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Mercedes mostra na China jipinho GLA, que deve ser feito no Brasil

Dieter Zetsche, chefão da Mercedes-Benz, apresenta o SUVinho GLA Concept, baseado no novo Classe A - Eugene Hoshiko/AP
Dieter Zetsche, chefão da Mercedes-Benz, apresenta o SUVinho GLA Concept, baseado no novo Classe A Imagem: Eugene Hoshiko/AP

André Deliberato

Do UOL, em Xangai (China)

20/04/2013 18h53

A Mercedes apresenta no Salão de Xangai 2013 o conceito GLA, que dará origem ao SUV médio-compacto de mesmo nome e que será o terceiro integrante da família A, que já conta com hatch Classe A, recém-lançado no Brasile com o sedã CLA, apresentado antes do Salão de Detroit e que tem sua chegada ao Brasil confirmada para o período entre o final deste ano e o começo de 2014 (apostamos mais no próximo ano).

Ter escolhido o evento chinês para mostra seu novo e "jipinho" faz sentido: assim como o brasileiro, o chinês tornou-se adepto de modelos maiores, como sedãs, SUVs e crossovers.

Por aqui, porém, ter carros maiores, largos e até mais altos que carros comuns faz sentido, uma vez que boa parte dos compradores tem dinheiro sobrando, mas pouca habilidade ao volante, precisando contratar um motorista para guiar o carro, enquanto eles, as compras e boa parte da família vão espalhados nos bancos de passageiros. E quanto mais conceituada a marca, quanto mais tecnologia embarcada, melhor. Daí o sucesso das alemãs e de marcas tradicionais americanas, como Buick e Cadillac.

CLASSE A BOMBADO

  • Divulgação

    Primeiras imagens a surgirem, ainda geradas por computador, mostram GLA como versão anabolizada do hatch Classe A

  • Divulgação

COMO É O SUVINHO ALEMÃO
Quando deixar de ser conceito para ser um modelo real, o GLA será feito sobre a mesma plataforma de Classe A e CLA. O conceito, que deve antecipar quase que totalmente o carro real, como já ocorreu com hatch e sedã, mede 4,38 metros de comprimento, 1,97 m de largura, 1,57 m de altura e 2,69 m de entre-eixos. Apenas a distância entre os eixos é a mesma que a do hatch -- de resto, ele é mais alto, largo e comprido que o dois volumes.

O motor do conceito corresponde ao mais forte e potente disponível para a gama civil da família A (ou seja, desconsiderando a configuração AMG). Trata-se do 4-cilindros de 2 litros com turbo de 1 bar e injeção direta de gasolina, que gera 211 cavalos de potência -- que empurra a variação A250 Sport de hatch e sedã. O gerenciamento é feito pela caixa de câmbio 7G-DCT, automatizada de dupla embreagem e sete marchas, que também equipa seus irmãos. A tração, no entanto, é integral, e não dianteira como nos outros modelos -- apenas hatch e sedã com a grife AMG se valem da tração 4Matic.

Por dentro, o carro apresenta elementos futuristas, algo esperado num conceito, ainda que intimamente ligados aos carros da família A. As saídas de ar têm formato de turbina de avião (como no Classe A, CLA, Classe B e outros modelos da marca até chegar ao superesportivo SLS, o primeiro a se valer deste item), mas aqui surgem ainda com efeitos em 3D, garantido por luzes. O acabamento em dois tons, bancos de couro também com duas cores e painel translúcido completam o pacote visual e táctil. Na versão de produção essas características devem ser substituídas por peças mais... comuns.

A missão do GLA é clara e francamente admitida pela marca: enfrentar o também alemão BMW X1, que atualmente nada de braçada, com pista livre em todo o mundo (Brasil, inclusive). Audi Q3, Range Rover Evoque e similares também são rivais em potencial, mas como nenhum deles incomoda o X1, vão acabar todos fora do radar também do GLA. 

BRASILEIRINHO?
Dieter Zetsche, presidente do conselho de administração da Daimler e chefão da Mercedes-Benz, afirmou a jornalistas (em sua maioria chineses) que, ao menos por enquanto, a marca irá fabricar o carro somente na fábrica de Kecskemet, na Hungria -- a mesma do restante da família A -- para a decepção dos orientais.

Questionado por UOL Carros se havia possibilidade de a fabricante voltar a produzir no Brasil, Zetsche foi direto: "Estamos pensando seriamente nisso". GLA, Classe A e CLA seriam os modelos que a Mercedes construiria no país, para poder se adequar ao novo programa automotivo nacional (Inovar-Auto).

Antes, porém, o GLA deve chegar ao país por importação. A filial brasileira da Mercedes já havia confirmado que o SUVinho desembarca até o final de 2014, com intervalo mínimo de seis meses após a estreia local do sedã CLA (prazo que a marca tem seguido a risca, nos últimos lançamentos, com mínima alteração por demanda de mercado e/ou fatores externos).

Uma eventual parceria com a Renault-Nissan para a fabricação do modelo fora da Hungria, considerada "interessante" pela Mercedes, é uma das maneiras de estes carros serem feitos no Brasil. A marca fala que "nada será definido da noite para o dia", mas precisa agir rápido: BMW Série 1, Série 3 e X1 já estão marcados para virarem nacionais. Audi A3 hatch e sedã também podem ter passaporte brasileiro e naturalidade paranaense num futuro próximo.

  • Eugene Hoshiko/AP

    Imprensa chinesa observa interior do conceito GLA. Estilo esportivo deve ser mantido no "jipinho" de produção, ainda que acabamento seja ligeiramente simplificado.

DE VERDADE EM SETEMBRO
O GLA definitivo deve ser mostrado em setembro, no Salão de Frankfurt. A versão preparada pela AMG chega em seguida, entre o final de 2013 e o começo de 2014.

Além do SUV, a marca mostra em Xangai toda a linha A, B, C, E (com novo visual, que deve agradar ao chineses, e opção de chassis mais longo), G e S. A expectativa sobre a nova geração do Classe S -- que faz bastante sucesso no mercado chinês e poderia ser apresentada por aqui -- não se confirmou. O sedã de alto luxo da marca alemã será mostrado mesmo na Europa, em maio.

Viagem a convite da Chery