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Toyota quer esportivo GT86 no Brasil por até R$ 140 mil

Claudio Luís de Souza

Do UOL, em Gamagori (Japão)

25/11/2013 15h38Atualizada em 25/11/2013 19h18

Cupê esportivo deixou de ser assunto de R$ 200 mil ou mais desde a chegada do Peugeot RCZ ao Brasil, em 2011. Hoje, o modelo custa R$ 134.490, dotado de motor THP (1.6 turbo, 165 cavalos, 213 km/h de máxima) assinado pela marca francesa em conjunto com a BMW e visual arrojado e chamativo. Proposta semelhante só é encontrada em modelos como o Audi TT, que parte de R$ 205 mil. De olho nesse abismo de preços, a Toyota quer encaixar seu GT86 numa faixa de valor entre R$ 120 mil e R$ 140 mil.

Apresentado em 2011 e comercializado a partir do ano passado, o modelo foi desenvolvido juntamente com a compatriota Subaru, que responde pelo motor boxer (horizontal, de cilindros contrapostos). Com o emblema estrelado, o GT86 chama-se BRZ (US$ 25.595, cerca de R$ 59 mil na conversão direta). Nos Estados Unidos é vendido pela também Scion, marca jovem da Toyota, sob o nome FR-S (começa por um pouco menos, US$ 25.255).

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    GT86 tem jeitão de superesportivo e custa menos de US$ 26 mil nos EUA (via Subaru e Scion)

Pensado para ser um esportivo divertido e "comprável", sem muitas firulas tecnológicas e de acabamento, o GT86 só seria efetivamente "barato" no Brasil se feito localmente. Importado do Japão, pagará todos os habituais impostos; mas a Toyota -- cujos carros sempre estão entre os mais caros em cada segmento -- acredita que por cerca de R$ 130 mil (para ficar no ponto médio especulado) o cupê pode ser um enorme sucesso no país.

O principal entrave à importação do GT86 é a gasolina brasileira, que tem adição de 25% de etanol. O esportivo japonês é feito para beber o combustível puro. O motor boxer, considerado especialmente sensível aos efeitos da mistura, precisaria de prazo entre seis meses e dois anos, a depender da prioridade, para receber as adaptações de engenharia necessárias.

Ou seja, o melhor prognóstico para sua eventual chegada ao Brasil é o segundo semestre de 2014; o pior, o primeiro de 2016.

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    Motor boxer e tração traseira baixam centro de gravidade num carro que não é colado ao chão

INSTIGANTE
Na semana passada, UOL Carros experimentou o modelo muito rapidamente num autódromo de Gamagori, cidade costeira do Japão próxima de Nagóia. A brevidade do encontro não impediu de perceber o GT86 como um modelo gostoso de dirigir. A cabine coloca o motorista numa posição de dirigir típica dos esportivos, mas que não chega a ser "deitada". O motor boxer de cilindrada média (2 litros, 200 cv, máxima de 233 km/h) produz ruído metálico instigante, a conversa com a transmissão automática (com trocas sequenciais das seis marchas atrás do volante) é rápida e as arrancadas são enérgicas.

O grip nas curvas surpreende, pois a carroceria do GT86 é fisicamente mais elevada que a média dos esportivos (mas o centro de gravidade é baixo devido á combinação de motor "plano" e tração traseira). O resultado é um ousado apetite por pista que não deve impedir o cupê de executar tarefas mais mundanas, como vencer valetas e lombadas urbanas sem impactos no assoalho.

E, claro, o visual do GT86 é marcante (lembra o de superesportivos; certamente vai ter leigo confundindo-o com Ferrari) e torceria pescoços nas ruas brasileiras. Algo que ainda acontece, aliás, com o RCZ, como mostrou vídeo-avaliação do Carsale.

Viagem a convite da Toyota