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Audi A1, a R$ 89.900, chega para ser o 'Audinho' dos com-grana

<b>A1: pequeno, mas invocado e bom de asfalto, carrinho é porta de entrada para a Audi</b> - André-Larangeira/Divulgação
<b>A1: pequeno, mas invocado e bom de asfalto, carrinho é porta de entrada para a Audi</b> Imagem: André-Larangeira/Divulgação

Claudio de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

12/05/2011 15h47Atualizada em 15/08/2012 13h57

Pouco menos de um ano depois de seu lançamento mundial, chega ao Brasil o Audi A1, menor e mais barato carro da marca alemã. Vendido em versão única e com um pequeno menu de acessórios (teto-solar, som Bose), o carrinho de 3,95 metros tem preço-base de R$ 89.900 -- valor definido já no ano passado, como mostra reportagem de UOL Carros publicada em 2010.

O grande alvo do A1 é o Mini Cooper, carro de imagem da marca hoje pertencente à BMW que moldou a percepção de que tamanho não é luxo. Retrô, encolhido e inspirado num carro baratinho do século passado, o Cooper é um investimento na exclusividade -- o comprador pode escolher combinações de cores e itens externos de decoração, por exemplo. O Audi A1 pega o mesmo caminho, mas não vai muito longe nele. É possível escolher uma cor diferente para o arco do teto do alemãozinho. E só.

O que interessa no A1 é o fato de ele estar R$ 10 mil abaixo da barreira dos R$ 100 mil, e ainda assim ser um carro "premium". O mesmo raciocínio vale para o BMW Série 1 mais barato, e até mesmo para o Mercedes-Benz Classe B -- embora esses carros nada tenham a ver com o pequenino da Audi, são eles os andares de baixo na gama dessas marcas.

Assim como o Cooper, o A1 não pode ser levado a sério como um carro familiar. O entre-eixos de 2,47 metros é até razoável para um modelo desse porte (do tamanho de um Volkswagen Polo), mas o teto baixo e com curva acentuada faz com que eventuais ocupantes adultos do banco traseiro encostem a parte de trás da cabeça no teto -- a nosso ver, um grave risco aos passageiros em caso de acidente. Esses eventuais ocupantes também não disporiam de porta para entrar nem de janela para abrir. Até o acabamento nessa parte do A1 é mais simples.

Ninguém na Audi finge que o A1 é para levar quatro pessoas. No mercado brasileiro pode haver uma distorção, mas originalmente o carrinho é voltado aos jovens europeus urbanos, talvez como primeiro carro da vida. No nosso caso, seria o primeiro carro da vida boa. Para uso fora da cidade ou por mais pessoas, o comprador fisgado pela Audi com o A1 deverá pensar em opções maiores, como o A3 e o A4 -- subindo a escada de tamanho e valor representada pelo numeral de cada modelo. Quem sabe então o A1 possa ficar como segundo carro?

Segundo a Audi, o compacto tem a missão de responder por 40% das vendas totais da marca no Brasil, previstas para 6.500 unidades este ano.

EMBALAGEM ECONÔMICA
Um dos atrativos do A1 é acondicionar numa embalagem tamanho P, mas 100% Audi (confira a "grade-bocão" hexagonal, os faróis expressivos e o uso intensivo de LEDs), um conteúdo de dirigibilidade, conforto e segurança no nível de modelos muito mais caros -- excetuando alguns "downgrades". O ar-condicionado, por exemplo, é de resfriamento simples e analógico. Não há tração integral quattro. Sistemas tecnológicos avançados, como o que acelera e freia o carro autonomamente, não são nem opcionais. O revestimento interno é em tecido e material emborrachado. Mas há uma profusão de airbags (dianteiros, de cabeça etc.), freios com ABS e EBD (antitravamento e distribuição de força) e ESP (controle de estabilidade).

Mais considerações de estilo e conteúdo acompanham as fotos do álbum abaixo:

O A1 traz um interessante propulsor turbo, de apenas 1,4 litro e relativamente modestos 122 cavalos -- mas com excelente torque de 20 kgfm a partir de 1.500 rpm, para empurrar um carro que pesa 1.125 kg. A gerência fica por conta do estupendo câmbio automatizado S-Tronic, de sete velocidades, dupla embreagem e trocas sequencias na alavanca ou em paddle shifts (atrás do volante).

O motor pertence ao grupo Volkswagen, do qual a Audi faz parte, e já equipa uma versão do Polo europeu, com o qual o A1 divide a plataforma. Nada impede que seja usado por outros modelos da Volks. O novo Jetta turbo, por exemplo, é apenas o mais recente carro da gigante alemã a compartilhar um bloco Audi.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Além de levar o A1 à velocidade máxima de 203 km/h, e aos 100 km/h em 8,9 segundos, sempre de acordo com a fabricante, o motor 1.4 TFSI deveria entregar um excepcional consumo de gasolina, de cerca de 15 km/litro na cidade e 21 km/l na estrada. Durante test-drive realizado nesta quarta-feira (10) em estradas da Grande São Paulo, sem preocupação em dosar o pé direito, o carrinho fez apenas 8 km/l. Uma condução mais tranquila certamente obteria melhores resultados, mas daí a percorrer 21 km com cada litro de combustível vai uma grande distância. Literalmente.

A vida a bordo do A1 é mansa para quem passeia a dois. Os itens de conforto e a qualidade do acabamento são suficientes para criar um clima ameno na cabine, e a posição de dirigir e o cockpit passam a sensação de conduzir um carro bem esportivo. Em movimento, percebe-se rapidamente que estamos num Audi: gana nas arrancadas e retomadas, suavidade nas trocas de marcha e direção com ajuste perfeito para a proposta do modelo -- aqui, comunicando as manobras imediatamente do cérebro do motorista às belas rodas 16 do A1.

O Audinho ganha velocidade de forma espantosamente fácil para seu tamanho -- um carro menor sempre "sente" mais a aceleração e a resistência a ela. A carroceria com coeficiente aerodinâmico de 0,32 ajuda a furar o vento, e quando o motorista se toca já está a 170 km/h. Levado de volta aos limites, o A1 acaba mostrando que também sabe ser dócil e silencioso. Afinal, é um carro que precisa ser agradável no trânsito urbano.

Em trechos com curvas mais complexas, o A1 ficou agarrado ao chão e não deixou saudades da tração quattro. Aclives foram galgados em quinta marcha sem mostra de perda de força. Mais tarde, o A1 foi experimentado no kartódromo de Aldeia da Serra, e ali pudemos desligar o controle de estabilidade para provocá-lo ao extremo. O carrinho raramente saiu de um traçado seguro ou se mostrou incontrolável. Diversão com segurança, pois.

A suspensão dos carros disponibilizados para testes pela Audi nos pareceu um pouco mais firme que a dos testados em Berlim, em 2010 -- mas vale observar que na Alemanha o asfalto é muito melhor que o nosso. Houve uma ou outra batida mais seca das rodas em obstáculos, mas nada que não seja compensado pela impressionante estabilidade que o A1 mostrou ao longo do test-drive.

A Audi tem razão quando aposta nesse compacto como seu carro de "volume" e também como chamariz para o restante de sua gama. Para quem, como nós, já dirigiu quase todos os modelos da marca alemã, o A1 não nega sua ascendência. Para quem ele será o primeiro Audi, a vontade de conhecer os demais será consequência natural.