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Copiloto virtual "tira" motorista do volante para reduzir acidentes

Sistema permite que carro se auto-pilote em situações de stress (trânsito pesado) ou perigo - Divulgação
Sistema permite que carro se auto-pilote em situações de stress (trânsito pesado) ou perigo Imagem: Divulgação

Fernando Calmon

Colunista do UOL

21/10/2013 12h35

Erro humano costuma ser a causa isolada de 80% dos acidentes de trânsito. A distração do motorista tem papel preponderante nestes erros e se tornou um grande problema. Há razões diversas que vão desde sonolência e cansaço até situações de monotonia ao volante, estresse e sobrecarga de informações.

Trata-se de uma dificuldade em nível mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, que dispõe de boas estatísticas, uma média de dez pessoas morrem e mais de 1.100 ficam feridas diariamente em razão de acidentes causados por distrações ao volante, segundo o Ministério dos Transportes do país.

Para combater essa realidade, algumas empresas, como a alemã Continental, testam tecnologia de segurança ativa para avisar sobre os perigos e prover assistência, se necessário. Assim, criou um protótipo focado no motorista e que monitora o seu olhar.

Toda a abordagem nasceu da colaboração entre a empresa e a Universidade Técnica de Darmstadt, perto de Frankfurt (Alemanha), considerada uma das mais importantes da Alemanha. É parte do projeto de pesquisa Proreta 3, voltado a sistemas inovadores de segurança e de assistência avançada ao motorista, a fim de prevenir acidentes ou reduzir suas consequências. 

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    Volkswagen Passat adaptado serve como carro-conceito do projeto e mostra que solução de condução autônoma não depende de modelos tão caros como o Mercedes Classe S

COPILOTO VIRTUAL
Uma câmera de raios infravermelhos, situada na coluna de direção, acompanha o rosto, os olhos e seus movimentos de cabeça. Dessa maneira a eletrônica de bordo consegue detectar se o condutor está cansado, se o olhar está fixado na estrada ou rua em situações críticas já detectadas por outras câmeras, radares e sensores.

Equipar o carro de estudo com uma faixa interna de LED, que administra a atenção do motorista, foi a escolha. Sua aplicação circunda todo o interior do habitáculo por onde alcança a vista. De um lado, se conecta à câmera infravermelha que detecta o grau de distração. De outro, interage com os diversos sistemas que identificam situações críticas: ACC (o controle de cruzeiro adaptativo ou controlador adaptativo de velocidade na sigla em inglês) e assistente contra invasão de faixa de rodagem.

Na prática, o sistema age como copiloto virtual. Se a câmera percebe que o motorista tirou os olhos da estrada ao se aproximar de uma zona ou situação de perigo, a fileira de LED se acende. Tal sinalização pode produzir um rastro de luz fixo ou piscante. Por sua visão periférica o condutor intui que algo está errado e quase instintivamente foca atenção na direção correta. Em função do nível de perigo envolvido, a faixa luminosa pode assumir qualquer cor entre branco, amarelo e vermelho.

O conjunto para atuar de diferentes formas. Se nenhum grau de distração ocorrer ou se riscos externos não forem detectados, as luzes se apagam. Mas o veículo também pode só avisar sobre a falta de atenção, mesmo se as condições no entorno ainda não alcançaram nível crítico.

Se o carro perceber alguma distração, o conjunto pode assumir os comandos (direção, freio e acelerador). Há ainda o uso por escolha do motorista,  em algumas situações de tráfego, a exemplo do para-e-anda em congestionamentos até 30 km/h. Em velocidades maiores, o motorista retoma as ações e a faixa de LED volta a atuar para orientação segura.

Esse novo sistema representará uma grande ajuda para as tecnologias de direção autônoma que surgirão nos próximos anos [N.R.: releia a reportagem "2020, o ano em que um Mercedes deverá andar sozinho" para saber mais sobre o assunto].