EUA: nova lei dos combustíveis pode favorecer vendas de carros a diesel

WASHINGTON, 5 jun (AFP) - A nova regulamentação sobre combustíveis nos Estados Unidos, destinada a generalizar o uso dos chamados veículos "limpos", pode permitir também aos construtores do setor automobilístico venderem mais carros a diesel, afirmaram nesta segunda-feira analistas consultados pela AFP.

A nova legislação exige uma forte redução do enxofre contido no diesel utilizado nos veículos. As refinarias devem começar, este mês, a produzir o combustível mais limpo e colocá-lo no mercado até o dia 15 de outubro deste ano.

Além de reduzir as emissões de gases poluentes dos 13 milhões de veículos pesados que circulam pelo país, este novo diesel poderá ajudar os construtores de automóveis a venderem mais suas unidades movidas a este combustível.

Por enquanto, estes modelos não representam mais de 3,6% do mercado automobilístico nos Estados Unidos, segundo o grupo Diesel Technology Fórum. Já na Europa, a metade dos veículos vendidos utiliza o diesel.

Mas o mercado do diesel aumentará nos próximos anos, fundamentalmente por causa da forte majoração dos preços da gasolina. A vantagem econômica do diesel, há tempo uma realidade para os consumidores europeus, começa a se fazer notar nos Estados Unidos.

A chegada de um diesel mais limpo pode melhorar a imagem da marca deste tipo de combustível e passar a ser um fator suplementar, segundo Allen Schaeffer, diretor executivo da Diesel Technology Forum.

"O diesel não tem uma boa imagem perante o público, mas isto está mudando. Os novos motores a diesel não produzem gases visíveis, nem fumaça, não fazem mais barulho do que os motores a gasolina e permitem uma economia de entre 20% e 40% com relação à gasolina", comparou.

Para se adaptar à legislação americana sobre emissões de gases, os motores a diesel estarão equipados com filtros de partículas, mas os construtores ainda devem percorrem um longo caminho, entre outras coisas em matéria de redução de óxidos de nitrogênio.

Segundo David Cole, diretor do Centro de Pesquisas sobre Automóveis da Ann Arbor (Michigan, norte), o aumento de veículos a diesel nos Estados Unidos é possível, mas não é certo.

"Um diesel com baixo teor de enxofre é absolutamente necessário para se adaptar às leis sobre emissões", destaca.

"Mas as normas para os óxidos de nitrogênio são difíceis de cumprir, mesmo com um combustível mais limpo", continua.

Três diferentes tecnologias foram lançadas na indústria automobilística em uma verdadeira corrida pela eficiência: o motor a gasolina, o motor híbrido gasolina-eletricidade e o motor a diesel. No Brasil, podemos citar ainda o carro flex, que pode ser abastecido tanto com gasolina como com álcool.

"O diesel está na corrida. Acredito que veremos tecnologias interessantes pela frente. Todo mundo está trabalhando nisso, mas ainda não há um vencedor", explica.

Os construtores de veículos devem determinar entre outras coisas o preço adicional que os consumidores estão dispostos a pagar para comprar um carro que "bebe pouco" (consome pouco combustível). Assim, um carro a diesel pode custar 3.000 dólares mais caro do que um a gasolina e ser 30% mais econômico para o uso.

As versões híbridas custam entre 4.000 e 6.000 dólares a mais, mas permitem em seguida uma economia de pelo menos 30% em função dos hábitos do motorista ao conduzir o veículo.

"Não acredito que os consumidores tenham problemas em aceitar o diesel", afirma Cole. "A verdadeira questão é econômica", resume o analista.

UOL Cursos Online

Todos os cursos