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Veterana de recalls, GM dos EUA tem chefão de segurança e pode encarar CPI

Claudio Luís de Souza<br>Eugênio Augusto Brito<br>André Deliberato<br>

Do UOL, em São Paulo (SP)

18/03/2014 16h12

Com saldo de quase 3,5 milhões de veículos para reparar, a General Motors decidiu nomear um executivo para cuidar da confiabilidade de todos os veículos fabricados pelo grupo ao redor do mundo. O chefão de segurança foi escolhido pela presidente global da GM, Mary Barra, nesta segunda-feira (18) e terá como missão principal evitar que a empresa enfrente uma nova crise de confiabilidade. 

Acusada por parte da mídia e consumidores americanos de "insensibilidade", a GM pode até enfrentar uma CPI no Congresso americano para apurar se houve "corpo mole" da empresa no trato aos últimos casos de defeitos -- em um deles, envolvendo carros fabricados entre 2003 e 2007, pelo menos 12 pessoas morreram -- o número de vítimas fatais, porém, pode passar de 300.

Não à toa, infelizmente: a gigante automotiva americana esteve envolvida em pelo menos seis dos maiores casos de convocações da história. Em 1973, por exemplo, 3,71 milhões de unidades -- mais do que a soma dos carros envolvidos nos dois recalls mais recentes da montadora -- de modelos das marcas Buick, Chevrolet, Oldsmobile e Pontiac foram chamados para revisão do chassis e caixa de direção.

UOL Carros listou este e outros casos de recalls gigantescos em álbum especial. Sem mistério, os maiores casos envolvem modelos de fabricantes que ocupam, já ocuparam ou querem ocupar a liderança global de venda de carros, como Ford, Toyota e até Volkswagen.

UM POR TODOS
A presidente global da General Motors, Mary Barra, nomeou nesta terça-feira (18) o engenheiro Jeff Boyer como chefe global de segurança veicular da marca. A nova função tem status de vice-presidência e fará parte do conselho global de desenvolvimento de veículos e da cadeia produtiva. Será de responsabilidade do chefe global de segurança desenvolver e validar novos padrões de segurança na produção de carros, bem como monitorar falhas no pós-venda e acionar recalls sempre que necessário.

Boyer passou os últimos 40 anos dentro dos setores de engenharia e segurança da montadora e agora terá a responsabilidade de evitar que a GM enfrente a crise de imagem que atravessa agora: a montadora é acusada de ignorar o bem-estar dos consumidores ao demorar para fazer o recall dos cilindros de ignição.

Ainda que tenha sido instituída um dia depois do anúncio de três recalls simultâneos -- na segunda-feira, cerca de 1,7 milhão de carros foram ligados a problemas de alerta de cintos de segurança, falha de freios com risco de curto-circuito no compartimento do motor ou falha no disparo de airbags letarais -- a noemação de Boyer foi uma resposta a outro recall gigante, o da falha no cilindro de ignição de carros construídos entre 2003 e 2007 na América do Norte.

Este defeito, que também atinge um total de quase 1,7 milhão de veículos, está ligado a pelo menos 12 mortes, ainda que seguradoras afirmem que o número pode passar de 300, e levou mais de dez anos para ser convertido em recall.

Segundo parte da mídia americana, o defeito era conhecido pela marca desde 2001, mas a convocação só foi feita no começo deste ano, após a divulgação das 12 mortes. Com a falha, o miolo da ignição se afrouxava e não sustentava chaves de carros presas a chaveiros pesados, fazendo com que o carro se desligasse em movimento, travando rodas, pedais e sistemas de airbags.

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"MAMÃE" DA GM PODE DEPOR NO CONGRESSO
Após a nomeação do chefe global de segurança, Mary Barra falou pela primeira vez com jornalistas americanos desde o anúncio dos recalls e voltou a pedir desculpas pela demora da montadora em mais de uma década para começar a resolver o caso. A executiva afirmou estar disposta a testemunhar no Congresso americano, se a Casa decidir formar um comitê para analisar o procedimento da empresa.

Barra também disse ter instituido uma comissão interna para apurar o caso dentro da GM e que está investigação pode levar meses. "Nosso objetivo é fazer com que situações assim nunca mais ocorram", afirmou Barra.

Na segunda-feira, a chefona da GM afirmou que "algo havia dado errado" na produção e que se sentia afetada pelo ocorrido "como parte da família GM e como mãe de família".