VW Saveiro Trend tenta reaver prestígio perdido, mas custa caro ter uma
A picape Volkswagen Saveiro, apresentada há cerca de dois meses com cobertura de UOL Carros (leia aqui), chegou com o claro objetivo de recuperar o prestígio de outros tempos e as vendas frente às rivais Fiat Strada e Chevrolet Montana.
Com jeito de Gol, mas 'inspirada' nas rivais, nova picape VW Saveiro tem a missão de recuperar prestígio da marca alemã no segmento; o preço do modelo equipado, no entanto, assusta
A Montana, aliás, parece ter sido a grande fonte de inspiração e alvo mais imediato da nova geração do utilitário compacto da montadora alemã. Até a metade da cabine, a nova Saveiro é totalmente Gol, com acertos e falhas, mas dali para trás tem muito em comum com a concorrente produzida pela General Motors. Essa mistura ficou bem clara durante o teste de uma semana que fizemos com a versão de cabine estendida e motor 1.6 de 101/104 cavalos (gasolina/álcool) "enriquecida" com o pacote Trend e mais uma extensa série de kits e módulos extras à moda Volkswagen.
Como já observamos em nossa experiência com o Gol, custa caro ter uma Saveiro de nova geração com bom nível de equipamentos. Ao preço inicial de R$ 33.690, pedidos pela picape com cabine estendida, acrescenta-se R$ 920 para obter o módulo Trend e deixar de ter um veículo "pé-de-boi": recebe-se bagageiro do teto integrado ao spoiler, detalhes cromados, farol de dupla parábola e de longo alcance, console central mais elaborado, mostradores duplos com conta-giros e velocímetro, revestimento de tecido para portas e bancos, além de emblemas Trend, entre outros.
LISTA BÁSICA DE PREÇOS
SAVEIRO 1.6 CABINE SIMPLES | R$ 30.990 (+ Módulo Trend R$ 890) |
SAVEIRO 1.6 CABINE ESTENDIDA | R$ 33.690 (+ Módulo Trend R$ 920) |
SAVEIRO TROOPER 1.6 CABINE SIMPLES | R$ 36.440 |
SAVEIRO TROOPER 1.6 CABINE ESTENDIDA | R$ 38.990 |
O exemplar testado, no entanto, ainda exibia para-choques, corpo dos retrovisores e maçanetas na cor do restante da carroceria, ar/alarme/trio/direção hidráulica, computador de bordo i-System, preparação para som com rádio/CD com MP3 e Bluetooth e antena de teto, volante multifuncional, airbags e freios com ABS, faróis e lanterna de neblina, janela traseira basculante, ajuste de altura e profundidade do volante, capota marítima com suportes horizontais e ganchos na caçamba, luz para caçamba com brake-light, rodas de liga-leve aro 15 com pneus 205-60 R15 90 e sensor de estacionamento.
MOTOR É SEMPRE O 1.6 |
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VEJA MAIS IMAGENS DA SAVEIRO |
Feitas as contas, chega-se ao exorbitante preço final de R$ 48.060 por um exemplar que só difere da versão Trooper topo da gama com todos os opcionais (R$ 48.185) pela ausência de dois adesivos, um na lateral da cabine e outro na tampa traseira. E isso para ter uma picape leve com itens de segurança que em breve serão padrão no país e um nível de conforto interno mais adequado ao uso urbano. Difícil de entender? Nós também achamos.
Ainda assim, não se deve estranhar se, em breve, uma enormidade de picapes da Volkswagen com esta configuração estiverem circulando por aí.
CARRO DE 'BOY'
Pintura reluzente, farol de neblina ou piscas constantemente ligados, suspensão rebaixada e rodas "tala larga". Quem não se lembra de ver um Gol ou uma Saveiro de gerações antigas, com características de fábrica alteradas, circulando por aí? A dupla fazia a alegria do departamento de vendas da Volkswagen, enquanto cada unidade ganhava o apelido informal, mas amplamente difundido, de "carro de boy", agradando a jovens dispostos a gastar um bom dinheiro para deixar seu carro popular mais bem equipado e vistoso.
O tempo passou, o Gol continua sendo o carro mais vendido do país, mas a Saveiro perdeu status (e o poder de atração entre os mais jovens). Mas parece querer recuperar.
A receita agora é outra e vem direto da concorrência. É preciso parecer arrojado, ter múltiplas funções (mas sem ficar com cara de veículo de trabalho) e, importante, nada de raspar o assoalho no chão. Assim, o ideal é passar longe da Ford Courier, com suas feições operárias, e se aproximar mais de Strada e Montana.
Para tanto a nova Saveiro cresceu e encorpou. São 4,49 m de comprimento, 1,70 m de largura e 2,75 m de entre-eixos. Ela também está mais alta, com altura total é de 1,49 m, embora não pareça estar tão distante do solo quanto a Strada (nem tão repleta de penduricalhos plásticos quanto esta).
O espaço interno e o acesso ao habitáculo são superiores aos encontrados no Gol, uma vez que a Saveiro tem portas maiores e com maior ângulo de abertura (até 67º) e a extensão extra da cabine permite que motorista e passageiro, mesmo que mais altos, se acomodem bem e ainda carreguem 300 litros de carga no espaço atrás dos bancos. Vale lembrar, ainda, que o estepe não ocupa espaço neste local, uma vez que foi realojado sob o assoalho da caçamba.
Falando em caçamba, na Saveiro com cabine estendida ela ficou com 734 litros de capacidade de carga e 1,33 m de comprimento ao nível do assoalho, o que não significa que seja ampla. UOL Carros conseguiu acomodar uma bicicleta por ali, ainda assim na diagonal e com a providencial ajuda do step-side (lembra da Montana?). Se precisasse de mais espaço (para carregar uma motocicleta, por exemplo), teríamos de baixar a tampa e infringir a lei, uma vez que ela incorpora a maior parte do para-choque traseiro e o suporte da placa de identificação.
Velocidade máxima é de 179 km/h e 0-100 km/h é feito em 10,5 s, segundo a fábrica
Além disso, a maior altura da borda do compartimento de carga (algo que, novamente lembra a Montana, e poderia ser uma vantagem) prejudica a visão traseira e lateral do motorista, que perde a referência durante manobras e ao circular em meio ao trânsito carregado. Nestes casos, o sensor de estacionamento opcional facilita a vida, ao mesmo tempo em que os retrovisores pequenos (herança do novo Gol) dificultam tudo.
Mesmo assim, a nova Saveiro parece ter passado no teste do "pescoço virado". Em parte pelo fator novidade (mesmo com dois meses de mercado), em parte por seu visual, a picape chamou a atenção de pedestres e de outras motoristas que encontramos em nosso trajeto. Uma dessas pessoas, no entanto, só confirmou nossa suspeita ao dizer: "Uau, ficou bonita! É a nova Montana?"
ANDA (E BEBE) COMO O GOL
A Saveiro, no entanto, não nega o DNA Volkswagen ao pegar o asfalto. A direção é acertada e estável como no novo Gol, sem trepidações excessivas. E, diferente do que ocorre com a Strada, não há torções exageradas em curvas feitas com maior velocidade.
O bom desempenho vem da mecânica que alia suspensão dianteira independente e eixo traseiro com construção interdependente, braços longitudinais e molas helicoidais superprogressivas. Tudo similar ao encontrado no Golf, por exemplo.
No momento de parar, o exemplar testado se mostrou firme e manteve a estabilidade, graças ao ABS "importado" do Polo europeu.
O motor é o já conhecido EA111, de 1,6 litro, que gera até 104 cavalos de potência e até 15,6 kgfm de torque, com álcool. No caminho para o litoral paulista, ele se mostrou valente o bastante para não deixar o motorista em apuros em subidas íngremes de serra e elástico o bastante para encarar ultrapassagens de caminhões sem sustos ou até para ter de ser domado em descidas mais embaladas.
O grande problema, no entanto, vem com o consumo elevado, mais uma vez espelhado no do novo Gol. Com topo de 8,3 km/l, a média na estrada ficou em 7,1 km/l aferidos no computador de bordo. Na cidade, com ar-condicionado ligado, chegamos a atestar o índice de 5,5 km/l. Quem sofre, como no momento da compra, é o bolso.
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