Alto preço da gasolina obriga motoristas a mudarem seus hábitos

Por María Peña Washington, 29 ago (EFE).- O forte aumento do preço do petróleo começou a afetar os hábitos dos motoristas dos Estados Unidos, mas sem alcançar ainda o impacto das crises dos anos 70.

Não há escassez nem longas filas nos postos de gasolina, mas o aumento nos preços do petróleo está obrigando os americanos a repensarem como, quando e o que vão dirigir, segundo os especialistas.

Por enquanto, a única tragédia nos EUA derivada do aumento nos preços da gasolina foi a morte de um funcionário de um posto no Alabama na semana passada, que foi atropelado quando tentava deter um cliente que fugiu sem pagar.

A Aliança para a Economia de Energia, com sede em Washington, prevê que as famílias americanas gastarão uma média de US$ 2.800 em gasolina este ano.

Segundo o grupo, o consumo de gasolina nos EUA aumentará quase 25% em uma década, enquanto o consumo total de energia subirá cerca de 40% nos próximos 20 anos.

Os EUA importam mais de 56% do petróleo que consomem - mais da metade destinada ao setor de transporte -, e calcula-se que as importações chegarão a 70% nos próximos 20 anos. A dependência do petróleo estrangeiro não diminuirá, segundo os especialistas.

O impacto do aumento nos preços do petróleo poderia ser maior entre os americanos do que entre os europeus, devido ao fato de que, em comparação com a Europa, os impostos têm uma fração menor do preço total da gasolina nos EUA.

Os motoristas, no entanto, não são os únicos a sofrer com este aumento, já que as empresas - principalmente as companhias aéreas e de transporte - tendem a aumentar os preços de seus produtos e serviços para compensar a alta em seus custos de produção.

Os efeitos são percebidos também no aumento das vendas de bicicletas e motocicletas de pequena cilindrada.

Em declarações à EFE, Mike Klasmeier, gerente da loja de bicicletas City Bikes, em Bethesda, Maryland, disse que nos últimos dois meses foi registrado um aumento de 20% nas vendas.

"Acho que muita gente está começando a sentir o impacto da alta nos preços da gasolina no bolso. Isto está dando razões para estacionarem seus carros e subirem em uma bicicleta", disse Klasmeier.

A área metropolitana de Washington está entre as de maior congestão viária nos EUA, segundo dados oficiais, e "as pessoas finalmente começam a ver que é sensato usar a bicicleta", acrescentou.

Segundo Klasmeier, cerca de 40 mil pessoas utilizam a bicicleta como principal meio de transporte para chegar ao trabalho na área de Washington.

Ele também acrescentou que, com um preço médio de US$ 550 por bicicleta, "ela sai mais barato, porque não polui o ambiente e se economiza em manutenção, gasolina e em todo o estresse de dirigir no meio de engarrafamentos".

Algumas empresas também estão recorrendo à criatividade como contrapeso à disparada dos preços da gasolina.

Em Milwaukee, Wisconsin, o proprietário de uma rede de 18 postos de gasolina oferece descontos especiais para os taxistas que comprarem seu produto.

Em Atlanta, Geórgia, uma campanha estatal oferece aos motoristas até US$ 270 à vista durante os próximos três meses se optarem por usar as bicicletas ou incentivarem as "viagens coletivas", ou seja, dividir seu veículo com mais passageiros. E, em San Francisco, Califórnia, as autoridades oferecem serviços de transporte gratuitos para determinados locais de trabalho.

Enquanto isso, as companhias que oferecem serviços de viagens coletivas, como a rede Flexcar em Seattle, Washington, estão apostando cada vez mais na opção de usar veículos híbridos.

Outras empresas, embora em menor número, oferecem a seus funcionários a opção de trabalhar em casa.

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