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Apple do carro elétrico, Tesla já vende mais que luxuosas nos EUA

Do UOL, em São Paulo (SP)

27/08/2013 17h36

Com dez anos de mercado, a americana Tesla Motors sempre foi acusada por rivais e parte da imprensa de propor uma equação insolúvel, mas parece que a conta estava certa e a montadora superou conterrâneas e europeias do segmento de luxo: Buick e Cadillac (marcas premium da GM); Chrysler e Fiat (no comando da gigante americana, a Fiat foca sua força no desenvolvimento de modelos alternativos, como o 500 elétricos, e com mais status agregado, como os novos Chrysler), Jaguar e Land Rover; Lincoln (da Ford), Audi e Porsche (grifes da Volkswagen), Mitsubishi e Volvo, todas venderam menos que a novata.

Com apenas um modelo à venda, o sedã Model S, a fabricante sediada em Palo Alto abocanhou 12% do mercado de luxo do Estado da Califórnia (Meca americana dos carros elétricos e híbridos) de janeiro a junho. Foram pouco mais de 4.700 unidades vendidas, de acordo com a associação californiana de concessionários (a Fenabrave local). Parece pouco, mas supera toda a entrega da marca em 2012. Este ano, de acordo com a agência Automotive News, a Tesla emplacará 21 mil carros nos Estados Unidos e promete dobrar a carga para 2014 -- segundo os detratores, se suportar a pressão de vender tanto.

De quebra, o valor de mercado da Tesla chegou a US$ 20 bilhões (cerca de R$ 47 bilhões no câmbio atual). Maior montadora americana, a GM vale US$ 49 bilhões, enquanto a Ford lidera a cotação de fabricantes do país, com US$ 65 bilhões.

O "STEVE JOBS" DA TESLA

  • Divulgação

    Elon Musk é um quarentão bilionário. Nascido em 1971, tem fortuna pessoal estimada em US$ 2,7 bilhões pela Forbes. Seu salário anual passa dos US$ 78 milhões, pago pelas empresas que criou, entre as quais Tesla (é presidente e chefe de design), SpaceX (de equipamentos para veículos espaciais) e PayPal (de pagamentos online) se destacam.

    Mesmo apontado como excêntrico por muitos, Musk tem se dado bem em suas principais ações empresariais. Antes do sucesso comercial caseiro, a Tesla já exportava tecnologia para Daimler (alemã dona da Mercedes-Benz e Smart) e Toyota.

    Ainda na área de "transportes alternativos", Musk tem outro projeto polêmico: o sistema Hyperloop promete acelerar uma composição semelhante ao malfadado "Fura-fila" paulistano (tecnicamente, um VLT ou veículo leve sobre trilhos) sobre um campo eletromagnético com velocidade de 1.127 km/h (pouco abaixo da barreira do som) para ligar as cidades de Los Angeles e São Francisco em apenas 30 minutos. O preço da brincadeira: US$ 6 bilhões (alto, mas até sete vezes menor que o custo de trem-bala tradicional).

TUDO PELO STATUS
O segredo da Tesla talvez esteja na atitude. A marca sempre se portou como a Apple dos carros elétricos: promete interface agradável (performance, espaço, luxo e beleza de carro europeu de luxo) quando todas as outras entregam apenas o básico (carros que parecem de brinquedo, mesmo para o padrão brasileiro). E também cobra caro pela experiência.

Os híbridos Toyota Prius e Chevrolet Volt vendem muito mais; o elétrico Nissan Leaf, também. Custam pouco menos de US$ 30 mil, já com o bônus de US$ 7.500 do governo federal, mas são todos hatches compactos (pelo padrão americano, médios para o brasileiro) e com nível de equipamentos apenas mediano. O Tesla Model S, porém, é um sedã do tamanho de Ford Fusion e Honda Accord (dois best sellers daquele mercado) com visual e acabamento de Aston Martin ou Maserati.

UOL Carros viu um de perto no Salão de Genebra, em março: acupezado e com quatro portas, rivaliza com Mercedes-Benz CLS e Audi A7 Sportback. E custa tanto ou mais que estes: nos EUA, pede US$ 63.600 (mais de R$ 150.600, já com o desconto federal) pela versão com bateria de 60 kWh; US$ 73.600 (R$ 175 mil) pela configuração de 85 kWh e US$ 83.600 (quase R$ 200 mil limpos) pela S Performance.

Falando em performance, o Tesla chega aonde nenhum outro elétrico sonha em ir. O Modelo S tem tração traseira e, pelos dados de fábrica, autonomia que varia de 330 (60 kWh) a 430 quilômetros (85 kWh). A versão S Performance coloca ainda 420 cavalos na conta para cumprir o 0-100 km/h em 4,2 s.

Há mimos como o cabo de carga com bocal iluminado, painel futurista e a tela gigante, de 17 polegadas (43 centímetros de altura) dominando o console central. Sem contar os bancos de couro totalmente elétricos, o revestimento bicolor com apliques metálicos e amadeirados e as enormes rodas de 19 polegadas calçadas com pneus Michelin de alta performance. E itens de segurança como oito airbags (além dos básicos frontais, laterais e de cabeça, há proteção para joelho e pélvis dos ocupantes da frente), que garantem cinco estrelas nos testes oficiais.