Busca por maior espaço interno marca atual geração de automóveis
Da Auto Press
Os carros cresceram e apareceram, principalmente nos últimos dez anos. Hoje estão em torno de 10 centímetros mais altos que os modelos das décadas de 80 e 90. O Volkswagen Voyage é um bom exemplo dessa tendência atual. O sedã compacto lançado em setembro de 2008 tem 1,46 metro de altura, enquanto o modelo de primeira geração, fabricado entre os anos de 1981 e 1996, tinha 1,36 metro. É um crescimento vertical aparentemente singelo. Só que nos veículos compactos e mesmo em médios, esses centímetros a mais refletem em um ganho de espaço significativo para o conforto dos passageiros.
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Volkswagen Voyage ficou 13 anos longe do mercado, mas ganhou dez centímetros de altura entre a geração anterior e a atual, lançada em 2008
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Hoje, o conceito de verticalização é aplicado em diversos modelos à venda no país. São exemplos os hatches Volkswagen Fox, Renault Sandero e Citroën C3, as minivans Honda Fit, Chevrolet Meriva, Fiat Idea e Nissan Livina. E mesmo crossovers, como o Ford EcoSport. Todos têm a altura elevada como diferencial. São veículos compactos que buscam oferecer um espaço interno mais amplo, efeito obtido também com a verticalização dos bancos. "Isso já vem desde a primeira geração do Fit e do Civic. É o conceito 'máximo para os ocupantes, mínimo para a máquina'. No Civic, o tamanho do cofre do motor foi bem reduzido na último atualização, apesar das dimensões terem sido mantidas", explica Alfredo Guedes, engenheiro da Honda.
Quer dizer, a estrutura do habitáculo define diversas características de um modelo. Entre elas, a posição de dirigir, as regulagens possíveis e mesmo a quantidade de porta-objetos e componentes, que hoje em dia são muitos. Dependendo do segmento, são instalados dutos de ventilação para os bancos traseiros, airbags frontais e laterais, elevadores elétricos paras os vidros nas quatro portas, luzes no teto, entre outros. "A verticalização tem a ver diretamente com a ergonomia. Para transportar mais pessoas confortavelmente em uma mesma superfície, é preciso colocá-las sentadas numa posição mais vertical para ganhar espaço longitudinal", explica o designer Vincent Pedretti, chefe do centro Renault Design América Latina.
Justamente por conta dessa necessidade, os projetos de interior dos carros novos são definidos simultaneamente com o design externo. Os conceitos são criados pelos departamentos de produto a partir do "package", conjunto de ideias que consideram os itens de mecânica, ergonomia e legislações de segurança. Além da instalação dos equipamentos obrigatórios por lei, são especificados público-alvo, mercado, principais concorrentes, características do veículo, como a altura, e, sobretudo, qual será o custo do projeto.
GRANDEZA INTERIOR
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O conceito da verticalização dos veículos surgiu no Brasil em 1984, com o veterano Fiat Uno. Ideia do renomado designer Giorgeto Giugiaro, o modelo oferecia espaço interno capaz de levar até cinco passageiros com razoável conforto. É fabricado até hoje, com o nome de Mille Fire Economy (acima).
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O Honda Fit (acima), fabricado no país desde de 2003, cresceu apenas 1 cm em relação ao modelo anterior. Mas o monovolume compacto já era "altinho", com 1,52 metro, quase 10 cm a mais que os hatches tradicionais. Já no sedã Civic, a altura subiu de 1,41 m para 1,45 m na atual geração.
MÚLTIPLAS PROPOSTAS
A verticalização do habitáculo nos carros compactos e médios é uma tendência recente. Mas a busca por veículos que oferecessem um espaço interno generoso teve início na década de 80. Naquela época, não existia uma variedade de configurações de carroceria. Na verdade, havia basicamente hatches, sedãs, stations-wagon e cupês entre os automóveis. Utilitários mesmo, apenas furgões e vans, como a Volkswagen Kombi, além de jipões, como os Land Rover.
Também não existiam as minivans familiares e os utilitários esportivos compactos e médios de hoje, os chamados crossovers. As duas primeiras minivans só surgiram no fim de 1983 e início de 1984, com as pioneiras Dodge Caravan e Renault Espace, que em pouco tempo se tornaram referência de carros voltados para a família, com grande comercialização.
"Nós buscamos sempre priorizar o interior dos carros. Lógico que existem modelos como a linha Mégane, que visam atender um público mais restrito, que quer um cupê, por exemplo. Mas depois da Scénic, que veio do conceito da Espace, sempre objetivamos o maior tamanho interior", ressalta Vincent Pedretti, chefe do centro Renault Design América Latina.
Já em 1989, a Land Rover apresentou o primeiro Discovery. O modelo, que atualmente está na sua terceira geração, foi um dos primeiros a exibir o conceito de utilitário esportivo urbano, capaz de enfrentar a lama, mas feito para rodar em ruas pavimentadas, com interior requintado e um nível de conforto equivalente ao de carros de passeio. Dessa tendência, surgiram ainda os crossovers modernos. São modelos pensados para as cidades, que tentam reunir todo o conforto e espaço proporcionado pelos utilitários esportivos. E com um design mais esportivo e adequado ao ambiente urbano. (por Diogo de Oliveira)