014 12h51

A General Motors admitiu que sabia de detalhes sobre um defeito de seus carros há mais de uma década, defeito esse que comprovadamente causou 30 acidentes e a morte de 13 pessoas nos Estados Unidos. Após a instalação de uma CPI, a montadora anunciou recalls que, no total afetaram, mais de 10 milhões de carros só na América do Norte. Desde janeiro, segundo o Automotive News, foram 24 chamados e multas milionárias pagas ao Departamento de Transportes dos EUA. No entanto, as vendas das marcas da GM nos EUA vão muito bem, obrigado.

Os números de emplacamentos mostram que a empresa (dona de Chevrolet, Buick, Cadillac e GMC) registrou crescimento de 3% no acumulado dos cinco primeiros meses de 2014, na comparação com o mesmo período de 2013.

No mês passado, aliás, a GM teve seu melhor mês de vendas desde agosto de 2008 (mês que precedeu a crise financeira que afetou os EUA e depois o planeta): em maio foram 284.694 modelos da GM emplacados, 12,6% a mais que em maio de 2013, segundo relatório da Nada (National Automobile Dealers Association, a Fenabrave dos EUA). Os sedãs Cruze (médio para nós, compacto para eles) e Impala (grande para nós e médio para eles) foram os destaques da empresa.

Chevrolet Impala 2014 apresentação - Stan Honda/AFP - Stan Honda/AFP
Esta é a atual geração do Impala, sucesso de vendas desde seu lançamento
Imagem: Stan Honda/AFP
Ao autoblog.com, um dos principais sobre carros dos EUA, o chefe da agência de publicidade que gerencia a reputação da GM, Greg Smith, afirmou que a montadora fez muito bem ao criar um conselho de revisão de segurança interna. "Isso soa muito bem, ao menos no papel. Acho que esta é outra razão para as pessoas acreditarem que se trata de uma nova GM, pois ela se comporta como uma empresa contemporânea", disse.

Para Smith, outro fator que influencia no aumento das vendas é o fato de que modelos das marcas Buick, Cadillac e GMC praticamente estarem fora dos recalls. "Os clientes estão comprando picapes da GMC e carros mais caros, como o Impala, e menos modelos de entrada. Esses produtos têm ótima recepção, e o consumidor enxerga isso", diz.

O Chevrolet Cobalt, um dos mais afetados pelo recall da ignição, já não está mais à venda (atenção: esse Cobalt americano não tem nada a ver com o sedã vendido pela Chevrolet no Brasil).

Chevrolet Cobalt Sedan 2005 - Divulgação - Divulgação
Este é o Cobalt envolvido no recall, que nada tem a ver com o brasileiro
Imagem: Divulgação

INDÚSTRIA CRESCEU NOS EUA
Não foi só a GM que vendeu bem em maio. Toda a indústria de automóveis cresceu 11,4% no mês passado, e especialistas já projetam que o setor pode vender até 16,7 milhões de novos veículos nos EUA em 2014 -- o que seria o melhor resultado dos últimos seis anos. A Ford, por exemplo, que também teve de fazer recall no mês passado (cerca de 1,4 milhão de carros), teve seu melhor mês de maio da década.

Paul Nadjarian, proprietário do site de vendas de carros mojomotors.com, disse ao Autoblog que seu site recebeu nos últimos dois anos mais de 35 mil contatos procurando por concessionárias -- e que, neste período, apenas dois clientes fizeram perguntas sobre recall.

Nadjarian disse que os preços dos carros usados da GM, incluindo aqueles que estão envolvidos nos recalls (também de marcas extintas, como Saturn e Pontiac), não mostraram variações significativas ou tendências de queda nos últimos meses.

O valor médio de um Cobalt LT 2010 caiu cerca de US$ 100 desde fevereiro, segundo dados do site. Já o preço de um Malibu 2012 recuou cerca de 5% no mesmo período. "Ajuda o fato de que os clientes têm incentivos agressivos para a compra de um carro novo. E recall não é assunto comum do consumidor tradicional", concluiu Nadjarian.