Crise da GM se agrava com a quebra da Delphi

Por Matthieu Demeestere NOVA YORK, 10 out (AFP) - A decisão de recorrer à lei de falências anunciada sábado pela Delphi, maior fabricante de equipamentos para carro, aumentou a pressão sobre as finanças de sua antiga matriz e principal cliente, a General Motors (GM), já mergulhada numa crise profunda devido aos altos custos da gasolina e à escassez da procura por seus carros utilitários.

"Para a GM, a situação é mais do que problemática", resumiu nesta segunda-feira Diane Swonk, economista da Mesirow Financial, empresa de serviços financeiros de Chicago (norte).

Quando, em 1999, o então departamento Delphi se tornou independente da GM, os sindicatos conseguiram que o construtor continuasse ligado por diversas garantias aos funcionários da Delphi.

Líder mundial do setor automobilístico, a GM divulgou neste fim de semana que o impacto da quebra da Delphi pode chegar a 11 bilhões de dólares.

Em termos de seguro-saúde e gastos com funcionários americanos da Delphi, é provável um financiamento de até seis bilhões de dólares, mas ainda é cedo para avaliar com precisão, acrescentou o construtor.

Os analistas do mercado aguardam a audiência num tribunal de falências marcada para esta terça-feira para tentar descobrir "em que condições serão aplicadas hoje as garantias da GM negociadas em 1999".

Em carta enviada em agosto à GM, o sindicato UAW (United Auto Workers) afirmou que, se até outubro de 2007 a Delphi não conseguir pagar seus funcionários e aposentados, a GM terá de assumir o compromisso e conceder benefícios idênticos.

Como por enquanto é difícil estimar o impacto da quebra da Delphi sobre a tesouraria da GM, sabe-se que a curto prazo há um risco de perturbação nas linhas de produção da GM.

Na realidade, a Delphi é um de seus principais fornecedores de peças, desde freios até equipamentos de som, e o risco de uma greve para protestar contra os sacrifícios que serão repassados aos trabalhadores poderá afetar o fornecimento da GM, comentou a agência de classificação de riscos Fitch.

Com a concordata da Delphi, a Standard and Poor's baixou a nota GM de "BB" para "BB-" nesta segunda-feira.

A GM pode se ver obrigada a rever o anúncio otimista da semana passada, quando confirmou a previsão de produção de 1,3 milhão de veículos na América do Norte no quarto trimestre.

UOL Cursos Online

Todos os cursos