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Novo Toyota RAV4 começa em R$ 96.900 e antecipa futuro do Corolla

Utilitário urbano da Toyota, em sua quarta geração, adota jeito bicudo que será também o do Corolla - Murilo Góes/UOL
Utilitário urbano da Toyota, em sua quarta geração, adota jeito bicudo que será também o do Corolla Imagem: Murilo Góes/UOL

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Itupeva (SP)

06/05/2013 20h05Atualizada em 07/05/2013 15h20

A Toyota do Brasil apresentou à parte da imprensa especializada, nesta segunda-feira (6), a quarta geração do RAV4, apresentada mundialmente durante o Salão de Los Angeles, em novembro de 2012, e flagrada por UOL Carros há três semanas. O modelo chega às lojas brasileiras em junho, importado do Japão (ou seja, pagando IPI "cheio"). Antes disso, porém, algumas unidades já estarão expostas nos concessionários para atração de potenciais compradores.

Este novo RAV4 chega com mudanças profundas de visual, das quais falaremos mais abaixo, além de duas novas opções de motores a gasolina, outras duas de câmbio, a já existente escolha entre tração 4x2 (dianteira) ou 4x4 e, combinando tudo isso, três pacotes de acabamento. A ficha técnica detalhada pode ser vista aqui. Detalhes e preços vêm abaixo.

Toyota RAV4 2.0 4x2: R$ 96.900
Versão mais básica, tem motor de 2 litros (1.987 cm³) movido unicamente a gasolina da nova família de propulsores da marca japonesa (além do sistema Dual VVTI -- de comando de válvulas com variação do tempo de abertura tanto na admissão, quanto no escape --, alterna o ciclo de mistura de ar e combustível de acordo com a velocidade e a aceleração para reduzir consumo e emissões), 145 cavalos de potência a 6.200 rpm, torque de 19,1 kgfm a 3.600 giros e câmbio CVT (relações variáveis "ao infinito"), que simula sete marchas sequenciais no modo manual. O pacote inclui direção com assistência elétrica, ar condicionado, retrovisores externos elétricos, airbag duplo, freios a disco com ABS (antitravamento), EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem) e BAS (reforço emergencial de frenagem), computador de bordo com sete funções, sistema de som com conexões USB, auxiliar e Bluetooth (para celular), rodas de liga leve de 17 polegadas (com pneus 225/65), molduras e saias laterais de plástico preto, luzes de neblina, sensor traseiro de estacionamento e acabamento dos painéis internos e volante simulando couro.

Toyota RAV4 2.0 4x4: R$ 109.900
Mesmos motor e câmbio, acrescidos da tração 4x4 -- chamada pela Toyota de "Active Torque Control" ou controle ativo de torque, divide igualmente a força entre as rodas dianteiras e traseira no momento da arrancada ou em situações de maior necessidade, retornando à tração dianteira (4x2) assim que esta precisão deixa de existir. Tem ainda bloqueio eletrônico central de diferencial (ao comando de um botão, mantém a tração integral sob demanda até a velocidade de 40 km/h), ar condicionado digital de duas zonas, retrovisor interno eletrocrômico, tela multimídia sensível ao toque de 6 polegadas com câmera de ré, piloto automático (cruise control), painéis e bancos de couro sintético, bancos dianteiros com aquecimento e do motorista com ajustes elétricos de distância e altura (além de ajuste lombar manual), acionamento de portas sem chave e partida por botão, além de airbags adicionais laterais e de cortina.

Toyota RAV4 2.5 4x4: R$ 119.900
Traz motor de 2,5 litros, também a gasolina, 179 cavalos (6.000 rpm), 23,8 kgfm de torque (4.100 rpm), câmbio automático de seis marchas (também com trocas manuais sequenciais na própria alavanca) e complementa o pacote anterior com teto solar elétrico (simples, apenas sobre os bancos dianteiros).

Veja a lista completa de equipamentos de todas as versões neste link.

PRONTO PARA A BRIGA
Segundo expectativa da Toyota, devem ser vendidas 800 unidades do novo RAV4 a cada mês, metade delas da configuração inicial (2.0 4x2) -- do restante, apenas 1/3 deverá ser da versão mais cara (com motor 2.5). Todas terão cinco cores disponíveis -- branco, verde escuro, preto, prata e cinza.

O certo é que a há munição para gastar: a Toyota afirma que espera tornar o novo RAV4 seu carro-chefe entre os modelos importados -- além dos brasileiros Etios e Corolla e das argentinas Hilux e SW4 --, com prioridade total dentro das cotas de importação sobre o sedã grande Camry e o híbrido médio Prius.

Na lista de concorrentes, o principal nome é o do arquirrival Honda CR-V, que agora tem motor flex e obrigará a Toyota a "monitorar o mercado", segundo admitiu um executivo em entrevista a UOL Carros, ainda que a Toyota acredite numa predileção do público deste carro ao uso da gasolina. O espaço dos dois é parelho, assim como o nível de acabamento. A Toyota, porém, inverteu os papéis com a Honda e parece ter o modelo mais arrojado agora, impressão que deve ser acentuada nos próximos anos, com a sequência de lançamentos das duas marcas. A sequência de confronto traz ainda Hyundai ix35, Kia Sportage, Chevrolet Captiva e Volkswagen Tiguan, nesta ordem. Há outro potencial embate com o Mitsubishi ASX, ainda que não articulado pela Toyota.

  • Murilo Góes/UOL

    Traseira do novo RAV4 abandonou o estepe externo e ficou mais urbana

NOVA TOYOTA
Para o restante do mundo, o novo Auris (hatch médio que sempre dividiu componentes com o Corolla europeu) inaugurou o atual estilo visual da Toyota, chamado pela marca de "keen look", ou simplesmente visual arrojado. Esqueça a carinha em "tons pastel" dos atuais modelos da marca, o que vale agora é impressionar ao primeiro olhar.

UOL Carros ouviu de um dos engravatados da fabricante que a Toyota, até então, "ganhava o jogo na qualidade percebida, na sensação de durabilidade, no cuidado interno dos carros, mas que só isso não convence mais o comprador, que precisa ser conquistado de imediato, no primeiro contato, daí a necessidade de uma maior ousadia na aparência". De fato, trata-se de uma reação às linhas fluidas da Hyundai, orgânicas da Kia e à agressividade dos europeus.

No Brasil, é do importado RAV4 a função de inaugurar esta nova fase com suas formas que mesclam traços limpos, amplos até, com vincos fortes, grade frontal que integra o conjunto óptico e termina numa frente bicuda, com o escudo da marca em destaque. Mas a mudança geral será rápida -- o novo RAV4 foi mostrado mundialmente há apenas seis meses e agora já está no Brasil -- e em breve novos modelos devem exibir esta identidade. O mais esperado deles é, claro, o novo Corolla, cuja mudança já está confirmada pela marca. Só falta dizer quando.

Com a mudança de estilo, surge também uma nova noção de carros globais para a Toyota, realmente unificados em todo o mundo. Atualmente, o nome Corolla é global (assim como o nome RAV4, por exemplo), mas o carro tem um perfil nos Estados Unidos (mais jovem, barato e até certo ponto esportivo), outro no Japão, um diferente na Europa e algo próximo disso aqui no Brasil. O próximo, porém, mostrará seu arrojo de forma semelhante em diferentes mercados, segundo os executivos da marca.

Como também haverá um maior compartilhamento de componentes, é de se esperar que motores e, principalmente, câmbios vistos agora neste RAV4 acabem fortalecendo o pacote do futuro sedã -- na atual geração brasileira, o Corolla manual (mais barato) está alinhado aos rivais, com câmbio manual de seis marchas, enquanto o topo de linha perde espaço com seu antiquado câmbio automático. Num futuro breve, espera-se que de antiquado reste apenas o compacto Etios, que chegou uns dez anos atrasado ao mercado brasileiro.

COMO ANDA
Embora a profusão de caixas de câmbio automatizadas e automáticas de até oito marchas tenha reduzido a popularidade do câmbio CVT, este ainda proporciona uma boa experiência de condução, sobretudo em ambiente urbano. Esta é a proposta do RAV4 2.0, testado por UOL Carros ao longo de um trajeto misto de 160 quilômetros (embora com mais trechos rodoviários do que dentro da cidade).

No tráfego travado da cidade, o câmbio CVT dosa bem a oferta de torque e evita ao máximo trancos que seriam irritantes. Na estrada, o arranque acaba sendo mais ruidoso, mas logo reencontra seu ritmo. Como é de se esperar, a viagem segue sempre em velocidade de cruzeiro -- o câmbio CVT não é opção para quem busca movimentação vigorosa, ultrapassagens rápidas, tocada esportiva. Tanto é assim, que a alavanca de câmbio traz a indicação M (de manual) para a posição de trocas feitas por conta do motorista -- no RAV4 2.5, com câmbio automático de seis marchas, esta indicação é substituída pela letra S (de Sport ou esportivo).

Em qualquer um dos pacotes, no entanto, o objetivo segue o mesmo da atual geração: garantir conforto, com muito espaço interno para todos os ocupantes. Há até a tentativa de emular algum luxo, com revestimentos plásticos que imitam couro (ideia inicialmente estranha, mas que melhora a sensação de toque das peças) e fibra de carbono -- na versão mais cara, há uso de couro sintético. Apesar da nova aparelhagem, com direito a entradas USB e conexão Bluetooth, a sensação segue a de se estar num Corolla tradicional, com controles até simples demais, mas sempre em locais intuitivos.

Há por fim, a boa promessa de economia de combustível. A Toyota afirma que todas as configurações do novo RAV4 receberam classificação A do Inmetro em consumo de combustível. Os dados ainda precisam ser publicados (e confirmados) pelo instituto, mas segundo a fabricante o modelo com motor 2.0 e câmbio CVT cravou 9,5 km/l de gasolina em ciclo urbano, passando a 10,9 km/l na estrada; o 2.5 alcançou médias de 8,7 km/l na cidade e novamente 10,9 km/l na estrada. Em ambos os casos, falamos de médias laboratoriais. No test drive com o 2.0, chegamos perto, ao obter do computador de bordo a indicação de 9,9 km/l em ciclo misto.Um vislumbre promissor do futuro da marca.