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O minúsculo Smart se recusa a morrer e aposta na China

Jelle Van Der Wolf/Divulgação
Imagem: Jelle Van Der Wolf/Divulgação

Benedikt Kammel*

30/03/2019 07h00

Resumo da notícia

  • Aposta da Daimler é fazer o Smart elétrico com a chinesa Geely
  • Na união, empresas querem oferecer serviços de carona na China
  • Nos útimos anos, o Smart lutou para definir e ocupar um nicho distinto
  • Smart acumulou cerca de 4 bilhões de euros em perdas

Desde que foi lançado há duas décadas, o minúsculo Smart se colocou desajeitadamente ao lado de imponentes e devoradores de estradas que fizeram da Daimler a rainha das rodovias.

Novos modelos do Smart com designs peculiares surgiam e desapareciam, as estratégias mudavam tanto quanto uma paleta de cores. Uma constante ao longo dos anos: as perdas continuavam se acumulando. Agora a Daimler muda de rumo novamente. A empresa alemã está se unindo a Zhejiang Geely Holding, sua maior acionista, formando uma joint venture para transformar o Smart em uma marca totalmente elétrica, feita na China, o maior mercado automotivo do mundo. A Daimler vai instalar uma fábrica no país e iniciar as vendas mundiais em 2022, deixando de importar o carro agora fabricado na fronteira com a França.

A Daimler lançou o Smart na Alemanha em 1998 e levou para os EUA 10 anos depois, mas a marca nunca atingiu a meta global original de 200 mil entregas por ano. Parte do problema: o Smart lutou para definir e ocupar um nicho distinto. Para um carro urbano, era muito caro; para um veículo familiar, era muito pequeno. A produção relativamente baixa na Europa era muito cara. E havia alternativas como o Fiat 500, o Toyota Aygo ou o BMW Mini, que, embora mais caro, oferecia um pacote mais atraente em design retrô.

Smart - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL
As vendas do Smart caíram em cada um dos últimos quatro meses para cerca de 7.854 carros em fevereiro. Isso é uma fração dos 160.500 carros da Mercedes-Benz vendidos no mesmo período. Resumindo, o Smart acumulou cerca de 4 bilhões de euros em perdas, a Bankhaus Metzler estima. O CEO da Daimler, Dieter Zetsche, sustenta que, considerando os 2,2 milhões de Smart nas ruas do mundo, a marca "representa pioneirismo em mobilidade urbana", segundo um comunicado divulgado na quinta-feira. A principal contribuição do Smart para a Daimler foi ajudar a compensar as emissões de poluentes dos beberrões de gasolina como o sedã Classe S e o esportivo AMG GT.

Há menos de um ano, a Daimler trocou a diretoria do Smart e abandonou totalmente motores a combustão por modelos elétricos a partir de 2020. Agora o Smart está tentando a sorte mais uma vez com um novo impulso, desta vez na China, onde a empresa acredita que também vai introduzir modelos para segmentos de carros maiores.

A Daimler pode contar com a ajuda da Geely para se firmar na Ásia. O presidente da Geely, Li Shu Fu, comprou uma participação de US$ 9 bilhões na Daimler no ano passado e as empresas já uniram forças para começar a oferecer serviços de carona na China para concorrer com a líder de mercado, a Didi Chuxing.

*Com a colaboração de Elisabeth Behrmann e Ying Tian